Sudão do Sul

Sudão do Sul: Ajuda aos refugiados não pode esperar

Fotos19 Março, 2012Tempo de leitura: 1 minutos

Milhares de pessoas fugiram do conflito no estado sudanês de Nilo Azul. Suas aldeias foram atacadas e eles foram procurar abrigo nos campos de fugidos de Doro e Jamam, no condado fronteiriço de Maban, localizado no nordeste do Sul do Sudão. Mais de 80.000 refugiados se instalaram nesta região remota e inóspita, onde não podem sobreviver sem a assistência humanitária. Todos os direitos das imagens são reservados a © Robin Meldrum/MSF

Água e alimentos são escassos na região. No momento, menos de oito litros de água potável estão sendo oferecidos para cada pessoa diariamente, um número muito abaixo do recomendado para acampamentos de refugiados, que é de 15 a 20 litros por dia. Eles precisam esperar horas para recolher água dos pontos de abastecimento. Muitos optam por ir para os pântanos próximos.

A aproximação da estação de chuvas vai dificultar o acesso aos acampamentos de Doro e Jamam, onde se encontram mais de 80 mil pessoas que fugiram dos conflitos do estado do Nilo Azul. Desde novembro de 2011, MSF oferece assistência médica nos acampamentos e em clínicas móveis que percorrem a fronteira com o Sudão.

Kirrily de Polnay, médica de MSF: "As crianças que atendemos estão frequentemente desnutridas, por isso temos de fazer tudo com muito cuidado, porque se não, podemos facilmente provocar uma parada cardíaca ou edema pulmonar. Não são crianças saudáveis que ficaram doentes, mas crianças que já tinham imunidade muito baixa”.

Kirrily atende Assosa Hamad e o filho Aman, que está com malária, na sala de emergência da clínica de MSF no campo da Jamam. Eles levaram três meses para chegar ao campo de refugiados, onde já estão há um mês e ainda dormem debaixo de uma árvore. "Tomamos água dos pântanos, embora não seja boa e nos provoque vômito e diarréia", diz Assosa.

Amani e sua família chegaram há 12 dias. Sua filha Harrap tem diarreia com sangue. "Faz muito tempo que minha filha está doente. Tudo começou em meio aos conflitos, então ela não pôde receber o tratamento. Aqui é a primeira vez que eu consigo assistência médica para ela.”

Desde novembro de 2011, MSF oferece ajuda médico-humanitária nos acampamentos de Doro e Jamam. Além da assistência médica, MSF tem clínicas móveis que percorrem a fronteira com o Sudão, onde outros milhares de refugiados estão reunidos. A organização conta com 180 toneladas de suprimentos médicos, logísticos e de abastecimento de água para trabalhar.

A organização mantém 180 profissionais locais e 50 estrangeiros trabalhando na área. Nos hospitais de MSF dentro dos acampamentos, a organização oferece alimentação terapêutica para pacientes desnutridos, internações para as pessoas em estados mais graves, consultas ambulatoriais e atendimento de saúde materna. Mais de 2,5 mil consultas são oferecidas todas as semanas.

Os refugiados vieram aos acampamentos de Doro e Jamam em busca de um lugar mais seguro para se estabelecer, mas acabaram encontrando um ambiente com condições tão adversas que a sua própria subsistência está por um fio. Eles dependem quase exclusivamente de ajuda humanitária.

No acampamento de Doro, cerca de 14.500 crianças foram vacinadas contra o sarampo. Depois de vacinadas, as crianças recebem uma marca com tinta para saber que já estão imunizadas.

"Fui refugiado na Etiópia, isso já faz muitos anos. Vivemos cerca de 20 anos como refugiados. Finalmente pudemos voltar para nossas casas no Nilo Azul. Agora, os novos conflitos nos obrigaram a vir para o Sudão do Sul", diz Younassa.

A enfermeira Natalia Bustos na clínica de MSF no acampamento de Doro. MSF alerta que a oferta de ajuda humanitária precisa ser ampliada com urgência, pois a estação de chuvas se aproxima e os refugiados correm grande risco de ficar isolados, sem água e alimentos.

Paciente de 38 anos de idade, que mora em Mumbai, vive com HIV e tuberculose multirresistente (MDR-TB, na sigla em inglês) há cinco anos. Antes de passar a ser atendida por Médicos Sem Fronterias, ela já havia recebido tratamento para a tuberculose três vezes. Mas em vez de melhorar, sua saúde só piorou. © Bithin Das