Condições de vida de deslocados piora na África do Sul

Três semanas após conflitos em Johanesburgo, MSF oferece assistência médica para pessoas que procuraram refúgio em delegacias, prédios públicos e igrejas

Quase três semanas após o início das agressões contra estrangeiros em Johanesburgo, Médicos Sem Fronteiras (MSF) continua a providenciar assistência médica para os deslocados internos em toda a cidade. MSF também lançou novas atividades para responder à onda de violência registrada na Cidade do Cabo na semana passada.

A violência, registrada primeiramente na cidade de Alexandra no dia 11 de maio, espalhou-se rapidamente por toda Johanesburgo e por outras partes do país, incluindo a província oeste da Cidade do Cabo. De acordo com o Alto Comissariado da Nações Unidas para Refugiados (Acnur), cerca de 100 mil pessoas se deslocaram.

Após os ataques em Johanesburgo, MSF tem oferecido assistência médica para as pessoas que procuraram refúgio nas delegaciais de polícia, prédios públicos e igrejas. Depois de visitar 20 locais diferentes, as equipes móveis de MSF estabeleceram uma presença regular em 15 áreas. A equipe realizou mais de 2,5 mil consultas, distribuiu 1,8 mil cobertores, providenciou kits de higiene e lâminas de plástico para abrigo nos locais onde as condições de vida são mais difíceis. À medida em que o tempo passa, a situação dos deslocados internos que vivem em abrigos improvisados fica cada vez mais precária.

"Algumas pessoas ainda estão dormindo ao relento, o saneamento é inadequado e as condições de higiene pioram a cada dia", conta Bianca Tolboom, enfermeira de MSF. “Nossos pacientes dizem estar se sentindo encurralados e que ninguém está cuidando deles. Eles já estão com traumas devido à violência e ao deslocamento e a incerteza com relação a seu futuro faz esse trauma ficar ainda maior".

Na Cidade do Cabo, uma equipe de emergência está respondendo a necessidades médicas e providenciando cobertores e alimentos para cinco abrigos onde mais de mil pessoas se refugiaram após os ataques. A resposta de MSF tem se concentrado em Khayelitsha, um grande vilarejo onde foi montado em 1999 um projeto de HIV e TB que funciona até hoje. Nesta região, MSF está oferecendo apoio para o oferecimento de cuidados de saúde primários e transferências para estruturas de saúde já existentes em colaboração com os departamentos de saúde da cidade e das províncias.

A recente onda de violência na África do Sul tem como alvo estrangeiros de vários países. No entanto, devido à falta de status legal, os zimbábuanos que vivem na África do Sul encontraram-se particularmente em uma situação ruim. "Os zimbábuanos que fugiram de seu país agora não têm mais para onde ir", afirma Rachel Cohen, chefe de missão de MSF na África do Sul. "Nós trabalhamos com esse grupo em Johanesburgo e em Musina, na fronteira com o Zimbábue desde 2007 e nossa experiência mostra que muitos zimbábuanos não procuram ajuda por medo de serem deportados. Isso tem um sério impacto no acesso à saúde para as pessoas em situação mais vulnerável, particularmente à luz da violência recente".

MSF está na África do Sul desde 1999, fornecendo tratamento compreensivo de saúde para HIV e TB em Khayelitsha, Cidade do Cabo. Desde Dezembro de 2007, MSF também está trabalhando no centro de Johanesburgo e Musina, na província de Limpopo, para ajudar os zimbábuanos que procuram refúgio na África do Sul a ter acesso a cuidados médicos. Após a violência recente e conflitos, uma equipe extra de emergência composta de seis profissionais internacionais e 30 nacionais reforçou a equipe já existente.

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