Norte da Síria: deslocados internos e comunidades anfitriãs precisam de assistência humanitária urgentemente

Equipes de MSF trabalham para garantir a vacinação de crianças e o tratamento de problemas como a desnutrição na região

Norte da Síria: deslocados internos e comunidades anfitriãs precisam de assistência humanitária urgentemente

Com frentes de batalha móveis e com a ofensiva das Forças Democráticas da Síria (SDF, na sigla em inglês) na cidade de Menbij – que fica no nordeste da província de Aleppo, próximo à fronteira da Turquia -, o número de civis fugindo das cidades de origem para as áreas próximas ao rio Eufrates aumentou. Tanto os deslocados internos da Síria como as comunidades anfitriãs passam por necessidades urgentes de assistência humanitária.

A situação desastrosa aliada ao colapso geral do sistema de saúde eleva o medo de um futuro aumento no país de doenças infantis evitáveis, disse a organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF).

“Não há médicos e nós não temos acesso a alimentos. Não podemos nos movimentar livremente aqui. Todos estão com medo. Eu sonho em voltar e viver com segurança com a minha família no meu vilarejo. Se eu voltar, nunca mais eu vou sair de lá, mas infelizmente isso só pode acontecer quando não formos mais atacados repetidamente”, disse um deslocado de 51 anos do nordeste de Abu Qalqal.  

Precisamos de vacinação

Em maio, 23 crianças com suspeita de sarampo foram registradas no centro de saúde de Sarrin, no nordeste de Aleppo. Todas elas eram de comunidades localizadas em áreas afetadas por conflitos e próximas às linhas de frente recém-formadas, onde os índices de vacinação são baixos e há pouco acesso a cuidados de saúde. 

 “O sarampo é altamente infeccioso e os surtos ocorrem quando o sistema de saúde e a rotina de vacinação em crianças é ausente ou insuficiente”, diz Vanessa Cramond, coordenadora de emergência médica de MSF. “Crianças mais novas são particularmente vulneráveis ao sarampo, especialmente se há complicações como desnutrição ou outras doenças”, acrescentou Cramond.

Uma crise de saúde iminente

Para tentar impedir que o risco de infecção se espalhe, MSF aumentou seu apoio às autoridades locais de saúde no norte da Síria, que implementaram uma campanha de vacinação na área a leste do rio Eufrates, no nordeste da província de Aleppo. No total, 2.748 crianças foram vacinadas contra o sarampo em comunidades que estão sofrendo as consequências da guerra e dos combates em terra.  

Simultaneamente, equipes locais de assistência à saúde realizaram uma distribuição emergencial de alimentos e examinaram crianças que passavam pela campanha de vacinação para identificar casos de desnutrição aguda. Nove crianças com desnutrição aguda foram identificadas e receberam cuidados médicos urgentes, enquanto 30 crianças com desnutrição aguda moderada receberam tratamento nutricional.

“Não era seguro ficar em Menbij, então decidimos fugir com nossos cinco filhos. Primeiro usamos uma moto, mas na parte final da jornada fomos obrigados a caminhar. Tivemos sorte de conseguir chegar aqui. O principal desafio aqui é conseguir alimento e assistência médica. Só há uma farmácia privada com alguns medicamentos, mas não há médicos. Precisamos vacinar nossas crianças”, disse uma deslocada interna de 27 anos, de Menbij.

Depois de quase seis anos de conflito na Síria, famílias e comunidades que se encontram na linha direta dos combates ou longe das frente de batalha continuam vivenciando surtos de doenças e dificuldades para ter acesso a assistência e cuidados para condições crônicas, como diabetes, epilepsia, doenças do coração e outras doenças tratáveis. Sem aumento no acesso a cuidados médicos, a saúde da população vai continuar em declínio.

Desde março de 2015, MSF trabalhou juntamente com a Administração de Saúde de Kobane para reestabelecer instalações básicas de saúde, oferecer serviços ambulatoriais, reintroduzir serviços de vacinação e criar programas de apoio psicológico. MSF atualmente apoia a Administração de Saúde para a abertura de um novo hospital de 36 leitos na cidade de Kobane e de oito clínicas nas áreas próximas.

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