MSF realiza campanha de vacinação contra sarampo em Mali

Cerca de 400 mil crianças devem ser imunizadas contra a doença. Maior desafio é vacinar populações nômades da região

Uma epidemia de sarampo assola o norte de Mali. Médicos Sem Fronteiras (MSF) está providenciando tratamento para os doentes e lançou uma campanha de vacinação para aproximadamente 400 mil crianças, com idade entre seis meses e 15 anos.

O sarampo é uma doença contagiosa que afeta principalmente crianças. A doença pode ser fatal ou causar complicações sérias, entre as quais pneumonia e perda da visão. Ela pode ser facilmente prevenida através da vacinação, mas nas áreas afetadas em Mali, a cobertura de imunização é muito fraca, fazendo com que a epidemia se espalhe facilmente.

Para evitar esse alastramento, MSF deu início em maio a uma campanha de vacinação na região de Timbuktu, em uma área que atingiu o limite necessário para ser declarada uma epidemia. Até agora, as equipes de MSF e do Ministério da Saúde já vacinaram 160 mil crianças na cidade de Timbuktu e em seus arredores. A campanha vai continuar na região de Timbuktu e outra será iniciada em breve na região vizinha de Gao.

Populações nômades

Entre a população, estão vários tuaregues e outros grupos nômades, que estão a caminho do sul de Timbuktu em busca de água. As equipes também vacinaram alguns grupos étnicos que atualmente estão a caminho do Rio Níger, em busca de peixe.

“As pessoas estão se movendo constantemente e esse é um grande desafio”, explicou Louis Kakudji Mutokhe, coordenador médico de MSF. “É extremamente difícil acompanhar sua migração. Dois ou três dias antes da vacinação, enviamos uma equipe de educadores para explicar às pessoas a campanha e para pedir que não partissem. Mas se começa a chover em qualquer lugar, eles se deslocam para esses lugares, onde podem encontrar melhores pontos de água para o gado”.

Já registramos mais de 2,5 mil pacientes com sarampo nas regiões de Timbuktu e Gao. MSF implementou três centros de tratamento em Timbuktu e outros dois em Gao. Além disso, quatro equipes móveis estão realizando levantamentos para localizar os doentes, tratá-los e transferir os casos complicados para unidades de tratamento.

Em uma região tão vasta e pouco povoada (cerca de um habitante por quilômetro quadrado), MSF tem que mobilizar necessidades logísticas significantes. As péssimas condições das estradas fazem com que se deslocar de um lugar para outro leve muito tempo. Apenas na região de Timbuktu, 12 equipes de MSF, do Ministério da Saúde e representantes da sociedade civil estão trabalhando na campanha de imunização. Cerca de 20 carros transportam as equipes para os pontos de vacinação.

A temperatura nessa época do ano em Mali é de quase 50 graus Celsius. No entanto, para ser eficaz, as vacinas têm que ser mantidas em uma temperatura baixa – entre dois e oito graus Celsius . “Nós temos que manter a ‘cadeia fria’ mesmo nos lugares mais remotos”, explica Kakudji Mutokhe. “A cadeia fria fica baseada em Timbuktu e temos pelo menos dois veículos levando pacotes de gelo e vacinas para o terreno. Você realmente precisa de muitos recursos se quer evitar dar às crianças vacinas ineficazes”.

Ao todo, 100 integrantes de MSF, majoritariamente de Mali, estão trabalhando nesta campanha de vacinação.

MSF trabalha em Mali desde 1992. Em Timbuktu, MSF opera mulheres que sofrem de fístula obstétrica e no sul do distrito de Kangaba, administra um projeto de malária.

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