Enchentes em Moçambique aumentam número de deslocados

Estimativas apontam que cerca de 65 mil pessoas tiveram de deixar suas casas devido às fortes chuvas registradas desde dezembro

Desde o fim de 2007, chuvas fortes têm provocado enchentes em diversos países do sul da África. Apesar das enchentes serem esperadas nessa época do ano em Moçambique, o nível das águas dos rios está alarmante e muito superior aos registrados no ano passado. As equipes de MSF estão intervindo para amenizar o impacto das enchentes na sáude da população.

Em Moçambique, estima-se que desde dezembro 65 mil pessoas que vivem na base do Zambezi tiveram de deixar suas casas e se assentarem em acampamentos formados em áreas mais seguras. Além deles, estavam no local muitas pessoas que fugiram no ano passado das enchentes e nunca voltaram para suas casas. Elas também precisam de ajuda.

A agência nacional de desastres tem trabalhado muito desde o início das chuvas, mas aceita o apoio de ONGs já ativas no país, como MSF.

Fornecendo abrigos e latrinas

As equipes de MSF chegaram à área afetada no dia 9 de janeiro e responderam de forma bem rápida, entregando materiais e ajudando as comunidades locais com pipas d'água, tratamento da água e instalação de latrinas em diferentes acampamentos no distrito de Mutarara, na província de Tete; no distrito de Moepia, na província de Zambezia. A equipe também está fazendo um levantamento das necessidades médicas e mantendo os olhos abertos para um possível surto de doenças.

Levantamentos também foram feitos nos distritos de Mopeia, Morrumbala e Chinde, na província Zambezia, por uma equipe de seis profissionais de logística e médicos. Em Mopeia, 200 pessoas foram resgatadas por barcos de MSF durante o fim de semana e levados para os acampamentos.

"O principal desafio é logístico", afirma Dr Marc Biot, que estava em Mutarara nos primeiros dias de intervenção. "A única maneira de chegar aos vilarejos e comunidades mais isolados é por barco, o que leva muito tempo. Quando as necessidades são identificadas, nós precisamos levar medicamentos, materiais para abrigos ou dar início a campanhas de vacinação".

Algumas áreas, como Chinde, foram tão danificadas que MSF está usando um helicóptero para avaliar o impacto das enchentes nas populações locais.

O número de famílias deslocadas deve aumentar, uma vez que mais chuvas estão previstas. Por isso, além da rápida resposta de emergência, MSF está formando equipes extras para oferecer apoio à população pelos próximos dois meses.

Prevenindo surtos de doenças

"Com relação à saúde, os principais riscos depois das enchentes geralmente são sarampo e diarréia", explica Dr Biot. "Vamos garantir que a maioria das crianças sejam vacinadas contra o sarampo e que haja acesso à água potável nos acampamentos para evitar a propagação de doenças associadas à água contaminada".

Todas as atividades médicas contarão em sua maioria com trabalhadores sanitários da comunidade.

Quatro casos confirmados de cólera foram registrados em Mutarara. Centros de Tratamento de Cólera estão sendo implementados para atender a esses pacientes e para evitar uma possível disseminação da doença.

Além disso, para prevenir a infecção da malária, redes de mosquitos foram distribuídas na Zona Verde do distrito de Mopeia para 2 mil famílias.

Com relação à água potável, as equipes de MSF têm usado caminhões para levar água aos acampamentos, o que também significa fornecer tanques em alguns casos. Nós também estamos distribuindo kits de cloro para a acomunidade, para que eles possam purificar a água do rio.

"Nós também queremos garantir que as pessoas tenham acesso aos centros de saúde em bom funcionamento. Por isso planejamos aumentar o suprimento de medicamentos das unidades de saúde procuradas pela população", acrescentou Dr Biot.

Em Mutarara, 60 pacientes em tratamento para HIV e tuberculose estão desparecidos. Eles normalmente vêm ao hospital para pegar o suprimento mensal de medicamentos, mas talvez não consigam fazê-lo nas próximas semanas. Equipes serão montadas para procurá-los e garantir que eles recebam seus tratamentos. A falta de medicamentos pode prejudicar a terapia.

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