Etiópia: MSF oferece atendimento para crianças desnutridas

Mais de 11 mil já foram atendidas nos programas nutricionais estabelecidos no sul do país

Médicos Sem Fronteiras (MSF) admitiu 11.800 crianças que sofrem de desnutrição severa aguda em seus programas nas regiões de Oromiya e nas Regiões Populares Nacionais e Nações do Sul (SNNPR, na sigla em inglês), no Sul da Etiópia. Em algumas áreas, a falta de chuvas, a alta dos preços dos alimentos, o baixo poder de compra, entre outros fatores, levaram a essa situação alarmante.

"Devido ao tamanho da emergência, o principal foco das equipes de MSF é tentar salvar as crianças gravemente desnutridas, que estão sob maior risco de morrer.", explica Jean de Cambry, coordenador de emergência de MSF. "Agora estamos começando a tratar as crianças moderadamente desnutridas também.". Rações de comida suplementares – compostas de uma mistura de soja e milho com óleo e açúcar – estão sendo distribuídas a cada duas semanas para crianças moderadamente desnutridas e suas famílias.

Distribuições de alimentos também serão iniciadas essa semana em 12 locais do distrito de Siraro, na região Oromiya. “Durante uma semana, nossas equipes distribuíram 25 quilos de rações de comida para cerca de 12,5 mil crianças que estavam moderadamente desnutridas ou sob risco de desnutrição.", explicou Abdel Kader Tlidjane, coordenador em Siraro. “Esperamos que essa medida evite que eles fiquem gravemente desnutridos e que consigam ficar saudáveis.".

Enquanto isso, MSF continua a trabalhar em cinco centros de estabilização nas regiões de Oromiya e SNNP, onde equipes médicas oferecem tratamento médico 24 horas por dia para crianças gravemente desnutridas que sofrem de complicações como malária e pneumonia. Para tratar o máximo de crianças possível, uma rede de 47 programas clínicos terapêuticos (OTPs na sigla em inglês) oferece alimentos ricos em nutrientes e cuidados médicos para os pacientes que não precisam de internação. Até agora, 10.062 crianças passaram por esses OTPs e outras 1.724 tiveram de ser internadas nos centros de estabilização de MSF. Deste total, 121 crianças morreram após ingressar nos programas nutricionais.

"Enquanto o ritmo de admissões semanais tem se estabilizado em algumas áreas, em outras – como nos distritos de Shashemene e Shalla, na região de Oromiy, e Kindo Dindaye, Kacha Bira, Hader, e Tambaro, distritos da região SNN – nós continuamos a receber mais pacientes a cada semana.", diz de Cambry. “Na zona de Kambata, nós admitidos nas últimas três semanas respectivamente 734, 1.143 e 1.300 novos pacientes. Nós realmente não temos como prever quando isso diminuirá.".

Em algumas áreas da região SNNP, o número de crianças gravemente desnutridas tratadas por MSF é equivalente a 11% da população total com menos de cinco anos de idade – MSF geralmente dá início a um programa nutricional se 3% das crianças são consideradas desnutridas. Em várias áreas, as equipes também cuidaram de adultos desnutridos, o que é um sinal preocupante.

À medida que as operações estão se intensificando, as equipes de MSF continuam a explorar seis novas áreas de Oromiya e das regiões SNNP, onde a situação nutricional é muito grave. Elas vão abrir novos programas terapêuticos onde for necessário. Além disso, a equipe médica de MSF está oferecendo apoio ao hospital em Chencha Gonogofa, onde 77 crianças que sofrem de desnutrição aguda foram admitidas.

MSF trabalha na Etiópia desde 1984. Além da emergência nutricional, MSF administra programas de longo prazo em várias regiões do país. Na região leste da Somália, MSF trata de pacientes que sofrem de tuberculose e oferece cuidados de saúde primários em Cherrati. MSF também mantém programas de saúde primária em Deghabur e Wardher, que incluem um componente nutricional. No norte do país, MSF trabalha em Humera, região Tigray, oferecendo cuidados e tratamento para pessoas com kalazar. Além disso, em Abdurafi, região Amhara, MSF tem um programa de prevenção, cuidados e tratamento de kalazar e HIV/AIDS.

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