Chade

Lago Chade: assistindo refugiados e deslocados internos que fogem da violência do Boko Haram

Fotos21 Maio, 2015Tempo de leitura: 1 minutos

Desde os ataques do Boko Haram na cidade de Baga Sola, no nordeste da Nigéria, em janeiro deste ano, mais de 18 mil refugiados buscaram segurança no Chade, na região do Lago Chade. Fugindo da violência extrema, essas pessoas chegaram a uma região remota e árida do Chade, onde as condições de vida são extremamente difíceis e a insegurança ainda é parte da realidade diária. MSF está no local prestando assistência a essas pessoas.

Refugiados nigerianos no acampamento de Dar Es-Salaam, em Baga Sola, no Chade.

O campo de refugiados de Dar es Salaam fica a 12 km de Baga Sola, no Chade.

Cerca de 5 mil refugiados nigerianos estão vivendo no campo de Dar Es Salaam. Outros buscaram abrigo com famílias locais em diversos vilarejos pela região do Lago.

O próprio Chade não foi poupado. Um ataque do Boko Haram em fevereiro deste ano, na cidade de Ngouboua, e as ameaças, que continuam acontecendo até hoje, levaram milhares de pessoas a deixarem suas casas. Estima-se que cerca de 13 mil chadianos estejam deslocados pela região.

A organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) começou a responder à situação em março. Atualmente, MSF opera clínicas móveis em Forkouloum, um dos vilarejos da região. As equipes da organização também distribuíram itens de primeira necessidade, como utensílios de higiene, abrigo e kits para cloração da água em Ngouboua e também em Baga Sola e Forkouloum.

MSF conduz consultas voltadas para saúde mental no campo de refugiados de Dar Es Salaam. O suporte psicológico tem sido um componente essencial da resposta de MSF a essa crise. Muitos refugiados vivenciaram ansiedade ou sintomas de depressão diretamente associados à violência que testemunharam ou experienciaram. A maioria dos pacientes atendidos são da região de Baga, na Nigéria. Na foto, uma psicóloga de MSF conversa com a associação de mulheres refugiadas do acampamento de Dar Es Salaam.

Hadza El-Hagizegri é, agora, mãe de sete filhos. Quando ela estava no quinto mês de gestação, fugiu de seu vilarejo próximo de Baga, na Nigéria, depois do ataque do Boko Haram, em janeiro. “Eu e minha família ficamos em um barco por quatro dias para cruzar o lago e chegar ao Chade. Tive meu filho debaixo de uma tenda no campo de refugiados, com a ajuda de outras mulheres refugiadas. Agora, temo pelo futuro, porque não recebemos alimentos há cinco dias.”

O Lago Chade é a região mais pobre do país, onde a cobertura vacinal é baixa e o risco de epidemias é alto. Qualquer influxo de pessoas nos próximos meses pode exacerbar o já frágil sistema de saúde. MSF está realizando cerca de 850 consultas médicas por semana, principalmente por conta de diarreia e infecções respiratórias. Muitos dos pacientes são chadianos, que tiveram de se deslocar por conta da violência, como Yakah Mamadou, de 46 anos, que participa de uma consulta na clínica móvel de MSF em Forkouloum.

Yakah Mamadou é de Ngouboua, cidade que foi atacada pelo Boko Haram em fevereiro. “O vilarejo foi incendiado e as pessoas foram mortas. Decidi fugir para ficar com a família de minha filha em Forkouloum. Aqui, a situação de segurança é melhor.” A visita da clínica móvel de MSF ao vilarejo é a única maneira de Yakah receber cuidados de saúde.