MSF termina resposta no Niassa com a diminuição de casos de cólera

Atividades completadas na primeira semana de março, após o lançamento de uma campanha de vacinação oral contra a cólera por parte das autoridades de saúde

© Martim Gray Pereira/MSF

Na sequência da redução no número de casos de cólera, a Médicos Sem Fronteiras (MSF) terminou a resposta de apoio ao Ministério da Saúde de Moçambique na província Norte do Niassa. Esta foi a área mais afetada pelo recente ressurgimento da doença no país.

A MSF completou as atividades na primeira semana de março, após o lançamento de uma campanha de vacinação oral contra a cólera por parte das autoridades de saúde, destinada a 719 000 pessoas em Moçambique, 556 000 delas no Niassa.

Desde janeiro passado, a MSF trabalhou de perto com as autoridades locais, outras organizações e comunidades para ajudar a controlar a propagação da doença. Entre meados de setembro de 2022 e o início de março deste ano, foram registados 2 927 casos de cólera no Niassa, de acordo com as autoridades de saúde. A 6 de março, apenas 28 pacientes permaneciam hospitalizados em centros de tratamento de cólera (CTC) na província.

“A resposta à cólera no Niassa feita em colaboração é um bom exemplo do que pode ser alcançado quando as autoridades locais e as organizações humanitárias trabalham juntas em situações críticas”, frisa a coordenadora de emergências da MSF nesta resposta, Cristina Graziani.

Como parte do trabalho feito no Niassa, a MSF montou e fortaleceu CTC na capital da província, Lichinga, assim como em outros sete locais (Metangula, Meluluca, Sanga, Mandimba, Mecanhelas, Matukuta e Meponda). No total, estas estruturas estavam dotadas com capacidade para admitir cerca de 150 pessoas. Equipas da MSF providenciaram também apoio no tratamento de pacientes.

Mohamed Amis, de 78 anos, acompanhou o filho, Mohamed, ao CTC em Meluluca. “Quando o meu filho começou a ter sintomas, apressámo-nos a garantir que ele recebia apoio. Ele não conseguia andar, por isso usámos uma moto. Eu estava muito preocupado, mas agora sinto-me aliviado por ver que ele está a melhorar”, conta Amis.

A MSF também doou equipamentos, incluindo 147 camas para cólera, 500 kits de higiene a famílias de pacientes, 4 000 litros de Ringer Lactate (substância administrada a pacientes com desidratação grave, fornece quantidades adequadas de sódio e de cálcio) e 17 500 garrafas de purificador de água. Além disso, a MSF prestou formação a cerca de 50 profissionais médicos e outros trabalhadores para aumentar a consciencialização comunitária sobre os efeitos da doença e sobre medidas de prevenção.

“Divulgamos mensagens sobre boas práticas de higiene e sobre água potável segura”, explica a voluntária de saúde comunitária Rehema Cajica, que participou numa das formações. “Quando ouvimos dizer que alguém tem sintomas de cólera, como vómitos e diarreia, asseguramo-nos de que a pessoa bebe água para evitar a desidratação e que vai a um centro de saúde o mais rápido possível. É muito importante que todas as pessoas na nossa comunidade saibam isto, porque esta informação salva vidas.”

Apesar de os números de casos terem já diminuído no Niassa, a MSF continua a acompanhar as tendências epidemiológicas na província. Presentemente, foram observados casos de cólera em outras cinco províncias no país – Gaza, Manica, Sofala, Tete e Zambézia. Segundo o Ministério da Saúde do país, entre setembro de 2022 e 5 de março de 2023, Moçambique registou um número acumulado de 7 237 casos e 38 mortes. Como foi detetada cólera em outras províncias, são necessários esforços adicionais em todo o país, incluindo a gestão adequada de pacientes nos CTC, cumprindo os protocolos do país, assim como medidas de prevenção e deteção precoce de casos a nível comunitário para encaminhamento.

A MSF continua a trabalhar de perto com as autoridades nacionais e provinciais de Maputo, Sofala, Tete, Nampula e Cabo Delgado, para prestar apoio na prevenção e resposta à cólera. Para providenciar assistência na resposta à cólera e a diarreia por todo o país, a MSF doou recentemente 100 000 doses individuais de sais de reidratação oral.

 

A MSF trabalha em Moçambique desde 1984 e durante mais de 30 anos tem dado resposta a necessidades médicas e humanitárias em todo o país. A cólera é endémica em Moçambique. É altamente contagiosa e ocorre em contextos sem água limpa e desprovidos de saneamento adequado. Causa diarreia e vómitos profusos e, sem tratamento, pode levar rapidamente à morte devido a desidratação intensa. A MSF tem um longo historial de respostas conjuntas com as autoridades moçambicanas para necessidades das pessoas relacionadas com cólera.

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