Planejando 2013

Parte 7 – Moçambique, 05 de outubro de 2012

Aqui em Maputo, muito trabalho e correria. Estamos em tempo de consolidar mais um planejamento anual. Temos tudo certinho na cabeça sobre o que vamos fazer no próximo ano, mas escrever, orçar e ter tudo aprovado é um processo cansativo, mas interessante.
 
O mais legal de tudo isso são as reuniões que temos com a equipe que trabalha diretamente com os pacientes, a equipe de coordenação, os diretores dos centros de saúde, as autoridades da cidade, os parceiros, enfim, muitas discussões para gerar um bom plano.
 
Na semana passada, uma dessas reuniões foi com os diretores dos centros de saúde que apoiamos. Eles são funcionários do Ministério da Saúde, todos médicos moçambicanos – muitos deles são os únicos médicos da unidade sanitária em que trabalham, ou seja, têm trabalho dobrado.
 
Os centros de saúde aqui são grandes, têm maternidade 24 horas, fazem pré-natal, acompanhamento de crianças, triagem de pacientes em geral, tuberculose e HIV. O sistema de cadastramento de dados e gestão de consultas é totalmente manual e precário. O dado mais confiável que temos é o número de pacientes em tratamento antirretroviral: o maior centro tem 5.577 pacientes em tratamento e o menor, 1.975. Esses números têm aumentado consideravelmente, porém, ainda há necessidade clara de mais oferta de testes e de programas de conscientização de testagem para aqueles que se sentem sadios. Muitas pessoas só fazem o teste de HIV quando se sentem doentes.
 
Moçambique tem uma das piores proporções médico/paciente do mundo. São 3.95 médicos para cada 100 mil pessoas. Não há muita esperança em aumentar esse número em um curto período. Ligado a esse fator, está a taxa de cobertura de tratamento antirretroviral, que é de apenas 45%.
 
Para o ano de 2013 ainda há muito trabalho a fazer, porém, para iniciar novas atividades, outras precisarão ser deixadas por MSF e assumidas pelo Ministério da Saúde. Felizmente, há possibilidades para que isso aconteça de forma pouco impactante. Em 2013, nossos clínicos estarão focados em tutoria e melhoria de qualidade de serviço, ou seja, todo o pessoal clínico que realiza consulta será do sistema público. Também reduziremos o apoio ao transporte de medicamentos e amostras de laboratório. Para isso, já doamos três carros para o ministério, para que realizem os transportes devidos.
 
Avançaremos com novas atividades relacionadas ao tratamento antirretroviral de segunda linha e tuberculose multirresistente a medicamentos.
 
A grande novidade do próximo ano será a implementação de testes de carga viral no país, o que vai representar um grande investimento, porém, muito necessário. Logicamente, haverá a necessidade de readaptação de alguns setores; atualmente, por exemplo, apenas um médico é responsável pela autorização de início de tratamento antirretroviral de segunda linha para todo o país. Após os testes de carga viral, talvez este sistema precise ser remodulado, pois a capacidade de detecção de falência terapêutica será maior.

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