Semana da Mulher MSF: saúde reprodutiva de adolescentes

Enfermeira de MSF oferece informações sobre planejamento familiar e cuidados de saúde reprodutiva para jovens mães que foram buscar tratamento em uma clínica móvel da organização na Índia.

Uma mãe de 20 anos que teve o seu segundo filho recebe assistência. “Meu primeiro parto uma cesárea, no hospital de MSF. Minha bolsa estourou antes do esperado, e eu fiquei com muito medo porque estava muito cedo. Fui até o centro de saúde mais próximo em Gitaza. Ficava a uma hora e meia de distância. Uma ambulância de MSF veio me buscar. O centro de saúde chamou a organização porque disseram que não tinham condições de ajudar o bebê. Se MSF não estivesse aqui, eu poderia ter morrido, e meu bebê também.”

Pacientes com fístulas obstétricas - ruptura no canal vaginal que causa incontinência e leva à exclusão social de milhares de mulheres - esperam por uma consulta em acampamento de Médicos Sem Fronteiras em Boguila, na República Centro-Africana. As fístulas podem ser ocasionadas por violência sexual ou trabalho de parto obstruído e prolongado, problema frequente enfrentado por adolescentes grávidas, devido à sua falta de desenvolvimento físico.

Amahle Mayaya (nome alterado) tem 15 anos. Ela perdeu sua mãe há alguns anos para a Aids e vive hoje com sua tia. Pouco depois de sua mãe ter falecido, Amahle ficou doente. Ela foi diagnosticada como HIV positivo, e iniciou tratamento com antirretrovirais (ARV). A menina não sabia por que tinha de tomar todos aqueles comprimidos diariamente e perguntou à sua tia (madastra), que então lhe explicou que sua mãe havia sido infectada com a ajuda de conselheiros de MSF. Amahle agora é parte de um Grupo de Adolescentes criado por MSF, no qual jovens HIV positivo recebem apoio e aprendem a aceitar sua condição e a viver com o vírus.

Grace foi diagnosticada com HIV durante sua gravidez e seguiu as orientações de prevenção da transmissão do vírus de mãe para filho, para tentar manter seu bebê livre da doença. A criança fez o teste de HIV três vezes; as duas primeiras deram negativo e Grace agora aguarda os resultados do terceiro teste.

Amina (nome alterado), de 18 anos, no campo para deslocados internos próximo de Goma, em Kivu do Norte, na República Democrática do Congo: “Eu fui para a floresta, à procura de carvão. Haviam algumas pessoas ali que nos forçaram a sermos suas esposas. Quando finalmente estávamos livres, fui ao hospital e então me disseram que eu estava grávida. Eu não sei quando darei à luz, não sei se eu ou a criança, iremos sobreviver. Não sei como irei achar roupas para o bebê nem para mim. Perguntei a mim mesma um monte de coisas, mas não acho nenhuma resposta. Eu não sei como vou viver nos próximos meses.”

Pierrette não sabe sua idade exata, mas ela timidamente sugere “cerca de 15 anos”. Ela foi sequestrada por homens armados e mantida em cativeiro por dois meses. Ela se tornou o que se conhece por “esposa forçada”, oferecida a um homem para que passasse as noites com ele. Após dois meses, Pierrette conseguiu escapar. Ela veio ao centro de saúde e foi transferida ao hospital, onde recebeu medicamentos e alimentos e conseguiu conversar com uma psicóloga de MSF. “Eu tento não pensar mais nisso”, diz a menina. “Eu bloqueio da minha mente. Não falo com ninguém sobre isso. Mas quando minha mãe me pergunta coisas, eu conto tudo à ela. Quando descrevi tudo o que aconteceu, meus pais choraram.”