Paquistão: a vida do profissional internacional fora do trabalho

Nathalia Peixoto de Oliveira conta sua chegada em Islamabad e como é a vida na cidade nos seus momentos de folga

Paquistão: a vida do profissional internacional fora do trabalho

Depois de perceberem o quanto amo viver em Islamabad, alguns colegas paquistaneses me encorajaram a escrever sobre minhas experiências pessoais no país, além do trabalho. Eu pensei que seria divertido. Afinal, mesmo com todas as minhas pesquisas antes de chegar aqui, eu não tinha ideia do que seria a vida neste novo país excitante.

Sou uma farmacêutica brasileira de 31 anos que chegou há dois meses em Islamabad: a capital e onde fica o escritório da coordenação de MSF no Paquistão. O meu trabalho é principalmente apoiar a farmacêutica responsável no país em várias tarefas do nosso departamento, além de visitar os projetos e acompanhar suas rotinas, necessidades e seus desafios. Para alguém em seu primeiro projeto, tenho certeza de ter o melhor dos dois mundos: a experiência da vida no terreno somada à possibilidade ver um país completamente diferente do que é retratado nas notícias – e é por isso que eu decidi escrever sobre a vida em Islamabad.

Aterrissei aqui numa manhã de segunda-feira, depois de cinco dias de reuniões em Bruxelas e um longo voo com conexão durante a noite em Dubai. Ainda assim, nunca me senti com tanta energia em toda a minha vida. De pé na fila da imigração, durante uma espera de 40 minutos, eu já  absorvia as pessoas, a língua e este novo país que seria minha casa nos próximos nove meses. Nem mesmo em meus sonhos mais loucos eu teria imaginado que minha primeira vez na Ásia seria no Paquistão. Eu me senti a pessoa mais sortuda do mundo quando pisei fora dos portões do aeroporto.

O motorista de MSF levou-me para a casa onde eu iria morar e uma senhora paquistanesa encantadora me cumprimentou com toalhas e um quarto aconchegante. Descansa, ela disse. Mas a energia no corpo era tanta que eu desfiz toda a mala, tomei um banho e fui direto para o escritório. Me apresentei ao RH, conheci meu novo local de trabalho, almocei com a equipe e passei algum tempo no departamento médico, onde meus colegas já estavam esperando minha chegada.

Na mesma noite, depois do horário de expediente, tive meu primeiro encontro com o lado cosmopolita de Islamabad. Outra farmacêutica da equipe internacional me levou ao mercado Jinnah – provavelmente o mais famoso da cidade. Ele está localizado no centro da seção F7 e você pode encontrar qualquer coisa por lá: desde comida tradicional de rua até carpetes artesanais, não apenas do Paquistão, mas de países vizinhos como o Afeganistão e o Irã. Essa loja foi na verdade a minha primeira parada no mercado, porque eles também vendem os lenços mais bonitos – com preços incríveis. Eu não pude deixar de ir para casa com alguns deles, além de um lindo cobertor de cashmere para me manter quente no inverno que estava por vir.

Nos dias seguintes, tornei minha missão explorar os mercados após o horário de expediente. Eu tinha a desculpa perfeita: uma necessidade de comprar alguns Salwar Kameez (traje tradicional feminino) para vestir no trabalho, mas também alguns xales e, por que não, um bom par de sapatos paquistaneses. O que eu não sabia era que, durante toda essa caminhada de um mercado para o outro, encontraria uma cidade tão vibrante. Islamabad é certamente uma caixa de surpresas, especialmente quando se trata da cena gastronômica. Não só tenho as experiências mais incríveis ao experimentar a comida local, como também posso comer comida libanesa, afegã ou italiana com ótima qualidade e preços muito bons.

Mas nada supera as cafeterias. Como brasileira, pode ser difícil quando você vive em um país onde o chá é a grande estrela. Então, ir aos cafés locais tornou-se meu principal hobby aqui em Islamabad. Agora, tenho algumas opções à mão e muitas vezes compartilho com meus colegas e os recém-chegados.

Aqui, escrevi sobre o lado divertido da vida no Paquistão. Mas meu foco no pais é meu trabalho com MSF, que tem vários projetos nos quais são fornecidos cuidados de saúde vitais às comunidades vulneráveis. Escrevi  sobre um dos projetos brilhantes dos quais tive a chance de fazer parte no meu diário anterior, que você pode ler aqui.
 

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