Iniciativa Verde da MSF leva cuidados de saúde sustentáveis e resiliência climática à Somália

Painéis solares recém-instalados no telhado do Hospital Regional de Mudug em Galkayo, na Somália, como parte da Iniciativa Verde da MSF.
©️ Mohamed Abdirahman/MSF

Num passo transformador rumo à sustentabilidade e à melhoria na prestação de cuidados de saúde, a Médicos Sem Fronteiras (MSF) modernizou recentemente o sistema de energia solar no Hospital Regional de Mudug, em Galkayo, na Somália, como parte da Iniciativa Verde da organização. Lançada em outubro de 2024, esta ambiciosa iniciativa envolveu a expansão e a reabilitação da infraestrutura fotovoltaica solar do hospital, o que incluiu a instalação de inversores solares avançados, painéis solares adicionais e ferramentas de monitorização de última geração.

Esta ação integra a estratégia abrangente da MSF para reduzir as emissões de carbono e promover a sustentabilidade ambiental, a beneficiar não só Galkayo, mas também a servir como referência para projetos sustentáveis semelhantes em toda a região e na Somália como um todo. Ao substituir os geradores a diesel por energia renovável, a MSF reduz a sua pegada ambiental, contribuindo para a diminuição da poluição do ar e para uma maior resiliência face a choques climáticos a nível nacional.

 

Um eletricista da MSF inspeciona o sistema solar fotovoltaico recentemente instalado no Hospital Regional de Mudug em Galkayo, na Somália.
Um eletricista da MSF inspeciona o sistema solar fotovoltaico recentemente instalado no Hospital Regional de Mudug em Galkayo, na Somália. ©️ Mohamed Abdirahman/MSF

 

Antes desta modernização, os serviços apoiados pela MSF no Hospital Regional de Mudug dependiam fortemente de geradores a diesel, que consumiam milhares de litros de combustível por mês. Esta dependência acarretava custos operacionais elevados e contribuía significativamente para as emissões de carbono, a contrariar os compromissos ambientais da MSF e a agravar a poluição do ar local.

 

A crise climática não é apenas uma questão ambiental – afeta diretamente a saúde humana”

 

A Somália é reconhecida pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) como um dos países mais vulneráveis às alterações climáticas em todo o mundo.[1] O país é gravemente afetado por choques climáticos recorrentes, como secas prolongadas, inundações graves e o aumento das temperaturas. Estes fatores ambientais representam uma ameaça direta à prestação de cuidados de saúde, a agravar os desafios de saúde pública, incluindo o aumento das taxas de desnutrição, os surtos de doenças transmitidas pela água, como a cólera, e a propagação intensificada de doenças transmitidas por vetores, como a malária.

“A crise climática não é apenas uma questão ambiental – afeta diretamente a saúde humana, particularmente em regiões vulneráveis como Mudug”, explica o coordenador de projeto da MSF em Mudug, Mohsin Rafiq. “Com esta iniciativa solar, não estamos apenas a reduzir significativamente as nossas emissões de carbono, mas também a garantir um serviço de saúde fiável e contínuo, especialmente durante emergências provocadas pelas alterações climáticas.”

A iniciativa de energia solar no Hospital Regional de Mudug exemplifica o compromisso mais amplo da MSF em enfrentar os desafios ambientais em toda a Somália. A expansão da infraestrutura de saúde sustentável nas zonas norte e sul de Galkayo, bem como noutras regiões, é fundamental, dada a extrema vulnerabilidade do país às alterações climáticas, conforme identificado pelo PNUD. Reduzir a dependência dos geradores a diesel não só diminui significativamente os custos operacionais, como também reduz substancialmente as emissões de carbono e estabelece um padrão para as unidades de saúde em todo o território. Esta abordagem assegura que as soluções energéticas sustentáveis se tornem parte integrante da resiliência dos cuidados de saúde, o que permite à MSF gerir eficazmente a prestação de cuidados durante emergências climáticas.

O novo sistema híbrido de energia solar, ligado à rede e com capacidade de 60kW/30kW, reduz de forma significativa os custos operacionais e as emissões de carbono. O sistema foi concebido para fornecer energia fiável e ininterrupta ao hospital, o que aumenta a capacidade de superação da unidade contra interrupções energéticas comuns nos sistemas a diesel. Além disso, a integração de ferramentas de monitorização ligadas à internet permite à equipa da MSF aceder a dados em tempo real sobre o consumo de energia, eficiência do sistema e desempenho, o que facilita a manutenção proativa e garante a sustentabilidade a longo prazo.

Mohsin sublinha a necessidade crítica de resiliência climática nas infraestruturas de saúde: “Os choques climáticos frequentes e intensos que a Somália enfrenta agravam as crises de saúde existentes e deixam as comunidades em situação de vulnerabilidade ainda mais expostas. Soluções de energia renovável, como o sistema solar melhorado em Galkayo, permitem-nos responder de forma eficaz a estes desafios, mantendo os serviços médicos essenciais precisamente quando são mais necessários.”

Esta atualização inovadora alinha-se com o compromisso da MSF com a sustentabilidade ambiental e com o objetivo de reduzir para metade as emissões de carbono da organização até 2030, em comparação com os níveis de 2019. Representa também um exemplo prático de ação climática no setor humanitário e demonstra como as iniciativas de energia sustentável podem ser integradas com sucesso nas operações médicas essenciais, mesmo em áreas afetadas por crises.

 

[1] Apoio ao Reforço do Planeamento de Adaptação às Alterações Climáticas para a República Federal da Somália.

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