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A doença de Chagas afeta aproximadamente 6 milhões de pessoas no mundo, 1,5 milhão delas no Brasil, onde se estima que mate 6 mil pacientes a cada ano. Apesar da eloquência dos números, a enfermidade é uma das 17 classificadas como negligenciadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pela falta de avanços no diagnóstico e no tratamento e por afetar populações vulneráveis que desconhecem seu direito de acesso à saúde. É uma situação alarmante, pois mais de 90% dos infectados jamais tiveram nem sequer a oportunidade de ter sua condição diagnosticada, muito menos tratada.
A doença foi descoberta há 107 anos pelo cientista brasileiro Carlos Chagas, e o Brasil fez progressos reconhecidos na interrupção da transmissão dentro dos domicílios pelo principal inseto transmissor, o Triatoma infestans, conhecido como barbeiro, que transmite o protozoário Trypanosoma cruzi. Também foram adotadas medidas nos bancos de sangue para o controle da transmissão por transfusão. No entanto, os infectados crônicos não recebem a assistência que lhes é devida nem têm seus casos notificados no sistema de vigilância epidemiológica. As barreiras que enfrentam começam na atenção primária de saúde, onde faltam políticas que promovam o acesso ao diagnóstico e ao tratamento específico da enfermidade.
A doença de Chagas é assintomática na maioria dos casos, mas pode ser detectada com um simples exame de sangue principalmente na fase crônica (caracterizada pela presença de anticorpos no sangue), quando o diagnóstico é mais fácil (a sensibilidade do exame é maior que 98%). Na prática, porém, só são notificados e tratados casos agudos (caracterizados pela presença do parasita no sangue). Sem tratamento, a doença pode evoluir e levar a graves complicações cardíacas e/ou do aparelho digestivo. Os pacientes em fase crônica estão em grande parte condenados a ficar sem acesso ao diagnóstico e ao tratamento específico.
Agora, o novo consenso brasileiro de Chagas, publicado em julho, pode ajudar a romper esse círculo de negligência. O consenso é o resultado de consultas entre especialistas sobre os conhecimentos mais avançados a respeito de uma doença e seu tratamento. O novo consenso para o manejo clínico da doença de Chagas está em linha com as recomendações de uma resolução aprovada em 2010 na Assembleia Mundial da Saúde, organismo decisório da OMS. Ele se destaca por ser mais inclusivo, uma vez que foi eliminada uma frase infeliz do consenso anterior, de 2005, que limitava a oferta de cuidados ao afirmar que “na perspectiva de programas de saúde pública, não há indicação de tratamento em larga escala para adultos na fase crônica”. Derrubado esse obstáculo, o médico terá mais liberdade para indicar a medicação em qualquer fase da doença, segundo uma avaliação caso a caso e desde que o Ministério da Saúde adote este consenso como uma política nacional.
Há 17 anos, em projetos em países como a Bolívia e a Guatemala, Médicos Sem Fronteiras (MSF) vem investindo na promoção do acesso ao diagnóstico de Chagas e ao tratamento da doença, sobretudo de casos em fase crônica, os mais negligenciados. Nossa experiência comprovou que o tratamento tem bons resultados inclusive em casos crônicos, chegando a taxas de cura superiores a 90% em populações de países da América Central. MSF deu oportunidade de diagnóstico a mais de 115 mil pessoas; em 11 mil a infecção foi confirmada, e mais de 9 mil pessoas receberam tratamento.
Além de um consenso mais inclusivo, outra notícia melhora as perspectivas para o combate à doença de Chagas no Brasil, na América Latina e no mundo. O Lafepe, laboratório farmacêutico público do estado de Pernambuco, um dos dois únicos do mundo a produzir o Benzonidazol, medicamento utilizado como primeira linha para tratar a doença, obteve a certificação de boas práticas de manufatura da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Com isso, poderá voltar a fornecer o remédio para outros países da região, o que barateará a terapia e reduzirá a vulnerabilidade provocada pelo monopólio de um só produtor mundial em condições de exportar o Benzonidazol.
Existem, portanto, razões de esperança para os pacientes de Chagas. Mas, para que esse alento se transforme em superação da negligência, há um longo caminho. Ele passa pelo treinamento de profissionais de saúde para que possam identificar sintomas precocemente, diagnosticar e tratar as pessoas de forma oportuna; pela atualização das normativas nacionais segundo o novo consenso; e pela incorporação da resposta à doença à atenção primária de saúde no Brasil, de modo que ela esteja ao alcance de todos. É preciso traduzir os conhecimentos atuais em políticas públicas efetivas, integrais e inclusivas. O problema é secular, mas aprender com as falhas do passado e do presente significa avançar.
Uma versão desse artigo foi publicada originalmente no portal Uol.
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