“Life is tragic here, especially in winter – the tent can’t keep us safe from the cold and the water,” says Chahine Ziadeh, a resident of Fan Al-Shemali camp in Idlib governorate. Chahine fled his hometown in 2016 due to heavy shelling. Since then, he has lived in various camps in the region, before settling in Fan Al-Shemali two years ago. “The situation in general is bad, and it is only getting worse.”

No final de 2020, 13 milhões de pessoas na Síria dependiam de ajuda humanitária. Milhares de pessoas foram mortas ou feridas em uma guerra contínua, depois de 10 anos.

Médicos Sem Fronteiras (MSF) continua operando na Síria, mas nossas atividades são limitadas pela insegurança e por restrições de acesso. Em áreas onde o acesso poderia ser negociado, nossas equipes administravam ou apoiavam hospitais e centros de saúde e prestavam cuidados médicos em campos de deslocados. Onde não foi possível a presença direta, mantivemos nosso apoio à distância, incluindo doações de medicamentos, equipamentos médicos e itens de socorro, treinamento remoto de equipes médicas, assessoria médica técnica e assistência financeira para cobrir os custos de funcionamento das instalações de saúde.

Noroeste da Síria

A enorme ofensiva militar ao noroeste da Síria liderada pelo governo sírio e seus aliados continuou em 2020, resultando no deslocamento de quase um milhão de pessoas, muitas das quais já estavam longe de suas casas, fugindo várias vezes do conflito. Em resposta, nossas equipes rapidamente aumentaram a distribuição de itens essenciais (como sabão, utensílios de cozinha, cobertores e materiais de aquecimento) e o abastecimento de água nos acampamentos onde se reuniram.

Em inúmeras ocasiões, equipes médicas em hospitais apoiados por MSF tiveram que lidar com o fluxo maciço de vítimas, com 10 ou mais feridos chegando de uma só vez. Alguns hospitais apoiados por MSF foram danificados por bombardeios, enquanto outros tiveram que reduzir seus serviços por medo de serem atingidos. Embora a intensidade dos combates tenha diminuído após a assinatura do último cessar-fogo em março, mais da metade da população da região permanece deslocada e vive em condições precárias.

As já enormes necessidades ao noroeste da Síria foram exacerbadas pela pandemia da COVID-19. Desde o início, nossa prioridade foi manter nossas atividades regulares, garantindo ao mesmo tempo a segurança de nossos pacientes, equipe e instalações. Para ajudar na resposta, doamos equipamentos de proteção individual (EPIs), montamos sistemas de triagem em hospitais que apoiamos ou co-administramos e administramos centros de isolamento e tratamento.

A prevenção foi outro foco de atividades, especialmente em campos para pessoas deslocadas, onde o distanciamento físico não é uma opção e acesso à água e ao sabão é limitado. Distribuímos kits de higiene e divulgamos mensagens de conscientização sobre a COVID-19 e, à medida que o inverno se aproximava, distribuímos kits com roupas de inverno, lonas, colchões, materiais de aquecimento, cobertores e tendas a milhares de famílias deslocadas. Também instalamos latrinas e distribuímos água potável nos campos.

Além de nossas atividades relacionadas à COVID-19, mantivemos nosso apoio aos cuidados de saúde básicos e especializados em vários hospitais e clínicas em todo o Noroeste. Também reforçamos a cobertura de vacinação, apoiando programas e realizando campanhas dentro e ao redor dos campos. Em Idlib, fornecemos medicamentos que salvam vidas e acompanhamos quase 100 pacientes que receberam transplantes renais e mantivemos a administração de uma unidade especializada em queimaduras em Atmeh.

Nordeste da Síria

A intervenção militar turca, ao lado dos grupos da oposição armada síria, teve um impacto severo na população ao nordeste da Síria. Muitos foram mortos, feridos ou deslocados como resultado desta escalada de violência, e MSF teve que evacuar equipes de vários projetos.

Muitas instalações de saúde deixaram de funcionar no Nordeste e as que permanecem abertas não conseguem responder a todas as necessidades. O fechamento em julho do ponto de passagem da fronteira de Al-Yarubiyah (que fazia parte do mecanismo de ajuda transfronteiriça da ONU para a Síria) agravou ainda mais a terrível situação dos cuidados de saúde, pois impediu que a assistência vital chegasse ao país a partir do Iraque.

Estima-se que mais de 700 mil pessoas estejam deslocadas internamente no Nordeste da Síria. A maioria delas depende dramaticamente de ajuda humanitária e vive em condições superlotadas e inseguras, com acesso insuficiente a água e saneamento e baixa cobertura de vacinação.

No início de 2020, entregamos as atividades de uma clínica de saúde geral que apoiamos em Tel Kocher para as autoridades de saúde locais. Mantivemos a administração de um centro de nutrição para pacientes internados e um programa de tratamento de feridas em barracas no campo de Al-Hol.

De acordo com a ONU, o campo superlotado abriga atualmente cerca de 62 mil pessoas. Entre eles sírios, iraquianos ou cidadãos em movimento e estão contidos no campo por forças de segurança locais. 80% deles são mulheres e crianças, e a maioria foi deslocada do último reduto do grupo Estado Islâmico na província de Deir ez-Zor.

Em julho, abrimos outra clínica no campo, prestando cuidados gerais de saúde, incluindo uma sala de estabilização para casos de emergência. Além disso, realizamos atividades de higiene e promoção da saúde e trabalhamos para melhorar a água e o saneamento.

MSF também apoia o hospital nacional Raqqa e o centro de saúde Mishlab, com suprimentos médicos e incentivos salariais, e ajuda as autoridades de saúde locais com vacinas de rotina em 12 locais em Kobanê / Ain Al-Arab. Nos meses frios de inverno, nossas equipes distribuíram cobertores, colchões e tapetes para 2.300 famílias deslocadas internamente.

Desde o início da pandemia da COVID-19, MSF participou da força-tarefa humanitária no Nordeste da Síria, presidida pelas autoridades de saúde locais. Prestamos apoio ao hospital nacional de Hassakeh introduzindo medidas de vigilância, melhorando a identificação e gestão de doentes com o vírus, estabelecendo o fluxo de pacientes, processos de triagem e medidas de prevenção e controle de infecção e realizando treinamento sobre como usar EPIs. Também criamos uma ala de isolamento com 48 leitos na unidade de saúde. Mais tarde, em 2020, entregamos essas atividades às autoridades de saúde locais e começamos a apoiar outro centro de tratamento de COVID-19 em Washokani, fora da cidade de Hassakeh. Entretanto, nossas equipes identificaram e apoiaram medidas para proteger 1.900 pessoas no campo Al-Hol que eram particularmente vulneráveis à COVID-19, tais como pacientes com diabetes, hipertensão, asma ou problemas cardíacos.

Durante o ano, em resposta aos problemas contínuos de abastecimento de água na província de Hassakeh, MSF transportou água em um caminhão para Al-Hol e outros campos de deslocados, bem como para nove bairros da cidade de Hassakeh.

No final do ano, continuamos com as avaliações na região, analisando as necessidades de saúde e humanitárias das pessoas que vivem em áreas remotas, social e economicamente excluídas, assentamentos informais e campos.

Dados referentes a 2020

416.700

Consultas ambulatoriais

18.600

Famílias receberam kits de socorro

1.080

Atendimentos individuais de saúde mental

177.300

Vacinações de rotina

16.900

Intervenções cirúrgicas

31.100

Pessoas internadas

10.600

Partos assistidos

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