Bloquear a entrada de ajuda humanitária em Gaza é simplesmente inaceitável

“Israel está, uma vez mais, a impedir a população inteira de receber ajuda, usando-a como moeda de troca”, sublinha a coordenadora de emergências da MSF em Gaza, Caroline Seguin

Norte de Gaza fevereiro 2025
© MSF

A Médicos Sem Fronteiras (MSF) repudia veementemente o anúncio de Israel bloquear a entrada de ajuda humanitária em Gaza. Independentemente das negociações entre as partes beligerantes, a população de Gaza continua a precisar de um aumento imediato e maciço da assistência recebida. O apoio humanitário nunca deve ser usado como uma ferramenta de guerra.

“Israel está, uma vez mais, a impedir a população inteira de receber ajuda, usando-a como moeda de troca. Isto é inaceitável, ultrajante e terá consequências devastadoras”, frisa a coordenadora de emergências da MSF em Gaza, Caroline Seguin. “Esta notícia criou incerteza e medo, fazendo com que os preços dos alimentos aumentassem.”

 

Israel está, uma vez mais, a impedir a população inteira de receber ajuda, usando-a como moeda de troca.”

– Caroline Seguin, coordenadora de emergências da MSF em Gaza

 

Embora o número total de camiões que entrou em Gaza tenha aumentado desde o início do cessar-fogo, as restrições das autoridades israelitas sobre provisões críticas estão a dificultar a resposta humanitária. A maior parte da ajuda que chegou a Gaza foi de alimentos e combustível e continua a não ser suficiente para responder às imensas necessidades das pessoas.

 

Necessidade urgente de manter cessar-fogo

Pacientes aguardam em centro de saúde apoiado pela MSF em Gaza
Pacientes aguardam em centro de saúde apoiado pela MSF no Norte de Gaza. © Nour Alsaqqa/MSF, fevereiro 2025.

No passado sábado, 1 de março, a primeira fase do cessar-fogo em Gaza, acordado em janeiro entre Israel e o Hamas, foi concluída, sem que as duas partes tenham conseguido chegar a um acordo para iniciar a segunda etapa. As conversações entre as duas delegações realizadas nos últimos dias no Cairo continuam estagnadas. Enquanto isso, a população de Gaza vive na incerteza de não saber o que acontecerá a seguir.

 

 

“O cessar-fogo precisa de ser mantido, porque sem ele, as crianças de Gaza ficarão novamente encurraladas num modo de sobrevivência extrema, onde cada momento é sobre permanecerem vivas. Precisa de ser mantido, porque estão a tirar o futuro a estas crianças”, sublinha  a responsável por atividades de saúde mental da MSF em Gaza e psicoterapeuta infantil, Katrin Glatz Brubakk.

“O custo desta guerra para as pessoas em Gaza tem sido imenso, tanto física como psicologicamente. Elas não aguentam mais. Não aguentam o medo de serem mortas todos os dias, ou de manter os filhos delas vivos. O cessar-fogo em Gaza precisa de ser mantido, porque a incerteza, o medo e o trauma duram há demasiado tempo para qualquer pessoa suportar”, conclui Brubakk.

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