Cheias no Unity State, no Sudão do Sul. Janeiro de 2022.
© Sean Sutton

Desastres naturais

Em poucos minutos, um desastre natural, como um terramoto, um tsunami ou um furacão, pode afetar populações inteiras. Milhares de pessoas podem ficar feridas ou traumatizadas com a perda de familiares, de pessoas amigas e das suas casas.

É comum que estas catástrofes afetem a qualidade da água, os cuidados de saúde e  os transportes. É essencial que haja cuidados médicos rápidos e uma resposta de emergência coordenada para proteger quem sobrevive.

Quer se trate de catástrofes em larga escala ou de emergências locais, as redes de profissionais e de aprovisionamentos da MSF em todo o mundo garantem uma resposta rápida aos desastres – demorámos apenas três minutos até tratar a primeira pessoa após o terramoto no Haiti, por exemplo. Com mais de 40 anos de experiência, somos especialistas em dar respostas viáveis a situações complexas.

A MSF envia para as zonas de catástrofe profissionais médicos, de logística e especialistas em água e saneamento com alta qualificação. Durante décadas, trabalhámos num sistema de apoio logístico e reunimos uma grande quantidade de profissionais experientes que podemos mobilizar num curto período de tempo.

Quase 90 por cento dos nossos recursos resultam da generosidade de doadores privados, o que garante à MSF uma incomparável independência. Por isso, podemos agir imediatamente sem ter de negociar a disponibilização de recursos com governos ou donativos institucionais. Apenas recorremos a fundos adicionais caso a catástrofe seja muito grande e seja mesmo precisa mais ajuda.

Resposta imediata

O terramoto de 2010 no Haiti foi a nossa maior resposta de emergência até ao momento. A catástrofe matou 220 mil pessoas, deixou 1,5 milhão sem casa e destruiu 60 por cento das unidades de saúde, incluindo dois dos nossos hospitais.

Respondemos recrutando milhares de novos profissionais, principalmente naturais do Haiti, que trabalharam em 26 centros médicos, incluindo um hospital insuflável montado num campo de futebol. Em dez meses, tratámos 350 mil pessoas, fizemos 16 mil cirurgias e, quando a cólera eclodiu, tratámos 60 por cento dos casos da doença em todo o país.

O caso do Haiti mostrou como a resposta a um desastre natural vai frequentemente além da crise imediata. A fase de emergência, à qual respondemos com a realização de cirurgias, prestação de cuidados médicos, assistência psicológica, alimentação, abrigo e água, foi relativamente curta.

A longo prazo, é preciso conter e limitar a proliferação de doenças infecciosas, restabelecer o sistema de saúde e dar apoio a quem perdeu a casa e ficou a viver em abrigos temporários.

© MSF/DEIBY YANES

Preparação para emergências

Temos projetos em cerca de 70 países de todo o mundo, e por isso muitas vezes contamos com profissionais de ajuda humanitária que já estão nas proximidades quando um desastre natural acontece. Estes recebem apoio de equipas de emergência que estão em alerta nos centros operacionais, compostas por profissionais capazes de fazer avaliações rápidas e organizar respostas imediatas.

Temos reservas de materiais médicos e logísticos, na forma de kits pré-embalados e prontos para serem enviados rapidamente, em armazéns localizados em pontos estratégicos por todo o mundo, e uma lista de profissionais experientes dispostos a largar tudo e partir imediatamente para trabalhar após um desastre. Graças a estas pessoas, conseguimos estar onde somos mais úteis o mais depressa possível. Os casos de urgência médica não podem esperar.

Fundo de financiamento de emergências

Enquanto organização, orgulhamo-nos do apoio incrível de todas as pessoas que contribuem com os seus donativos. A nossa estrutura de financiamento depende dos muitos donativos regulares de centenas de milhares de pessoas em todo o mundo, que contribuem todos os meses para o trabalho da MSF. Isto dá-nos flexibilidade – e dinheiro em caixa – para responder às emergências assim que elas acontecem, em vez de termos de criar pacotes individuais de financiamento para cada crise separadamente.

É raro pedirmos financiamento para uma crise específica – é uma decisão que tomamos de forma coletiva e cuidadosa, porque temos escritórios em mais de 20 países pelo mundo e queremos ter a certeza de que levantamos apenas o montante necessário para levar a cabo as nossas atividades.

Em 2004, após o tsunami no Oceano Índico, a MSF viu-se rapidamente com mais fundos disponíveis do que seria necessário – ou as pessoas afetadas já tinham morrido, ou não tinham muitas necessidades médicas, e a resposta que chegou de todo o mundo, em donativos, foi extremamente generosa.

Isto aconteceu apesar de termos encerrado os pedidos de donativos logo poucos dias após a catástrofe. Atualmente, temos ainda mais cuidado quando juntamos os financiamentos destinados a uma crise específica e o orçamento operacional. Estudamos com muita cautela o montante que será necessário para o nosso trabalho e aquilo que as pessoas, em resposta aos nossos pedidos de ajuda, poderão doar-nos.

No meio de uma emergência, isto é difícil de fazer e, algumas vezes, erramos, como aconteceu, por exemplo, no terramoto do Haiti em 2010: gastámos muito mais do que tínhamos planeado porque as necessidades foram maiores do que o previsto. Mas os nossos doadores podem ter a certeza de que fazemos muito planeamento antes de pedir qualquer ajuda extra – se pedimos fundos adicionais durante uma crise, é porque entendemos que a escala das necessidades e a nossa resposta justificam mesmo o apelo.