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Mulheres e crianças estão especialmente vulneráveis a complicações e agravamento de doenças, com o colapso do sistema de saúde resultante do conflito no país
“Disse ao meu marido que eu não voltaria a sobreviver a um parto, porque tenho diabetes”, conta Negah Abdallah Ali, que acabara de dar à luz um bebé saudável, ao qual deu o nome de Ashraf. O parto realizou-se na ala de maternidade gerida pela Médicos Sem Fronteiras (MSF) no Hospital Geral de Moca.
É uma segunda-feira à tarde cheia de sol na costa ocidental do Iémen. No exterior fazem uns intensos 35ºC, mas dentro da sala de pós-parto, Negah e as outras mães podem sentir a brisa suave do ar condicionado. E olhando pela janela, as pacientes conseguem ver as ondas ritmadas do mar Vermelho logo à beira do hospital.
Além de diabetes, Negah Abdallah Ali, com 35 anos, tem também hipertensão. Estas duas condições de saúde aumentam os riscos associados à gravidez e ao parto. Negah é uma de milhares de mulheres que se deslocam até à maternidade da MSF durante a gravidez. E como acontece na maioria dos países afetados por conflito, o sistema de saúde no Iémen colapsou. Isto faz com que mulheres e crianças fiquem especialmente vulneráveis a complicações de saúde. Em Moca, uma das formas como esta situação se manifesta é com a indisponibilidade de serviços para grávidas.
“Temos as únicas alas de maternidade e pediátrica que funcionam 24 horas, sete dias por semana, em toda a zona costeira ocidental, a qual cobre um pouco mais de meio milhão de pessoas”, explica a responsável da MSF das atividades de parteiras, Ann Van Haver.
Em julho de 2024, a MSF integrou no Hospital Geral de Moca os serviços de maternidade prestados pela organização médica-humanitária na região. Esta medida permitiu expandir os serviços disponibilizados, incluindo a abertura da nova ala de cuidados abrangentes obstétricos e neonatais. Atualmente, a maternidade tem 28 camas para parto e pós-parto, nas quais se contam camas para cuidados intensivos e neonatais. Anteriormente, a MSF estava a providenciar cuidados maternos num hospital de campanha que fora montado inicialmente na cidade de Moca em 2022.
A costa ocidental do Iémen é uma zona rural com linhas de frente no Norte e Leste. As mulheres com gravidezes de risco ou com complicações por vezes têm de fazer uma deslocação de carro de três horas para chegar ao hospital em Moca. Uns estimados 15 por cento das gravidezes têm complicações obstétricas, que, se não forem tratadas de forma atempada, podem ser fatais.
Temos as únicas alas de maternidade e pediátrica que funcionam 24 horas, sete dias por semana”
Os riscos e complicações que as mulheres enfrentam nesta região são facilmente preveníveis, mas sem cuidados pré e pós-natais consistentes e acessíveis, a gravidez torna-se muito mais perigosa. Os centros de saúde nesta zona do Iémen estão mal equipados, com pessoal deficientemente treinado e são, logo à partida, escassos. Por isso, as mulheres não têm outra escolha senão a de percorrer longas distâncias por estradas em mau estado.
“Os desafios para as mães no Iémen são imensos, e a maior parte deles estão relacionados com o facto de a guerra tornar muito complicado o acesso aos poucos centros de saúde existentes”, descreve a parteira Altaf Al Wahidi, de 28 anos, que trabalha na maternidade da MSF em Moca. “Por isso é que a localização desta maternidade é crucial, uma vez que cobrimos uma vasta área na costa ocidental.”
As complicações com que as mulheres lidam podem ser tratadas pela equipa neste hospital, se as pacientes ali chegarem a tempo. A responsável da MSF das atividades de parteiras insiste, porém, que deveria existir uma primeira linha de cuidados mais próxima aos locais onde as mulheres vivem. Considerando a população existente na costa ocidental iemenita, é estimado que 1.300 mulheres tenham partos em cada mês.
“Cerca de 250 estão a ter os partos connosco atualmente”, precisa Ann Van Haver. “Isso significa que há mil outros partos todos os meses a ocorrerem em outros lugares. E hoje em dia tal não está a acontecer em estruturas de saúde. Por isso, vemos muito mais complicações que exigem tratamentos invasivos.”
Há muitos factores que funcionam contra a capacidade das mulheres chegarem a um hospital na costa ocidental do Iémen: a continuação das deslocações causadas por conflito, os muitos postos de controlo existentes ao longo das estradas, as terríveis condições económicas, a necessidade de ter permissão formal por parte de um membro masculino da família para qualquer ato médico, incluindo uma cesariana. Isto deixa as futuras mães com poucas escolhas a não ser a de terem o parto em ambientes inseguros, arriscando a própria vida e a do bebé.
Fatema* tem 16 anos. Foi para o hospital assim que sentiu que tinha entrado em trabalho de parto, mas não estava a ter nenhuma progressão. Regressou para casa algumas horas depois e, de repente, deu à luz em casa, com a ajuda da mãe.
“O parto correu bem e o bebé está bem, mas tive alguma perda de sangue depois”, recorda Fatema. “Na manhã seguinte voltei ao hospital, onde recebi os cuidados médicos adequados para parar a hemorragia. Estou feliz e aliviada por a dor ter passado e por ir receber alta em breve e estar com o meu bebé.”
Para ouvir no podcast Primeira Linha: Momentos de paz e desesperança no Iémen, com a psicóloga MSF Sofia Ferreira
De volta à sala de pós-parto, Negah Abdallah Ali recebe a visita da educadora de saúde Bashira Seqek, que lhe dá informações sobre a toxicidade do paracetamol, os benefícios da amamentação e planeamento familiar. Entretanto, no corredor, o marido de Negah, Ali Abdallah Ali, segura ao colo o bebé com um dia de idade, olhando-o com orgulho.
“Desde que a maternidade abriu aqui em Moca, tudo está disponível e sinto-me muito grato por isso”, diz Ali. “Confio a 100 por cento nos serviços prestados. Na minha aldeia, toda a gente sabe que temos de vir aqui para as questões relacionadas com cuidados maternos.”
Para lá da porta, onde não é permitida a entrada de pessoal masculino não médico, a ala de maternidade é um mundo feminino de dignidade e solidariedade que pulsa ao ritmo das parteiras.
Desde que a MSF mudou os serviços de cuidados maternos para o Hospital Geral de Moca, mais de 1.600 mulheres tiveram os partos em segurança na ala de maternidade operada pela organização médica-humanitária.
*nome alterado para proteção de identidade
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