A Médicos Sem Fronteiras (MSF) é uma organização humanitária internacional que leva cuidados de saúde a pessoas afetadas por graves crises humanitárias. Também é missão da MSF chamar a atenção para as dificuldades enfrentadas pelos pacientes atendidos em seus projetos.
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As pessoas que buscam refúgio enfrentam imensos desafios e devem ser tratadas de forma digna e humana
Já imaginou estar numa situação tão desesperada que a única maneira de sobreviver é fugir de casa e percorrer milhares de quilómetros para encontrar segurança e estabilidade? De acordo com o ACNUR – a agência das Nações Unidas para os refugiados – no fim de 2022, havia cerca de 35 milhões de refugiados nesta situação em todo o mundo. Convém sublinhar, para esclarecer qualquer tipo de equívoco, que não escolheram estar nesta situação: foram forçados.
Perseguição, violência, violações dos direitos humanos e conflitos armados: são várias as razões que levam as pessoas a procurar refúgio noutro país. São também vários os cenários que enfrentam durante as viagens em busca de segurança: ciclos de violência em países como a Líbia, condições de habitabilidade insalubres em campos para refugiados, o trauma de atravessar o mar Mediterrâneo, entre outros.
Por entre tudo isto, surge uma certeza: a angústia de quem tem de deixar tudo para trás.
Como é que podemos regressar, se os nossos direitos não forem garantidos?” – Tayeba Begum, refugiada rohingya no Bangladesh
Em 2017, milhares de rohingya foram mortos pelo Exército de Myanmar no estado de Rakhine – na altura, a Médicos Sem Fronteiras (MSF) contabilizou 6 700 mortes violentas. Além disso, mais de 700 000 pessoas fugiram nessa altura para o Bangladesh e continuam a viver nas mesmas condições precárias que encontraram quando chegaram aos campos para pessoas refugiadas.
Mãe de seis crianças – incluindo duas gémeas de cinco anos –, Tayeba Begum fugiu de Myanmar apenas com a roupa que tinha no corpo.
“Quando fugi com os meus bebés, atravessámos selvas e caminhos lamacentos, enquanto chovia a cântaros, para conseguirmos chegar ao Bangladesh. Foi uma jornada difícil, especialmente com as crianças. Quando chegámos à fronteira, vimos as pessoas a descansar onde quer que conseguissem, mas não havia sítio nenhum para nos abrigarmos. Se chovesse muito, sentávamo-nos junto aos arbustos ou debaixo de árvores, a aguardar, com esperança de que alguém nos viesse ajudar.
Comíamos o que conseguíssemos encontrar para sobreviver. As minhas filhas começaram a enfraquecer e vomitavam sempre que eu tentava dar-lhes comida. Elas sofreram durante muito tempo, pois era difícil encontrar medicamentos quando chegámos (…).
Se alguma vez for possível vivermos de forma pacífica em Myanmar, então regressaremos. Como é que não o faríamos, se houvesse justiça e nos atribuíssem a cidadania? Não é também a nossa pátria? Mas como é que podemos regressar, se os nossos direitos não forem garantidos?”
“Não há esperança num sítio insalubre” – a situação no campo para refugiados de Dadaab, Quénia, pelos olhos de Abdi
A combinação mortífera de seca e cheias na região do Corno de África tem causado um grande influxo de pessoas para os campos para refugiados em Dadaab, no Quénia. Fatah e a família vivem num abrigo improvisado no campo de Dagahaley, onde têm enfrentado condições de habitabilidade cada vez piores, devido à crescente falta de financiamento internacional.
A família de Fatah não recebe uma barra de sabão há muito tempo, mas também não tem acesso a uma latrina e, tal como muitos vizinhos, é forçada a procurar alternativas. Quanto a esta situação, as palavras de Fatah são curtas, mas peremptórias:
“Não há esperança num sítio insalubre”, sublinha.
