MSF saúda lançamento de nova combinação contra tipo mais grave da malária

Criado através de uma parceria entre DNDi e Farmanguinhos, o ASMQ combina em uma dose fixa única o artesunato (AS) e mefloquina (MQ)

Às vésperas do Dia Internacional da Malária, Médicos Sem Fronteiras – MSF comemora o lançamento no Brasil de um novo medicamento contra o P. Falciparum, o tipo mais grave da doença. Desenvolvido pelo DNDi (Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas) em parceria com Farmanguinhos/Fiocruz, o ASMQ, é o primeiro medicamento contra a malária que combina em uma dose fixa única o artesunato (AS) e mefloquina (MQ). Para MSF, o ASMQ é uma ferramenta adicional importante para tratar melhor uma doença que, ainda hoje, mata a cada ano mais de um milhão de pessoas em todo mundo. Para ter uma idéia da gravidade do problema, a cada 30 segundos uma criança morre desta doença. Somente em 2006, Médicos Sem Fronteiras tratou 1,8 milhão de pessoas com a doença em projetos na África, Ásia e Américas.

Ao associar os dois princípios ativos em um único comprimido, o ASMQ torna o tratamento contra a malária mais simples para adultos e crianças. As vantagens incluem formulações especiais para crianças por faixa de idade, um número reduzido de comprimidos e de dias de tratamento (em geral uma dose única de um ou dois compridos, durante três dias), um preço de custo, uma boa estabilidade do produto em climas quentes sem necessidade de refrigeração. são características que fazem Médicos Sem Fronteiras considerar muito positivamente a chegada deste novo medicamento.

Causada por quatro espécies do parasita Plasmodium, a malária é transmitida por mosquitos infectados e assola principalmente comunidades pobres e rurais, sendo as maiores vítimas crianças com até cinco anos. Atualmente, há cerca de 1 milhão de casos de malária na América Latina (25% por P. Falciparum e a maioria no Brasil) e 3 milhões de casos na Ásia. O medicamento está registrado no Brasil e espera-se que ele seja amplamente utilizado na América Latina e na Ásia .

Criado em 2003 por Médicos Sem Fronteiras e pelo Instituto Pasteur, além de outras quatro instituições públicas de pesquisa, a Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi) é uma parceria para desenvolvimento de produto (PDP) independente, sem fins lucrativos. DNDi trabalha na pesquisa e no desenvolvimento de novos e melhores tratamentos para doenças negligenciadas como a malária, a doença de Chagas, o kalazar (leishmaniose visceral) e a doença do sono (Tripanossomíases Humana Africana).

O ASMQ é o segundo medicamento voltado para a malária lançado por DNDi. Em março de 2007, foi lançado o ASAQ, medicamento que combina em dose única artesunato-amodiaquina e usado para combater o tipo da doença prevalente principalmente na África.

É crucial o fato deste medicamento ter sido desenvolvido no setor público e sem patente. O desenvolvimento pelo setor sem fins lucrativo de medicamentos, vacinas e diagnósticos baseados nas necessidades de saúde das populações dos países em desenvolvimento é um passo fundamental na busca de novas soluções para o sistema de pesquisa e desenvolvimento baseado até hoje predominantemente no sistema de patente. Entre outras preocupações, busca-se maneiras de desvincular o custa da Pesquisa do Preço final do medicamento. Representantes de governos vão se reunir em dez dias na Organização Mundial de Saúde para importantes negociações onde serão analisados modelos alternativos de pesquisa e desenvolvimento, que considerem esta necessidade de desvinculação, e que possam incentivar o desenvolvimento de medicamentos que respondem às necessidades das populações dos países em desenvolvimento a preços acessíveis. Este novo medicamento se enquadra neste tipo de desenvolvimento.

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