Encontro da OMS pode ter grande impacto na vida de milhões de desnutridos

Objetivo é discutir e formular novas recomendações para o tratamento da desnutrição infantil, responsável pela morte de cerca de 3,5 milhões de crianças

Convocado para discutir e formular novas recomendações para o tratamento da desnutrição infantil, o encontro "A manutenção da dieta para desnutrição moderada", a ser realizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) entre os dias 30 de setembro a 3 de outubro em Genebra, pode ter um enorme impacto na qualidade da ajuda alimentar e dos programas de nutrição, afirmou nesta segunda-feira a organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF). MSF pede que os especialistas da OMS aproveitem essa oportunidade para melhorar o padrão da ajuda alimentar e dos programas de desnutrição.

Nas áreas mais cronicamente devastadas pela desnutrição – como o sul da Ásia, o Sahel e o Chifre da África -, muitas famílias não têm acesso a alimentos ricos em nutrientes e têm de sobreviver com mingau feito de cereais, que não contém muitos nutrientes essenciais. No entanto, a ajuda alimentar oferecida atualmente pelas agências internacionais ou doadores é também baseada em cereais. Elas não incluem alimentos de origem animal, como leite, que contém muitos nutrientes importantes para a dieta das crianças.

"Nós não daríamos a nossos filhos apenas mingau feito com cereais, por que aceitamos esse outro padrão na ajuda alimentar", questiona Tido von Schoen-Angerer, diretor-executivo da Campanha de Acesso a Medicamentos Essenciais de MSF. "Seria uma tragédia não aproveitar essa oportunidade para melhorar o padrão nutricional de ajuda alimentar e dos programas nacionais, determinando a inclusão de alimentos de origem animal".

Nenhuma outra condição contribui mais para as mortes e doenças entre as crianças do que a desnutrição, responsável pela morte de mais de 3,5 milhões de crianças com menos de cinco anos em países em desenvolvimento. Ainda assim, os programas para evitar que as crianças atinjam os estágios terminais não mudaram nos últimos 30 anos.

"MSF adotou a política de tratar crianças desnutridas com pelo menos alguns alimentos de origem animal e agora estamos trabalhando para que haja uma implementação compreensiva", explicou von Schoen-Angerer. "Espero que uma clara recomendação desses especialistas leve a uma mudança dramática, capaz de reduzir o número de mortes por desntruição".

As Nações Unidas já têm uma clara recomendação para o tratamento de desnutrição severa aguda, mas apenas 5% das crianças que precisam recebem o tratamento. MSF acredita que o desafio é fazer com que as crianças tenham acesso a alimentos de alto valor nutritivo antes de ficarem muito doentes.

MSF já trataou mais de 150 mil crianças desnutridas em 2006 e 2007 em 22 países, com alimentação terapêutica e suplementar.

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