Crise dos refugiados rohingyas: 12 meses em fotos

Agosto de 2017 | Em apenas duas semanas, a partir de 25 de agosto de 2017, ao menos 146 mil rohingyas fugiram para Bangladesh. Eles sairam do estado de Rakhine, em Mianmar, após as “operações de varredura” do exército de Mianmar contra a população rohingya atingirem altos níveis de violência. A onda de refugiados se somou às centenas de milhares de rohingyas que já haviam cruzado a fronteira em anos anteriores. A maioria dos recém-chegados abrigou-se em acampamentos improvisados sem acesso adequado a moradia, alimentos, água limpa ou latrinas.
Setembro de 2017 | Em meados de setembro, as equipes de MSF observaram fluxos de pessoas chegando sem nenhum pertence e extremamente traumatizadas. Muitos recém-chegados tinham necessidades médicas graves, como ferimentos relacionados a violência, ferimentos já infeccionados e complicações obstétricas avançadas.
Outubro de 2017 | Os refugiados rohingyas continuaram fugindo de Mianmar e eram vistos no rio Naf aguardando permissão para continuar sua jornada até Bangladesh. Neste mês, mais de 536 mil refugiados chegaram em um acampamento lotado na região de Cox’s Bazar.
Novembro de 2017 | MSF tratou mais de 62 mil pacientes com infecções no trato respiratório, doenças diarreicas e desnutrição infantil em Cox’s Bazar. As doenças estavam diretamente ligadas às condições de vida precárias e à falta de acesso adequado a água e saneamento. Em apenas três meses, MSF expandiu substancialmente sua capacidade de ação: ampliou de 50 para 70 os leitos em uma clínica já existente em Kutupalong e inaugurou uma segunda ala de internação em Balukhali, além de 15 postos de saúde e duas clínicas móveis para ajudar a responder às necessidades de saúde primária da população.
Dezembro de 2017 | MSF lançou os resultados de uma pesquisa de mortalidade conduzida em campos de refugiados em Bangladesh. A pesquisa estimou que, no primeiro mês de violência, 6.700 rohingyas, incluindo pelo menos 730 crianças com menos de 5 anos, foram assassinados no estado de Rakhine, em Mianmar. De acordo com MSF, essa é uma estimativa conservadora e é provável que o número seja superior a 10 mil.
Janeiro de 2018 | MSF descreveu a situação em Bangladesh como uma emergência aguda com necessidades humanitárias enormes. Dada a densidade populacional e as condições precárias de água e saneamento, o risco de as pessoas adoecerem era alto. Os refugiados rohingyas tinham pouco ou nenhum acesso a cuidados de saúde de rotina, incluindo vacinas, em Mianmar. Em resposta, MSF administrou doses de imunização contra sarampo e rubéola, poliomielite oral, vacina conjugada contra pneumococo (PCV), vacina pentavalente e contra o tétano, de acordo com os protocolos nacionais. MSF também administrou a antitoxina da difteria em resposta a um surto.
Fevereiro de 2018 | Em seis meses, quase 700 mil refugiados rohingyas haviam chegado a Bangladesh. MSF ampliou significativamente suas operações, empregando mais de 2 mil profissionais nacionais e internacionais em campo. Nossos profissionais ouviram pacientes como Humaira, que continuam enfrentando dificuldades desde que saíram de Mianmar. Quando perdeu seu marido, ela decidiu fugir com seu filho de sete anos, apesar de estar em estágio avançado de gravidez. Ela entrou em trabalho de parto durante a viagem e buscou cuidados para sua filha com desnutrição no centro de saúde de MSF em Jamtoli.
Março de 2018 | A crise ainda não acabou: as pessoas ainda fugiam de Mianmar para Bangladesh, temendo por suas vidas e buscando segurança. Algumas centenas de pessoas continuaram chegando a Bangladesh toda semana. Os recém-chegados diziam que se sentiam inseguros, ameaçados e assediados em seus vilarejos. Eles tentavam vender seus bens a todo custo para conseguir vaga em um barco. Subi cruzou a fronteira em 7 de março: “Meu marido foi morto e o marido da minha filha desapareceu. Muitas pessoas foram mortas ou estão perdidas. Espero que tudo isso termine um dia, mas não sei dizer o que o futuro nos reserva. Como muitos outros, fomos obrigados a abandonar nossos vilarejos, nossas casas, nossa terra, nossos animais... Sinto-me exausta e incapaz de andar. Eu não como há três dias. É muito difícil.”
Abril de 2018 | MSF abriu um novo hospital no centro de um grande acampamento no dia 14 de abril. Apelidado de “hospital na colina”, a instalação tem capacidade para internação de 100 pacientes. Além dessa, MSF já mantinha quatro outras instalações que oferecem serviços 24 horas: Kutupalong, Balukhali, hospital Goyalmara e o centro de resposta a surtos Rubber Garden.
Maio de 2018 | MSF tratou 377 sobreviventes de violência sexual e baseada em gênero entre 25 de agosto e 30 de abril, com idades entre 9 e 50 anos. No entanto, é impossível determinar o número real de sobreviventes de violência de gênero. Profissionais de MSF atenderam sobreviventes que foram encaminhados para receber tratamento para traumas. Promotores de saúde locais visitaram pessoas que vivam em acampamentos, informando-as sobre serviços gratuitos disponíveis, incluindo tratamento para violência sexual. MSF ofereceu cuidados de saúde abrangentes, incluindo aconselhamento de saúde mental.
Junho de 2018 | A estação chuvosa aumentou o risco de deslizamentos e a propagação de doenças, além de impedir o acesso a cuidados de saúde. A inundação pode se infiltrar nas latrinas e aumentar a chance de contaminação por doenças transmitidas pela água. Além da resposta médica, melhorar as condições de água e o saneamento foi e ainda é uma parte importante do trabalho de MSF para prevenir a disseminação de doenças. Até junho, MSF havia removido 438 latrinas cheias ou transbordando e construiu mais de 1.050 latrinas. As equipes perfuraram dez poços profundos para fornecer água limpa para instalações de saúde de MSF e redes de tubulação que alcançam entre 5 e 30 mil pessoas cada. Outros 296 poços de tubos foram perfurados e bombas manuais foram mantidas para fornecer água limpa aos refugiados em locais onde a topografia não permitia a construção dessa rede.
Julho de 2018 | MSF continuou a intensificar suas atividades, agora focando em cuidados de saúde materno-infantil. Apenas uma minoria de nascimentos ocorre em uma unidade de saúde, enquanto os partos domiciliares geralmente acontecem em condições inseguras e anti-higiênicas. Na foto, Kate Edmonds, obstetriz australiana, atende Fátima e seu filho recém-nascido no Hospital Balukhali.
Agosto de 2018 | A crise completou um ano. Mais de 706 mil refugiados rohingyas fugiram para o país vizinho Bangladesh, elevando o número total de rohingyas que já viviam no distrito de Cox's Bazar para mais de 919 mil. Eles permanecem sem um local seguro de reassentamento. No ano passado, MSF realizou mais de 656.200 consultas, equivalentes a mais de dois terços dos refugiados rohingyas, em 19 centros de saúde ou clínicas móveis.

Faz um ano desde que mais de 700 mil refugiados rohingyas foram forçados a fugir de Mianmar para Bangladesh. Médicos Sem Fronteiras (MSF) faz uma retrospectiva dessa crise em fotos.
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Paciente de 8 anos em clínica móvel da MSF em Ambatomena, Madagascar.
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