Na região do rio Tana, faltam alimentos e abrigo

Enchentes causam o deslocamento de milhares de moradores da região, que dependem de ajuda humanitária

 Depois de semanas de inundações, a população da região de Tana Delta ainda precisa urgentemente de alimentos, abrigo, acesso à água potável e serviços médicos, de acordo com a organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF). MSF está pedindo que os esforços sejam concentrados na provisão de alimentos e outros itens de primeira necessidade a milhares de pessoas deslocadas pelas enchentes.
 
MSF está atuando na área desde o início das enchentes, oferecendo cuidados médicos e distribuindo itens não médicos aos deslocados. Como muitas pessoas não puderam levar quaisquer suprimentos consigo quando se viram obrigadas a se mudarem para áreas mais elevadas, a organização distribuiu kits contendo mosquiteiros e lonas plásticas para abrigar mais de 900 famílias nos acampamentos para deslocados internos, onde MSF atua. No entanto, a necessidade por mais suprimentos alimentares é urgente, uma vez que muitas pessoas tiveram suas colheitas destruídas e seus animais afogados.
 
“Deixei Chewele uma semana e meia atrás, depois de perder tudo o que tinha nas enchentes. Ao menos, pude sair de lá com meus cinco filhos, graças aos esforços da minha comunidade. Todas as nossas cabras e gado se afogaram. Agora estou aqui e recebi utensílios, mas não há nada para cozinhar”, conta Riziki Juma, de 36 anos, que agora vive no campo de Molokani.

Cerca de 7 mil residentes da região de Tana Delta, deslocados pelas recentes enchentes, não têm acesso a cuidados de saúde adequados, devido à escassez de medicamentos nas instalações existentes; pessoas de outras regiões estão completamente sem acesso, à medida que o nível da água continua a subir.
 
Em um período de duas semanas, MSF realizou consultas e tratou cerca de 700 deslocados internos em Bura com diferentes doenças, sendo as ocorrências mais comuns infecções do trato respiratório superior, diarreia, inflamação dos intestinos e do estômago e doenças parasitárias. Essas populações não têm acesso a cuidados de saúde devido à dificuldade de chegar até as instalações. Além disso, há escassez de medicamentos e de profissionais em alguns centros de saúde. “Muitas pessoas que chegam aqui estão com diferentes doenças: eu tenho dores no peito, outros sofrem com outras coisas. É bom que possamos receber atenção médica logo que chegamos”, afirma Nura Abdala, mãe de três crianças, original da região de Shika Adabu e agora deslocada interna no campo de Molokani.
 
Fortes chuvas que começaram há três semanas fizeram o rio Tana transbordar, inundando toda a região. A qualidade da água é ruim, por conta das enchentes, e as latrinas estão deterioradas. MSF está prestando suporte à comunidade local nas regiões de Bura e Garsen e nos acampamentos de Dalango e Molokani, com a construção de novas latrinas e a oferta de serviços de água e saneamento.
 
“Estamos preocupados com a ameaça de surtos de doenças transmitidas por meio da água e por vetores, que são comuns em situações de enchentes. Estamos monitorando a situação para que possamos detectar e mitigar quaisquer surtos em tempo hábil”, diz Martha Kihara, coordenadora médica adjunta de MSF no Quênia.

MSF atua no Quênia desde 1987. A organização está monitorando a situação em outras áreas afetadas pelas enchentes em Nyanza e Turkana. Além disso, MSF desenvolve projetos no país em Kibera, Mathare e Homa Bay e no campo de refugiados de Dadaab.

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