A Médicos Sem Fronteiras (MSF) é uma organização humanitária internacional que leva cuidados de saúde a pessoas afetadas por graves crises humanitárias. Também é missão da MSF chamar a atenção para as dificuldades enfrentadas pelos pacientes atendidos em seus projetos.
Como organização médica, buscamos sempre oferecer o melhor tratamento disponível aos nossos pacientes. O trabalho de MSF envolve uma grande variedade de atividades, desde a organização de campanhas…
Veja as principais atualidades sobre as atividades da Médicos Sem Fronteiras.
Saiba mais sobre os nossos projetos no terreno e as nossas atividades em todo o mundo.
Assista aos vídeos sobre o trabalho da Médicos Sem Fronteiras em diversos projetos pelo mundo.
Ouça as histórias e as experiências vividas por quem está nas linhas da frente das emergências humanitárias.
O que vemos e registamos sobre o trabalho das nossas equipas e as populações que apoiamos.
Participe nos nossos eventos, online ou presenciais, para apoiar e saber mais sobre o nosso trabalho.
Profissionais portugueses contam as experiências nos diversos projetos da MSF.
Pode ajudar a MSF de várias formas, fazendo donativos, divulgando o trabalho e angariando fundos para a concretização dos projetos.
O seu donativo faz a diferença, ajuda-nos a levar cuidados médicos a quem mais precisa.
Faça a consignação do seu IRS à Médicos Sem Fronteiras e ajude-nos a salvar vidas!
A MSF depende inteiramente de donativos privados para fazer chegar assistência médica-humanitária a quem mais precisa.
Procuramos novas formas de chegar a cada vez mais pessoas, com o objetivo de envolvê-las com a nossa missão.
Faça do seu testamento, um testamento solidário incluindo a Médicos Sem Fronteiras.
A sua empresa pode fazer a diferença. Juntos podemos fazer ainda mais.
Se tem uma multa ou uma contra-ordenação, saiba que pode fazer o pagamento à Médicos Sem Fronteiras Portugal.
Duas mulheres sul-sudanesas contam como a vacina contra a hepatite E lhes salvou a vida
Principal causa de hepatite viral aguda, a hepatite E está associada a cerca de 20 milhões de infeções e 70 mil mortes por ano no mundo. Esta doença, transmitida através de água contaminada, afeta predominantemente pessoas em situação de pobreza ou desvantagem e pode ter consequências fatais durante a gravidez. Os surtos de hepatite E em grande escala acontecem sobretudo em locais com condições inadequadas de água e saneamento como o Sudão do Sul, país assolado nos últimos anos por cheias que comprometem a qualidade da água.
Nyakuola Nguot Gang teve os partos de todos os seis filhos na ala de maternidade que a Médicos Sem Fronteiras (MSF) gere desde há muito tempo no extremo Norte do Sudão do Sul, onde ela vive com a família.
A filha mais nova, Nyamuch, nasceu a 1 de janeiro de 2025 – mas só depois de a mãe, com 40 anos, ter escapado à morte.
“A hepatite E atacou-me. Quase perdi a minha vida enquanto estava grávida, em setembro”, conta Nyakuola. “Fui diagnosticada no hospital. Pensei que eram apenas sintomas da gravidez, porque me doía o corpo e tinha febre. Fiz análises ao sangue e foi então que descobriram que era hepatite E.”
O facto de Nyakuola estar grávida colocava-a na categoria de maior risco caso contraísse hepatite E, uma doença transmitida através da água. Já tinham ocorrido mortes na comunidade desde que o surto fora declarado em Old Fangak. O vírus continuava a circular devido à falta de abastecimento sustentável de água potável e de um sistema eficaz de gestão de resíduos na região afetada pelas cheias.
“A água está a afetar-nos. É por causa da água que temos tantos problemas de saúde”, lamenta Nyakuola.
“Eu tinha dores abdominais, dores no peito e uma infeção em ambos os rins. Isto também afeta o bebé, e a mãe sente-se como se o bebé estivesse prestes a nascer.” Nyakuola pensou: “O destino da minha bebé era o mesmo que o meu. Se eu morresse, a bebé também teria morrido.”
Mas Nyakuola teve a vantagem de já estar vacinada antes de engravidar. Não tinha recebido todas as doses, mas conseguiu participar em duas das três rondas da campanha de vacinação da MSF.
O destino da minha bebé era o mesmo que o meu. Se eu morresse, a bebé também teria morrido.” – Nyakuola Nguot Gang
O destino da minha bebé era o mesmo que o meu. Se eu morresse, a bebé também teria morrido.”
