A Médicos Sem Fronteiras (MSF) é uma organização humanitária internacional que leva cuidados de saúde a pessoas afetadas por graves crises humanitárias. Também é missão da MSF chamar a atenção para as dificuldades enfrentadas pelos pacientes atendidos em seus projetos.
Como organização médica, buscamos sempre oferecer o melhor tratamento disponível aos nossos pacientes. O trabalho de MSF envolve uma grande variedade de atividades, desde a organização de campanhas…
Veja as principais atualidades sobre as atividades da Médicos Sem Fronteiras.
Saiba mais sobre os nossos projetos no terreno e as nossas atividades em todo o mundo.
Assista aos vídeos sobre o trabalho da Médicos Sem Fronteiras em diversos projetos pelo mundo.
Ouça as histórias e as experiências vividas por quem está nas linhas da frente das emergências humanitárias.
O que vemos e registamos sobre o trabalho das nossas equipas e as populações que apoiamos.
Participe nos nossos eventos, online ou presenciais, para apoiar e saber mais sobre o nosso trabalho.
Profissionais portugueses contam as experiências nos diversos projetos da MSF.
Para pessoas que estão a viver em Portugal
Para pessoas que não estão a viver em Portugal
Leia o testemunho de Domingas, educadora em par da Médicos Sem Fronteiras para profissionais do sexo na Beira, Moçambique
Na Beira, em Moçambique, a Médicos Sem Fronteiras (MSF) trabalha em estreita colaboração com grupos estigmatizados, como homens que fazem sexo com homens, profissionais do sexo e jovens em risco que também praticam trabalho sexual, para assegurar que se sintam seguros ao aceder a cuidados médicos. Muitas vezes, devido ao estigma, estas pessoas sentem-se desconfortáveis em procurar serviços médicos, o que pode levar a problemas de saúde mais complexos que poderiam ter sido prevenidos ou cuidados em tempo útil. Por isso, a MSF desenvolveu uma estratégia liderada por educadores em pares, pessoas do mesmo grupo ou comunidade.
Domingas é educadora em par da MSF para profissionais do sexo na Beira:
“Quando eu era mais nova, morava com meus pais na fronteira com o Zimbabwe. Somos uma família de seis irmãos, eu sou a mais velha. Após o falecimento da minha mãe, vim morar na Beira. Mais tarde, os meus irmãos vieram para aqui porque foram maltratados pela minha madrasta, e por isso comecei a cuidar deles também.
Eu trabalhava no porto a conferir cargas que vinham nos navios, mas aquele dinheiro não era suficiente. Nessa altura, já tinha duas filhas e uma responsabilidade muito grande. Não tinha como as sustentar. O pai delas não me ajuda financeiramente. Foi aí que comecei a trabalhar como profissional do sexo.
Ao fim de algum tempo comecei a tossir muito e então fiz o teste para o VIH. Deu positivo. De início fiquei muito em baixo. Pensei que ia morrer e as minhas filhas iam sofrer, mas levantei a cabeça e aceitei isso como uma realidade. Hoje em dia as minhas filhas sabem que sou seropositiva. Elas viam-me sempre a tomar os comprimidos, até que um dia me sentei e conversei com elas – ‘A doença que a mãe tem precisa de comprimidos todos os dias, só assim é que vou ficar bem’. Agora, às vezes, quando saio, volto e esqueço-me de tomar os comprimidos, e elas já me lembram, ‘mãe, você não tomou o remédio hoje’.
Portanto, estou a viver positivamente, sou feliz.
Além disso, trabalhar com a MSF como educadora em par é muito gratificante. A primeira vez que conheci a MSF foi quando comecei a usar os serviços, mas era um pouco tarde para mim. Eu gostaria de ter tido a oportunidade de saber antes tudo que sei hoje. Eu vou à comunidade, consigo identificar as raparigas que estão em risco, converso com elas, e daí levo-as à clínica.
Da minha experiência, vejo que muitas crianças aqui fazem sexo por dinheiro. Os homens procuram-as e exploram-as porque sabem que estão desesperadas para obter pequenas coisas, como um telefone ou um vestido. Elas cobram muito pouco e não usam proteção. A maioria das pacientes têm problemas de infeções sexualmente transmissíveis (IST). Dizemos-lhes sempre que usem proteção.
É complicado, mas eu ajudo muita gente. Às vezes nem acredito que sou essa pessoa!”