Ilustrações: combatendo a TB

Desde 2006, MSF administra um centro de tratamento antirretroviral (ART) para pessoas com HIV/Aids na região de Khar, em Mumbai. Ali são oferecidos serviços psicossociais e cuidados médicos para um grupo restrito de pacientes com HIV, com atenção especial dedicada a pessoas coinfectadas com a tuberculose multirresistente (MDR-TB). No início de março, o ilustrador George Butler () visitou o projeto. As histórias e imagens reproduzidas pelo artista nesta galeria dedicada ao Dia Mundial da Tuberculose (24/03) são resultado dessa visita.

Rhais, 41, vive com sua mãe e 7 familiares em um pequeno cômodo de uma favela de Mumbai. Ex-motorista de riquixá - espécie de bicicleta-táxi – e viciado em heroína, Rhais é portador de HIV e tem tuberculose ultrarresistente. “Minha mãe tem cuidado de mim durante este processo. Ela é minha mãe; jamais me colocaria para fora”, afirma. “Houve períodos em que minha família não se alimentava para que eu pudesse comer. Nunca entro na casa. Mesmo quando chove ou está frio, fico do lado de fora e durmo ali. É por isso que ninguém da minha família foi infectado.”

Tratar pacientes coinfectados com HIV e tuberculose resistente a medicamentos é um enorme desafio. “A equipe médica decide qual medicamento dar e como lidar com os efeitos colaterais; a equipe psicossocial tem de manter os pacientes em tratamento; e o paciente tem de tomar uma injeção bastante dolorosa por dia. Nós sabemos – e os pacientes sabem – que esse medicamento vai causar efeitos colaterais, mas, simplesmente, não há outra alternativa”, diz o Dr. Samsuddin Khan, do projeto de MSF e Mumbai.

O Dr. Bhavesh Somalia monitora o dia a dia do tratamento de um dos pacientes de MSF em sua clínica de uma sala, na parte alta de uma favela de Mumbai, com o apoio de uma equipe móvel de MSF. “O paciente vem até mim todos os dias pela manhã. Estou dando-lhe medicamentos e uma injeção diária. Tenho de observar se ele está apresentando complicações e quais são suas reclamações. Ele pode me consultar, fazer perguntas, e eu posso ajudar a esclarecer suas dúvidas”, disse o Dr. Somalia.

Hussein está no hospital de Sewree, em Mumbai, há três meses, aguardando uma cirurgia para retirar um de seus pulmões, que entrou em colapso por conta da tuberculose. Sewree é um dos maiores hospitais administrados pelo governo na Índia. Hussein espera que, em algumas semanas, ele esteja bem o suficiente para voltar para casa. A equipe de MSF refere pacientes com complicações ou graves efeitos colaterais ao hospital e oferece suporte para controlar infecções, evitando que os pacientes transmitam a doença para outras pessoas na ala.

“Esta imagem é do mesmo hospital. Você pode ver que há um tubo saindo do peito do paciente, que, de tempos em tempos, faz bolhas no saco que está embaixo dele. Uma das coisas que me impressionaram foi a magreza dessas pessoas. Por conta da doença, as áreas que não estão cobertas por roupas realmente se destacam e você tem de se concentrar para reproduzi-las, magras como são”, conta o ilustrador George Butler.