Alívio após o cessar-fogo temporário: aumento maciço da ajuda humanitária deve chegar em Gaza agora

As necessidades humanitárias na Faixa de Gaza atingiram níveis catastróficos

No campo de refugiados de Al Shate', na cidade de Gaza, um homem anda de bicicleta no meio da destruição.
© MSF

O acordo para um cessar-fogo temporário em Gaza é um alívio, mas chega com um atraso de mais de 465 dias e 46.000 vidas perdidas.  Embora o cessar temporário dos combates e dos bombardeamentos deva ser respeitado e mantido a longo prazo, é apenas o início da resposta às imensas necessidades humanitárias, psicológicas e médicas em Gaza.  Israel tem de imediatamente pôr fim ao bloqueio a Gaza e assegurar um aumento em larga escala da ajuda humanitária em toda a Faixa de Gaza e através dela, para que as centenas de milhares de pessoas em condições de desespero possam iniciar o longo caminho de recuperação.

O custo desta guerra hedionda inclui a destruição de casas, hospitais e infraestruturas; a deslocação de milhões de pessoas que agora precisam desesperadamente de água, alimentos e abrigo no inverno frio. A destruição maciça causou dor e sofrimento a milhões de pessoas na Faixa de Gaza, enquanto muitas famílias em Israel continuam a esperar desesperadamente pelo regresso dos seus entes queridos feitos reféns a 7 de outubro de 2023.

 

Em Al Saraya, em Gaza, as pessoas estão sentadas sobre escombros da casa destruída, com uma tenda montada em frente aos destroços. MSF
Em Al Saraya, Gaza, as pessoas estão sentadas sobre escombros do que era uma casa, antes de ser completamente destruída. Novembro de 2024. © MSF

 

Durante mais de 15 meses, as salas dos hospitais têm estado cheias de pacientes com membros amputados e outros traumas que alteram a vida, causados pelos ataques, e de pessoas angustiadas à procura dos corpos dos seus familiares. As instalações de saúde e a equipa médica foram atacadas, e oito trabalhadores da Médicos Sem Fronteiras (MSF) foram mortos durante esta guerra. Enquanto isso, o número de pessoas arbitrariamente detidas em Gaza e na Cisjordânia é assustador.

 

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Para ver no vídeo: As dificuldades de uma mãe em Rafah, na Faixa de Gaza

 

A MSF continua empenhada em trabalhar 24 horas por dia para prestar cuidados às pessoas em Gaza. As necessidades humanitárias atingiram níveis catastróficos; atender até mesmo uma fração dessas necessidades só será possível com um aumento rápido e maciço da ajuda humanitária global para a Faixa de Gaza.

 

O enfermeiro da MSF, Belal, está a tratar dos pensos de Sham na clínica da da MSF na cidade de Gaza. Depois que casa de Sham foi alvo de ataques, ela sofreu queimaduras e precisou de cuidados médicos.
O enfermeiro da MSF, Belal, está a tratar dos pensos de Sham na clínica da MSF na cidade de Gaza. Depois que a casa de Sham foi alvo de ataques, ela sofreu queimaduras e precisou de cuidados médicos. Dezembro de 2024. © MSF

 

Instamos as autoridades israelitas que assegurem urgentemente a entrada de ajuda humanitária em Gaza, as transferências médicas e, principalmente, o acesso ao Norte da Faixa de Gaza, que está sob cerco desde outubro de 2024. Urgimos também que Israel, o Hamas e outros grupos e organizações que controlam Gaza para que respeitem o acordo, bem como a entrega segura de assistência humanitária à população.

O Governo israelita, o Hamas e os líderes mundiais falharam tragicamente com a população de Gaza por não chegarem a um acordo e impor um cessar-fogo contínuo mais cedo. O alívio que este cessar-fogo traz está longe de ser suficiente para que as pessoas possam reconstruir as suas vidas, recuperar a dignidade e fazer o luto pelos mortos e por tudo o que foi perdido.

 

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