Afeganistão: as condições de vida das pessoas deslocadas em Herat estão se deteriorando

O calor e a falta de ajuda pioram a situação dos deslocados, que sonham em voltar para casa, mas são impedidos pela violência

Afeganistão: as condições de vida das pessoas deslocadas em Herat estão se deteriorando

À medida que o calor do verão no Afeganistão se intensifica, as condições de vida se tornam cada vez mais difíceis para cerca de 100 mil deslocados que se abrigam nos arredores da cidade de Herat. Ao mesmo tempo, a ajuda humanitária está sendo reduzida e o abastecimento de água está acabando.

As pessoas deslocadas fugiram de seus vilarejos no noroeste do Afeganistão no ano passado, durante uma seca severa e um aumento nos conflitos entre grupos armados de oposição e forças de segurança afegãs. Um ano depois, a seca acabou, mas elas não podem voltar para casa devido à contínua insegurança.

“No verão, os deslocados não têm proteção contra o sol além de suas tendas, instaladas direto na terra nos acampamentos de Herat”, diz Raphaël Torlach, coordenador do projeto de MSF em Herat. “O abastecimento de água é inadequado e o acesso aos serviços básicos e cuidados de saúde é muito limitado. Estamos muito preocupados que a assistência humanitária esteja sendo reduzida e que não seja constante.”

As pessoas deslocadas, que vêm das províncias de Herat, Faryab, Badghis e Ghor, não têm comida, água, saneamento e cuidados de saúde suficientes desde que buscaram abrigo fora da cidade de Herat, mas a redução no abastecimento de água nas últimas semanas fez com que pessoas implorassem por água no bairro para beber e para limpeza.

“Estamos lutando para sobreviver em meio a todas essas dificuldades”, diz Mohammad, que fugiu de seu vilarejo na província de Faryab há um ano devido a combates constantes em sua terra. “Eu nunca tive um momento tão ruim em toda a minha vida. Não temos renda, não temos abrigo, todos estão doentes, o clima é quente e não temos água própria para consumo.” 

Depois que o filho de 2 anos de idade de Mohammad apresentou febre, dores de estômago e uma erupção na língua, ele levou a criança à clínica de MSF em Kadhestan, onde os deslocados se instalaram. MSF mantém a clínica desde dezembro do ano passado para oferecer cuidados de saúde básica, incluindo triagem e tratamento para a desnutrição e vacinação. MSF também tem uma ambulância para transportar pessoas ao hospital para cuidados especializados.

“Durante o inverno, a maioria dos nossos pacientes veio à clínica devido a doenças respiratórias”, diz o dr. Hazada Barez, de MSF. “Mas agora que o clima está aquecendo, as pessoas estão sofrendo de distúrbios no sistema digestivo, como diarreia e vômito. As condições médicas dos nossos pacientes estão relacionadas com falta de saneamento, falta de água potável e não têm proteção contra picadas de insetos.”

Apesar das condições cada vez mais desesperadoras nos acampamentos, os deslocados são incapazes de voltar para casa por causa do conflito em curso. “A estrada em nossa região está bloqueada”, diz Delaram, uma mulher de 40 anos que fugiu da província de Baghdis com sua família há 11 meses. “Uma vez reaberta, nós retornaremos. Mas, por enquanto, isso é impossível.”

Em reconhecimento às necessidades contínuas dos deslocados, MSF decidiu aumentar sua assistência médica na clínica e está pedindo que a assistência humanitária seja mantida.

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