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Após ataques a dois barcos e ao hospital da MSF em Ulang, no Sudão do Sul, todos os serviços de saúde da organização foram suspensos. Milhares de pessoas ficaram sem acesso a cuidados médicos essenciais
Cada ataque contra a prestação de cuidados de saúde é inaceitável e tem consequências. Quando, em janeiro deste ano, dois barcos da Médicos Sem Fronteiras (MSF) foram bombardeados ao atravessar um rio no Sudão do Sul, a MSF teve de tomar a díficil decisão de suspender as atividades de envolvimento comunitário por questões de segurança.
Três meses depois, o hospital da MSF em Ulang foi atacado e vandalizado, o que resultou na suspensão total das atividades. Estes acontecimentos tiveram consequências devastadoras para o acesso das pessoas aos cuidados de saúde.
O rio Sobat corre tranquilamente pelo estado do Alto Nilo, no Sudão do Sul. São 14 horas do dia 15 de janeiro de 2025 e Chuol e a equipa de proximidade estão a regressar à base do projeto da MSF na cidade de Ulang, depois de entregarem medicamentos no hospital do condado de Nasir. Chuol lidera a equipa de alcance comunitário, composta por seis colegas, que viajam em dois barcos. Enquanto atravessam o rio, as bandeiras com o logótipo da MSF, bem visíveis, ondulam ao vento.
De repente, a equipa da MSF ouve tiros e instala-se o pânico a bordo. Choul reage instintivamente e atira-se à água.
Numa aldeia próxima, Riek seguia o dia de trabalho como agente comunitário de saúde – uma função que serve de ponte entre a MSF e a comunidade local. Ao ouvir os tiros, corre o mais rápido que consegue até ao rio, onde vê um barco vazio da MSF à deriva.
Fiquei em choque, pensei que os meus colegas estavam mortos”, conta Riek.
Chuol consegue nadar até à margem. Tenta localizar todos os membros da equipa. Cinco conseguiram pôr-se a salvo, mas um desapareceu.
Entretanto, Riek ouve alguém a chamar por ele. É o membro da equipa que estava desaparecido. Tinha-se atirado à água e está ferido. Riek reage de imediato. Consegue arranjar uma canoa, remar até ao colega e colocá-lo a bordo. A ferida acaba por ser ligeira, e o colega é levado para o hospital da MSF em Ulang para receber tratamento.
A MSF presta cuidados de saúde em Ulang desde 2018, gere um hospital e realiza atividades de proximidade em 13 locais ao longo do rio. As nossas equipas de proximidade prestam cuidados médicos básicos, distribuem medicamentos e encaminham pacientes para o hospital em Ulang.
Na sequência do incidente de 15 de janeiro, a MSF foi forçada a tomar a difícil decisão de suspender todas as atividades de proximidade na zona, por motivos de segurança. Foi também iniciada uma investigação para apurar exatamente o que aconteceu.
O hospital de Ulang está rodeado por muros azuis. É aqui que a equipa da MSF presta cuidados de maternidade, pediatria e urgência, em enfermarias distribuídas por vários edifícios de betão. Muitas das camas estão agora vazias.
“Desde que tivemos de suspender as nossas atividades de proximidade, tivemos menos pacientes do que o habitual no hospital”, explica o médico Philip. “Sem os barcos da MSF para transportar pacientes para o hospital, os que vivem longe, por vezes, têm de esperar durante dias, ou até semanas, por um barco que os leve até Ulang. Os que conseguem chegar aqui, normalmente estão num estado bastante debilitado.”
Além dos barcos, a única opção de transporte é ir a pé, uma vez que a maioria das estradas estão bloqueadas ou danificadas. Durante a época de chuvas, as inundações tornam impossível atravessar certas áreas e os barcos são, muitas vezes, a única forma de circular.
À entrada da maternidade no hospital de Ulang, um desenho artístico cobre a parede verde-clara: traços pretos formam um padrão orgânico que desenha a silhueta de uma mulher grávida. Numa das salas, está sentada uma mulher que, há poucos dias, deu à luz gémeos , depois de ter chegado demasiado tarde ao hospital.
Estava prestes a partilhar a história dela, quando um membro da equipa se aproxima para dizer que o barco que a levará de volta a casa acaba de chegar. Pode demorar uma semana até que venha outro. Com a ajuda dos familiares, arruma rapidamente os pertences e sai apressadamente do hospital.
“Ela era de Nasir, perto de onde ocorreu o ataque. Quando surgiram complicações durante o parto, ela precisava de chegar a um hospital o mais rápido possível. Desde julho de 2024, o hospital de Nasir não tem pessoal médico nem recursos técnicos para lidar com partos complicados, então ela teve de vir até Ulang.
Normalmente seriam as nossas equipas móveis a ir buscá-la de barco, mas em vez disso teve de esperar dois dias até que houvesse um barco disponível. Quando finalmente conseguimos ajudá-la, já era tarde demais, não ouvimos qualquer batimento cardíaco dos gémeos que trazia na barriga.”
Veronica diz que gostaria que a paciente tivesse podido contar a própria história.
“Estava triste e revoltada: triste por ter perdido os gémeos e revoltada peloataque ter acontecido.”
Ulang é um ambiente instável para viver ou trabalhar, marcado por violência intercomunitária, confrontos armados e deslocamentos. Apesar de já estarem habituados à insegurança quase constante, os disparos no rio deixaram marcas em Chuol e Riek.
“Tive dificuldade em dormir nas primeiras noites após o ataque”, conta Choul.
“Senti um nervosismo no corpo durante dois dias depois de ver os barcos a serem baleados”, lembra Riek. “O choque que senti ao pensar que os meus colegas estavam mortos ficou comigo.”
Desde meio de fevereiro de 2025, a escalada do conflito entre forças governamentais e grupos armados no Alto Nilo tem gerado ainda mais instabilidade. Na manhã de 14 de abril de 2025, dezenas de homens armados invadiram o hospital e o escritório da MSF em Ulang, ameaçaram a equipa e roubaram medicamentos e equipamentos médicos essenciais. Como consequência, todos os serviços de saúde no hospital foram suspensos.
A zona de Ulang ficou agora sem qualquer tipo de unidade de saúde em funcionamento. Os ataques aos barcos e hospital da MSF fazem parte de um padrão de insegurança que afeta a prestação de cuidados de saúde na área. A violência levou à suspensão tanto dos serviços de proximidade como do hospital e quem pagará o preço serão as comunidades, deixadas sem acesso a cuidados.
No dia 3 de maio, O bombardeamento resultou em danos significativos, incluindo a destruição de uma farmácia, que foi completamente consumida pelo fogo. Era ali que estavam armazenados todos os medicamentos destinados ao hospital e às atividades de proximidade.
Milhares de pessoas fugiram da cidade. A MSF transferiu as pessoas feridas e abriu uma unidade de saúde temporária numa localidade próxima. No entanto, o hospital de Old Fangak era o único hospital em todo o condado e os cuidados de saúde hospitalares deixaram de estar disponíveis para as 110.000 pessoas que destes dependiam.
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