“Escuridão no ar, escuridão na mente, escuridão no universo. Qual o resultado? O que fazer? Como será o fim?” – Abbas, sobre atravessar o Mediterrâneo
Abbas decidiu partir do Egito em busca de melhores condições de vida para os filhos na Europa. Tentou atravessar o mar Mediterrâneo pela Líbia, mas foi intercetado e forçado a voltar para trás pelas autoridades líbias três vezes. Contudo, a esperança e a vontade de providenciar uma vida melhor para a família à distância não o deixaram desistir e tentou a travessia novamente: desta vez, foi resgatado pelo navio de buscas e salvamento da Médicos Sem Fronteiras (MSF).
Já em segurança, Abbas, num gesto de organização da memória, recordou tudo aquilo que enfrentou durante a viagem e escreveu-o num pequeno diário, que partilhou depois com as equipas da MSF. Esta passagem chama-se “O Mar da Esperança”, e as palavras refletem a angústia e o medo sentidos a bordo de um barco precário, mas também a esperança por entre a escuridão da noite:
“Levaram-nos para um sítio remoto perto do mar da esperança. Partimos às 03h da manhã.
O mar estava calmo ao início, mas depois, oh, oh, oh. O mar traiçoeiro mudou. As ondas tornaram-se enormes. Depois de horas de terror e remorsos, o mar acalmou e dirigimo-nos para o destino sob a luz de um sol radiante.
O pior já passou, pensámos. Mas voltou a escurecer; reparámos que o barco estava furado, e que ficaria vazio em poucas horas. As ondas voltaram com a força toda e até nos passavam por cima.
Perdemo-nos em alto-mar. Encontrámos um barco e navegámos até ele. Durante o caminho, parámos, porque ficámos com medo de que pudesse ser um navio das autoridades líbias. Todos preferimos morrer do que ser detidos novamente na Líbia.
A situação era perigosa e podia levar-nos à morte. O barco tinha cada vez menos ar, as ondas estavam cada vez mais fortes e nós perdidos.
Toda a gente gritava: ‘Oh meu deus, oh meu deus, oh meu deus!’ Ninguém ouvia os nossos gritos, a não ser os peixinhos, que não nos conseguiam ajudar.
Já só queríamos sobreviver e nem pensávamos no destino. Esquecemo-nos do nosso objetivo, que era chegar à Europa. Agora estava toda a gente a pensar como chegar novamente à vida.
Escuridão no ar, escuridão na mente, escuridão no universo. Qual o resultado? O que fazer? Como será o fim?
Um luz emerge por entre a escuridão do céu, das profundezas do mar. Acenámos e acendemos lanternas para que o navio de resgate nos pudesse avistar. Esse navio salvou-nos da morte.”
“Fugimos para o Sudão por causa da guerra, mas a situação agora também é difícil aqui.” – família Asmlash, refugiada no Sudão
O Sudão acolhe mais de 1 milhão de refugiados de países vizinhos, como o Sudão do Sul e a Etiópia, que fugiram da violência em busca de segurança. Infelizmente, estas pessoas encontram-se agora presas noutro conflito, o que dificulta ainda mais a capacidade de lidar com a situação.
Nos últimos anos, no campo para refugiados de Um Rakuba, no estado de Al-Gederaf, a MSF tem fornecido cuidados médicos essenciais, para além de providenciar encaminhamentos para instalações de saúde que atendem casos mais complexos.
Moulay Alm Asmlash é um pai de 53 anos que chegou ao campo de Um Rakuba em 2020 como refugiado. Sofre de diabetes há muito tempo e foi ao hospital da MSF procurar tratamento e medicação. Moulay encontrou o que precisava e, desde então, ele e a família recebem atendimento regular no hospital da organização.
“No outono passado, minha filha ficou doente com malária e recebeu tratamento da MSF. Agora, a maioria das organizações parou de fornecer serviços por causa da violência e dos confrontos. Estamos com medo”, confessa.
“Fugimos para o Sudão por causa da guerra, mas a situação agora também é difícil aqui. Eu penso sempre no meu tratamento e temo que a MSF possa ser forçada a deixar o campo por causa destas circunstâncias violentas. Eu não tenho possibilidades de comprar os medicamentos”, acrescenta Moulay Alm Asmlash.
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