– Nyakuola Nguot Gang
“O anúncio da vacinação foi explicado em toda a área. Vieram aqui até nós para fazer a campanha e dar-nos informações. As pessoas desta comunidade foram vacinadas, todas as raparigas a partir dos 15 anos. Fomos todas vacinadas”, conta Nyakuola.
“Foi uma decisão pessoal vacinar-me, embora tenha havido quem não quisesse receber a vacina. As pessoas que já tinham vivido antes na cidade ou na vila sabiam da importância da vacina, mas outras não. As pessoas que viram quem foi vacinado e sobreviveu, decidiram também vacinar-se.”
Tal como todos os outros serviços prestados pela MSF, a vacinação foi gratuita. Para uma família como a de Nyakuola, seria impossível manter-se saudável sem cuidados de saúde gratuitos.
Ela explica: “Uma das maiores dificuldades é que o meu marido está desempregado. Ele não recebe nada porque é uma pessoa com deficiência. Perdeu as pernas devido à mordedura de uma cobra. Estou muito grata e aprecio o trabalho da organização. Se não fosse a MSF, eu não estaria aqui hoje.”
Quando Nyasebit Chan Khor se mudou para Old Fangak, no estado de Jonglei, Sudão do Sul, um surto de hepatite E já assolava a região.
O vírus afeta pessoas de todas as idades, mas é particularmente perigoso para mulheres e raparigas, especialmente durante a gravidez. Com dois filhos, Nyasebit deixou a família mais próxima em New Fangak para apoiar os meio-irmãos, em Old Fangak, que estavam a viver um momento difícil.
“Vim para cá em maio [de 2024], trabalhar no mercado. A mãe dos meus meios-irmãos morreu. Por isso, a única pessoa que ficou para ser mãe deles sou eu. Foi isso que me trouxe de New Fangak para Old Fangak”, recorda Nyasebit Chan Khor.
Os surtos de hepatite E costumam ser anormalmente longos em comparação com outras epidemias. Ao contrário, por exemplo, do sarampo, que pode propagar-se rapidamente numa comunidade não vacinada em seis semanas, o longo período de incubação da hepatite E faz com que a transmissão seja mais lenta, prolongando os surtos durante vários meses.
Quando fui ao hospital para fazer análises ao sangue [pela primeira vez], disseram-me que era malária.” – Nyasebit Chan Khor
Quando fui ao hospital para fazer análises ao sangue [pela primeira vez], disseram-me que era malária.”
– Nyasebit Chan Khor
Nyasebit ouviu falar em Old Fangak da campanha de vacinação dirigida a mulheres e raparigas em idade fértil. “Quando aqui cheguei em maio, soube que as pessoas tinham sido vacinadas. E eu também queria ser”, comenta.
Iniciada pela MSF em dezembro de 2023, a campanha de vacinação foi realizada em várias fases para alcançar o maior número possível de mulheres em Old Fangak e nas comunidades isoladas das zonas pantanosas inundadas por todo o condado de Fangak.
Nyasebit não conseguiu escapar-se à hepatite E, mas recebeu duas das três doses da vacina, o que ajudou a reduzir a gravidade da infeção. No início, porém, não ficou claro que se tratava desta doença, pois os sintomas são frequentemente confundidos com os da malária, que é mais comum.
“Foi a 20 de novembro que fui infetada por esta doença chamada hepatite E”, conta Nyasebit Chan Khor. “Quando fui ao hospital para fazer análises ao sangue [pela primeira vez], disseram-me que era malária.”
Recebeu tratamento para a malária e passou duas semanas em casa, debilitada pela febre e com o corpo todo rígido, antes de regressar ao hospital. Só então uma nova análise ao sangue confirmou que, na realidade, tinha hepatite E.
Agora, Nyasebit sente que finalmente conseguiu distanciar-se das dificuldades dos últimos anos. “Em 2023 a vida foi muito difícil, e assim continuou até 2024. Mas este ano, de 2025 […], a situação está muito melhor, e agora vivo uma vida feliz, apesar de o passado ter sido doloroso.”
Nyasebit tem uma mensagem breve para outras mulheres: “Só as encorajo a serem fortes. Porque, se não forem fortes, o que vos afeta não desaparecerá facilmente. E se forem fortes, nada vos abalará.”
Como a maioria dos websites, o nosso website coloca cookies – um pequeno ficheiro de texto – no browser do seu computador. Os cookies ajudam-nos a fazer o website funcionar como esperado, a recolher informações sobre a forma como utiliza o nosso website e a analisar o tráfego do site. Para mais informações, consulte a nossa Política de Cookies.