Chuvas massivas no oeste da África já mataram 159 pessoas

Equipes de MSF intensificam a atuação no local para dar suporte a cerca de 600 mil desabrigados

Enchentes no Oeste da África deixaram mais de 159 mortos e 600 mil desalojados de acordo com estimativas das Nações Unidas. Médicos Sem Fronteiras (MSF) reforçou suas equipes em Burkina Faso e Níger para providenciar assistência, em parceria com o Ministério da Saúde, para pessoas deslocadas.

O dia primeiro de setembro não foi um dia comum. Em Ouagadougou, capital de Burkina Faso, 26,3cm de chuva (equivalente a um quarto da média anual de chuvas) caíram em 12 horas. Mais de 24 mil casas foram destruídas e 150 mil pessoas – um habitante em cem – ficaram desalojadas. No mesmo dia, em Níger, na cidade de Agadez, 3,5 mil casas foram destruídas e 28 mil pessoas foram afetadas pelas inundações.

Equipes de MSF em Burkina Faso e em Níger imediatamente entraram em ação para detectar as necessidades e para garantir, junto ao Ministério da Saúde, que as vítimas tenham acesso a cuidados médicos e para que os hospitais funcionassem.

“A população de Ougadougou agiu de forma rápida e massiva”, disse Mohamed Morchid, chefe da missão de MSF em Burkina Faso. “Essas foram enchentes particularmente maciças. Ninguém pode lembrar inundações tão volumosas nas décadas recentes, mas não há caos. Muitos desabrigados estão sendo hospedados por parentes, dezenas de milhares estão em escolas ou às vezes em centros médicos”.

“Eles estão recebendo comida e suprimentos básicos. O Ministério da Saúde está oferecendo consultas gratuitas nas clínicas montadas em alguns dos locais onde as pessoas estão agrupadas. Mas nem todos os locais estão cobertos e há uma falta de medicamentos. O valor adicional que MSF tem nesse contexto é, principalmente, devido à capacidade de responder rapidamente às necessidades médicas específicas enquanto medidas de larga escala estão sendo montadas.”

Cinco equipes médicas móveis estão tratando pessoas desabrigadas em dois distritos em Ougadougou, Bogodogo e Boulmiougou.

“Nós estamos atendendo pacientes com ferimentos infectados, feridas ocorridas quando eles tentavam salvar seus pertences à medida que a água subia”, disse Morchid. “Muitas pessoas também estão sofrendo de diarreia, certamente ligada às péssimas condições de higiene desde o inicio das inundações. Há também as doenças usuais – malária e infecções respiratórias e de pele. Nós os tratamos no local porque eles não podem ir até seus centros médicos habituais.”

Equipes de MSF também estão distribuindo sabão para as vítimas das enchentes e avaliando o acesso à água potável e às condições de higiene. Eles estão construindo latrinas e duchas temporárias em alguns dos locais de aglomeração.

O principal hospital da capital, Yalgado, foi danificado e alguns departamentos, como os de diálise e de urgências, não estão mais funcionando. MSF montou duas tendas de 12 leitos para aumentar a capacidade de pacientes no departamento de emergências pediátricas no hospital do distrito de Bogodogo. Medicamentos estão sendo doados para as clínicas do Ministério da Saúde que ficam nos locais onde as vitimas da enchente se aglomeraram.

Na cidade de Agadez, em Niger, atividades de MSF incluem uma clínica móvel, distribuição de suprimentos de higiene básicos para 2 mil famílias e a construção de latrinas em escolas que estão servindo de abrigo temporário para as vítimas.

Durante a estação das chuvas, de junho a setembro, enchentes ocorrem em alguns países do oeste africano. Dois anos atrás, os números foram alarmantes: 300 mortos e 800 mil pessoas afetadas ao longo da região. Este ano, o número de mortes é particularmente alto em Serra Leoa (103 das 159 mortes).

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