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Faltam os serviços mais básicos, como aquecimento e eletricidade, às pessoas deslocadas na Síria. Para sobreviver ao frio, são muitos os riscos e as consequências brutais, com milhares a sofrerem ferimentos por queimadura
Antes de ser consumida pelas chamas, a tenda de Mohammed parecia-se com milhares de outras espalhadas pelas terras agrícolas encharcadas de chuva junto à fronteira da Síria com a Turquia. Abrigados sob lonas plásticas molhadas, ele e a família bebiam chá enquanto se aqueciam com um velho aquecedor a lenha.
Como muitos campos no Noroeste da Síria, Anin al-Sahel localiza-se numa área remota e montanhosa. Serviços básicos como aquecimento e cuidados de saúde são escassos e os invernos muito rigorosos. Temperaturas extremamente baixas e chuvas intensas transformam o solo em lama, enquando ventos gelados batem nas tendas frágeis em que se abrigam milhares de familias deslocadas.
Num desses dias de inverno, Mohammed tentou acender o fogão a lenha com gásoleo – um combustível normalmente utilizado nos campos por ser barato e mais acessível. Quando despejou o líquido de um jerricã plástico sobre a lenha, o recipiente explodiu.
“A garrafa tinha pouco mais de meio litro de gásoleo quando explodiu. As chamas começaram a queimar-me o corpo, dos pés até às mãos. Quando as mãos pegaram fogo, já não consegui apagar as chamas”, conta Mohammed.
Agora em recuperação numa cama de hospital em Atmeh, no Noroeste da Síria, Mohammed tem os braços e as mãos envoltos em ligaduras. Ele recorda o pânico de quando as chamas engoliram a tenda em segundos, e os irmãos tentavam apagar o fogo com cobertores.
Foi levado de urgência para o hospital Al-Sahil, onde recebeu os primeiros cuidados, e depois transferido para o hospital de queimados da MSF em Atmeh – a única unidade especializada neste tratamento em toda a região.
A história de Mohammed é tragicamente comum nesta região da Síria. Em 2012, a MSF abriu uma ala de queimados em Atmeh para tratar as muitas pessoas deslocadas com ferimentos resultantes de incêndios e por água a ferver. Nos anos recentes, esta ala evoluiu para um hospital cirúrgico e de reabilitação. Só em 2024, foram registadas 8.340 emergências relacionadas com queimaduras – uma média de 23 pacientes por dia.
Tal como milhões de outros sírios, Alia e a família fugiram dos bombardeamentos durante a guerra civil no país e refugiaram-se no campo de Al-Salata, em Khirbet al-Jouz. A casa desta família foi destruída e a aldeia onde viviam continua repleta de minas. Desde a queda do regime de Assad, em 2024, não conseguiram lá voltar.
“As pessoas nos campos precisam de tudo – até os serviços de água foram cortados desde a libertação da Síria”, frisa Alia. “Têm sido 13 anos de frio, fome e sofrimento.”
Tal como Mohammed, Alia sofreu queimaduras ao despejar gasóleo para um aquecedor. Passou duas semanas no hospital da MSF, onde foi submetida a cirurgias e a mudanças de penso diárias. Mas continua a viver nas mesmas condições perigosas que lhe causaram os ferimentos.
“Tenho três filhos e o pai deles é idoso. Não sei como vou conseguir. Sem água, sem nenhuma ajuda – a vida tornou-se muito difícil nos campos.”
É estimado que 7,2 milhões de pessoas continuam deslocadas na Síria, após mais de 13 anos de guerra. A maioria vive em campos sem eletricidade, nem aquecimento ou água potável.
A piorar esta situação, os cortes de financiamento feitos pelo governo dos Estados Unidos – instaurados durante a administração Trump – limitaram gravemente o acesso a cuidados de saúde. No final de fevereiro de 2025, mais de quatro milhões de pessoas em nove governorados da Síria foram afetadas por estes cortes, que levaram ao encerramento de mais de 150 instalações de saúde, incluindo 19 hospitais, 97 centros de cuidados primários de saúde, 20 equipas móveis e 15 centros especializados.
Além disso, uma avaliação realizada recentemente no Noroeste da Síria revelou que a redução na ajuda internacional teve impactos em 178 unidades de saúde nos governorados de Idlib e de Alepo.
“Antes havia centros de saúde e hospitais”, recorda Mohammed. ‘’Agora, a maioria deixou de funcionar. Até a maternidade e hospital pediátrico fechou depois dos cortes no financiamento.”
Com as poucas alternativas existentes, o hospital da MSF em Atmeh continua a ser um salva-vidas crucial. Ali são providenciadas cirurgias, fisioterapia, cuidados em saúde mental e até máscaras faciais impressas em 3D que ajudam a reduzir cicatrizes e promovem a recuperação dos ferimentos por queimadura.
“No hospital da MSF, as enfermeiras trocam as minhas ligaduras. Passei por duas cirurgias – um desbridamento [processo para remover pele morta e resíduos da ferida] e um enxerto de pele”, descreve Mohammed. “Mas vivo numa zona rural de Jisr al-Shughur e tenho de percorrer uma longa distância para chegar ao hospital.”
Apesar da queda do regime de Assad, pessoas como Mohammed e Alia continuam a não poder regressar a casa. Minas terrestres, infraestruturas destruídas e a ausência de serviços básicos mantêm-nas presas em campos, enquanto os cortes de financiamento do governo dos EUA agravaram uma situação que já era desesperante.
“Só quero que a vida volte ao normal – e que as nossas zonas tenham novamente acesso a serviços”, expressa Mohammed. “Sofremos durante 13 anos.”
É urgente garantir prontamente o aumento do apoio financeiro à Síria, de modo a ser possível dar uma resposta abrangente aos milhões de pessoas no país que necessitam de assistência humanitária.
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