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Michel Van Herp, um dos peritos de ébola com mais experiência na Médicos Sem Fronteiras (MSF), deita um olhar retrospetivo ao maior surto de ébola de sempre, respondendo a cinco questões-chave
Há 10 anos, a 23 de março de 2014, foi declarado um surto de ébola na Guiné. Não foi o primeiro do género: sabia-se que o ébola era uma doença perigosa, mas nunca se pensou que um surto pudesse atingir grandes proporções. Daquela vez, porém, foi diferente, e só dois anos e 11 000 mortes depois é que foi decretado o fim de uma epidemia.
Michel Van Herp, um dos peritos de ébola com mais experiência na Médicos Sem Fronteiras (MSF), faz uma retrospetiva do maior surto de ébola de sempre, respondendo a cinco questões-chave.
“Quando lemos pela primeira vez os relatos de pessoas a morrer de uma doença desconhecida na Guiné, nos primeiros meses de 2014, pensámos logo que se trataria provavelmente de um surto de ébola, mesmo apesar da doença ser muito rara na África Ocidental. Enviámos prontamente as nossas equipas de ébola para o terreno. Na altura, éramos uma das poucas organizações com experiência para gerir um surto da doença. Contudo, foi-se tornando cada vez mais evidente que este em específico já se estava a propagar há meses e que já devia estar presente em mais sítios do que o normal.
O surto aconteceu num sítio do mundo onde ninguém esperava que acontecesse. Foi numa área que não interessava às autoridades, e ninguém estava pronto para geri-lo. Os governos, agências da ONU e organizações de apoio demoraram imenso, imenso, tempo para levar o surto a sério. A MSF soou freneticamente o alarme várias vezes, mas ninguém ouviu.”
“Nunca tal um surto de ébola acontecera em tantos países ao mesmo tempo. Propagou-se pela Guiné, Serra Leoa, Libéria, mas também houve casos no Senegal, Mali e Nigéria. Foi também a primeira vez que países ocidentais, como a Itália, Espanha, o Reino Unido e os Estados Unidos, tiveram casos de ébola.
A escala desta epidemia foi algo absolutamente inédito. Quando finalmente acabou, em março de 2016, mais de 28 000 pessoas tinham sido infetadas, das quais 11 000 morreram. Antes disso, o maior surto de ébola tinha infetado 425 pessoas! Toda a gente, incluindo a MSF, ficou completamente assoberdada com este surto.”
“Durante quase seis meses, o mundo tentou ignorar este surto. Somente no final do verão de 2014 é que outros governos e organizações de apoio começaram finalmente a ajudar.
Naquele momento, não havia tratamentos específicos para o ébola. Os pacientes eram assistidos numa clínica especial, para evitar que infetassem outras pessoas. Em surtos anteriores, os pacientes podiam ser acompanhados por membros da família, mas em 2014, devido ao elevado número de infetados, tiveram de ser construídas estruturas de grandes dimensões. Tiveram de ser postos em prática procedimentos de segurança extremamente rigorosos e não era permitida a entrada de membros da família. Essa abordagem em larga escala assustou os pacientes e as famílias.
No final de 2014, havia dezenas de organizações de apoio, a maioria delas inexperientes com o ébola, envolvidas em diferentes aspetos da resposta. A coordenação de todas essas organizações, em vários lugares, em vários países, foi extremamente desafiante. Alguns governos recorreram também a táticas autoritárias para forçar os pacientes e as famílias a cumprirem as normas. Isso assustou-os ainda mais.
O foco nos pacientes e nas famílias, que foi algo importantíssimo para conter surtos anteriores, foi completamente perdido na enorme máquina em que a resposta ao ébola se tornara.”
“Muito do que consideramos ser ‘lições aprendidas’ são coisas que sabíamos antes de 2014, mas que tinham sido esquecidas. Mas também aprendemos coisas novas. Aprendemos como tirar um simples amostra oral de pessoas mortas, para testar se tinham morrido de ébola. Isso permitiu-nos entender melhor a dinâmica da epidemia.
Também organizámos estudos clínicos e descobrimos uma boa vacina contra a estirpe Zaire do ébola. E aprendemos também com a organização dos estudos clínicos, por isso fomos mais rápidos a responder durante o surto de 2018 na República Democrática do Congo. Na RDC, encontrámos tratamentos com anticorpos para a estripe Zaire do ébola.”
“Há muito em concreto que podemos melhorar. Podemos permitir novamente que um familiar acompanhe um paciente na clínica de ébola. Podemos protegê-los melhor agora, com vacinação e medicamentos para a profilaxia pré-exposição.
Pacientes muito doentes devem receber um tratamento com anticorpos muito mais rapidamente. Os anticorpos podem ser reais salva-vidas e quanto mais cedo um paciente os recebe, melhor funcionam. Devemos adaptar os nossos modelos para incorporar melhor essa opção. E precisamos de continuar a procurar outros tratamentos. O vírus do ébola pode provocar uma resposta inflamatória tão forte que pode matar o paciente. Se tivéssemos um medicamento para aliviar a resposta inflamatória, salvaríamos ainda mais doentes de ébola.
Também devemos melhorar o acompanhamento dos pacientes após a recuperação. O vírus pode permanecer no cérebro, nos olhos e nos testículos dos sobreviventes. Outro tipo de drogas, antivirais, pode eliminar o vírus nesses lugares. E seis meses após a recuperação completa, os sobreviventes do ébola devem tomar uma vacina, para dar outro impulso ao sistema imunológico.
Nos últimos dez anos, cometemos certamente erros na resposta aos surtos de ébola. Alguns foram forçados, outros não. Mas, no geral, fizemos claramente progressos, e há boas opções para ainda mais progressos. As probabilidades de sobrevivência de um paciente com ébola num futuro surto serão muito melhores do que eram há dez anos.”
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