5 relatos sobre o que é viver a guerra no Iêmen

Leia depoimentos de pacientes e profissionais de MSF sobre as consequências diretas e indiretas do conflito iemenita

5 relatos sobre o que é viver a guerra no Iêmen

O conflito no Iêmen, que já dura seis anos, impactou profundamente a vida da população em vários aspectos e comprometeu gravemente seu acesso a cuidados de saúde essenciais. Na província de Taiz, no sudoeste do país, frentes de batalha ativas, confrontos contínuos e a restrição de movimento exacerbaram a vulnerabilidade dos iemenitas. O conflito também causou deslocamentos e a separação de famílias, que tiveram de fugir para buscar meios seguros e confiáveis de subsistência.

Conheça histórias de pacientes e profissionais de Médicos Sem Fronteiras (MSF) que sobrevivem ao caos no Iêmen:

1. Rasheed, médico de trauma

“A guerra virou nossas vidas de cabeça para baixo. Da estabilidade ao deslocamento, da tranquilidade à preparação para emergências. Como é estar pronto o tempo todo para viajar ou ser deslocado novamente a qualquer momento? É um sentimento aterrorizante. Esse sentimento descreve a guerra. É isso o que sinto – que tenho que estar preparado para partir a qualquer momento; preparei minha mala, preparei meus documentos, também preparei meus filhos. Porque a guerra pode voltar a qualquer instante, e eu teria que sair e deixar tudo para trás. É um estado de prontidão permanente e ansiedade constante.”

2. Zar’a, segurança

“Quando a guerra começou, bloqueou estradas, afastou pessoas e nos separou de nossas famílias. Eu só conseguia ver minha família duas vezes por ano. A guerra chegou e paralisou meu marido. Ele sofreu um acidente de carro, perdeu os movimentos, não conseguia mais andar e faleceu. Um dos meus irmãos foi sequestrado e torturado; a vida de outro está ameaçada e ele não pode voltar para casa.”

3. Shayma, paciente

“Eu dei à luz meus quatro filhos aqui neste hospital de MSF. Decidi ter todos os meus filhos aqui, porque não há bons hospitais ou instalações de saúde perto da minha casa. Se existisse um hospital mais próximo, eu poderia fazer um acompanhamento melhor da minha gravidez. Mas nas minhas gestações anteriores eu precisava dirigir por quase 6 horas, a cada dois meses, para ir ao hospital. Desejo aos meus filhos um futuro diferente do meu, que não inclua guerras ou dificuldades como as que vivenciamos. Quero permanecer segura e que nossos filhos sejam saudáveis e seguros.”

4. Dr. Hana, pediatra e clínica geral

“Espero que a guerra termine. É uma esperança compartilhada por todos os iemenitas. Estamos passando dias melhores agora, a situação está mais calma, mas ainda resta a pergunta: ‘Por que não podemos viver como os outros estão vivendo?’ Sem postos de controle, sem guerra, sem partes em conflito, sem fazer viagens que duram cinco horas em vez de dez minutos. Por quê?”

5. Balqees, paciente

“As coisas estavam muito melhores antes desta guerra começar. Estávamos confortáveis e tínhamos paz de espírito. Havia segurança, proteção e estabilidade. Hoje em dia, todo mundo vive com medo. Quando adoeço, evito ir até uma unidade de saúde, porque a distância é longa. A medicação é cara, a saúde é cara. Só desejo muita felicidade para nós, espero um futuro bom. Anseio pelo dia em que não haverá guerra, quando redescobriremos o sentimento de estabilidade e o que significa segurança.”

 

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