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Os mineiros do Zimbabwe enfrentam a dura realidade de ter de trabalhar em minas artesanais sem quaisquer tipo de proteções contra os riscos do ofício, num contexto onde praticamente não existem serviços de saúde
O acesso limitado aos serviços de saúde primária nas atividades de mineração artesanal e de pequena escala é uma marca da dura realidade de quem trabalha nas minas em Gwanda, no Zimbabwe: de quem respira frequentemente poeiras de silício, num ambiente sobrelotado, sem quaisquer tipo de condições.
Tudo isto acarreta riscos para a comunidade de mineiros do país, que atualmente enfrenta uma tripla epidemia: tuberculose (TB), silicose e VIH. O risco de silicose – uma doença pulmunar que resulta da exposição ao pó de silício – é particularmente alto, mas difícil de evitar, visto estar diretamente relacionado com as atividades de trabalho dos mineiros: muito simplesmente, escavar e explodir.
A carga de doenças respiratórias que afeta os mineiros artesanais de pequena escala, popularmente referidos no Zimbabwe como amakorokoza (em Ndebele) deve-se a vários fatores socioeconómicos: a falta de vestuário protetor, a falta de conhecimento sobre medidas preventivas de doenças que podem tomar ao realizar funções e um acesso muito limitado a cuidados médicos.
Os mineiros estão também expostos a infeções sexualmente transmissíveis devido à prevalência do trabalho sexual nas comunidades mineiras.
É neste contexto que a Médicos Sem Fronteiras (MSF) está a levar a cabo uma iniciativa de assistência médica móvel no distrito de Gwanda, província de Matabeleland Sul, para apoiar o Ministério da Saúde e Cuidados Infantis na assistência a populações remotas.
É difícil para eles chegarem às unidades de saúde, por isso, vamos nós até às minas” – Munyaradzi Sidakwa, responsável médico do projeto
É difícil para eles chegarem às unidades de saúde, por isso, vamos nós até às minas”
– Munyaradzi Sidakwa, responsável médico do projeto
O projeto é direcionado para as comunidades de mineração artesanal de pequena escala e visa preencher as lacunas dos serviços de saúde e levar serviços essenciais diretamente aos mineiros. A MSF proporciona um acesso à prevenção, rastreio e tratamento de doenças transmissíveis e não transmissíveis.
Nestas áreas de difícil acesso, uma das maiores dificuldades é sensibilizar as comunidades e os mineiros sobre a importância de cuidados médicos. Há muitas pessoas que não seguem as referências, ou que, por outro lado, enfrentam demasiadas barreiras no acesso a tratamento médico a preços razoáveis e têm por isso de recorrer a medicamentos tradicionais.
Outro obstáculo é o de partilhar informações de saúde pública com os mineiros, devido à natureza móvel da profissão – a necessidade de se deslocarem de um lugar para o outro, em busca de depósitos ricos em ouro. Além disso, muitos têm de viajar entre seis a 30 quilómetros para aceder à unidade de saúde mais próxima.
Após percorrer as estradas esburacadas que desembocam nas minas artesanais, as equipas da MSF chegam às áreas onde está a comunidade afetada. Os pacientes, avisados pelas equipas de promoção dois dias antes, estão já à espera. As mulheres e as crianças são as primeiras a chegar, enquanto que os homens chegam durante o horário de almoço, pois trabalham no subsolo. Passado o meio-dia, cansados e exaustos, juntam-se à fila para serem examinados e receberem a medicação.
É difícil para mim visitar a clínica. Durante o dia, estamos ocupados nos buracos, então prefiro sacrificar-me para ganhar dinheiro e sustentar a minha família.” – Amon Ndhlovu, mineiro artesanal
É difícil para mim visitar a clínica. Durante o dia, estamos ocupados nos buracos, então prefiro sacrificar-me para ganhar dinheiro e sustentar a minha família.”
– Amon Ndhlovu, mineiro artesanal
Compostas por profissionais médicos e de enfermagem, pessoal técnico de farmácia e promotores de saúde, as equipas da MSF organizam viagens de assistência médica móvel aos locais de mineração artesanal espalhados pelo distrito de Gwanda para fornecer cuidados médicos, e, em alguns dias, vão às comunidades anfitriãs.
A assistência médica móvel é realizada quatro dias por semana, com as equipas a visitar dois locais diferentes por dia. Todos os dias, são atendidas novas pessoas, numa média de cerca 70 pacientes nos locais de mineração e mais de 200 nas comunidades. Os serviços médicos incluem rastreio gratuito para condições como TB, VIH, rastreio do cancro do colo do útero, hipertensão, infeções sexualmente transmissíveis e o fornecimento de serviços de planeamento familiar.
“Identificámos algumas das principais lacunas e fizemos parceria com o Ministério da Saúde e Cuidados Infantis para realizar programas de assistência médica móvel em locais de mineração artesanal. O nosso objetivo não é apenas responder às necessidades imediatas de saúde desses mineiros, mas também capacitá-los com conhecimento e ferramentas para se protegerem a eles e às comunidades a longo prazo, e o rastreio é gratuito,” explica o responsável médico do projeto, Munyaradzi Sidakwa.
Os medicamentos são fornecidos gratuitamente durante a assistência médica móvel e os pacientes que não podem ser tratados no local ou que necessitam de intervenções avançadas são encaminhados para o Hospital Provincial de Gwanda. Até ao momento, a MSF já assistiu mais de 4 000 mineiros artesanais e comunidades anfitriãs.
“É difícil para eles chegarem às unidades de saúde, por isso, vamos nós até às minas. Fornecemos um pacote abrangente e abordamos os desafios enfrentados pelos mineiros artesanais, nomeadamente, o VIH, a TB, a silicose, o acesso limitado a preservativos e métodos de planeamento familiar, ISTs, o uso de drogas e substâncias e transtornos de saúde mental,” acrescenta Sidakwa.
A procura pelos serviços é alta, e é gratificante ver como a comunidade mineira valoriza os esforços das equipas da MSF para levar cuidados de saúde até aos locais onde estão.
“É difícil para mim visitar a clínica, mesmo quando me sinto doente. Durante o dia, estamos ocupados nos buracos, então prefiro sacrificar-me para ganhar dinheiro e sustentar a minha família. Sofremos internamente com dores e desconfortos generalizados e simplesmente ignoramos, mas as dores no peito são severas. Agora que estamos a receber serviços médicos aqui, é mais fácil para mim,” conta Amon Ndhlovu, um dos mineiros artesanais.
Para controlar efetivamente a TB, a silicose e o VIH entre os mineiros artesanais e de pequena escala, é necessário primeiro responder às falhas de conhecimento e às barreiras identificadas no acesso a equipamentos de proteção individual e serviços de saúde.
Isso exigirá uma colaboração multissetorial e o envolvimento dos mineiros artesanais e de pequena escala no co-criação de um projeto de serviços de saúde adaptados para eles.
Além disso, é necessário que as partes interessadas colaborem com o Ministério da Saúde e Cuidados Infantis para garantir que existem serviços de saúde próximos dos locais de mineração.
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