Burundi: malária afeta a província de Kayanza

Equipes de MSF utilizam clínicas móveis para levar diagnóstico e tratamento até áreas remotas

A malária é endêmica no Burundi. Nos últimos meses, a presença do mosquito responsável por disseminar essa doença mortal tem aumentado na província de Kayanza, localizada no norte, próxima à fronteira com Ruanda, como consequência das chuvas pesadas que estão atingindo a região.

No fim de dezembro, autoridades de saúde chamaram MSF para fazer uma avaliação, pois o número de pacientes doentes estava crescendo. O diagnóstico de MSF foi claro: a incidência é alta, o que levou a organização a reforçar a atuação na área.

Desde a metade de janeiro, MSF tem três equipes no terreno que organizam clínicas móveis em seis locais dos três distritos afetados na província – Kayanza, Gahombo e Musema. Essas equipes diagnosticam pacientes no local com um teste rápido de malária, providenciam tratamento e enviam os casos mais graves para o hospital. Até agora, cerca de 2 mil pacientes já forma atendidos, 63% tiveram teste de malária positivo, um quarto destes sendo em crianças.

“Sintomas da doença incluem febre alta, dores no corpo e dores de cabeça. Entretanto, esses sintomas podem rapidamente evoluir em alguns pacientes para malária severa com convulsões, coma, e possivelmente morte. É por isso que o tratamento nas primeiras 24h é tão importante, principalmente para as crianças”, diz Goddy Efula Bomana, coordenador da emergência de MSF no Burundi.

“No entanto, é bastante remoto aqui. Algumas pessoas tem que andar até dez quilômetros apenas para conseguir realizar o teste no centro de saúde mais próximo deles. Por essa razão, clínicas móveis são o meio mais rápido de chegar até as pessoas, e nos permite referir pacientes para o hospital.”

A distância não é a única barreira para o acesso a cuidados de saúde. O custo também é uma questão. O tratamento de malária em clínicas e centros de saúde não é grátis para adultos, então muitas pessoas simplesmente não podem pagar por ele. Famílias mal protegidas, que muitas vezes não possuem meios de prevenção como redes anti-mosquito também são um problema. Além disso, o hospital público de Kayanza está superlotado, com mais de 100 crianças na ala pediátrica, que normalmente tem capacidade para 40.

A respeito do pedido das autoridades, MSF vai aumentar a capacidade do hospital nos próximos dias, e discutir o acesso gratuito ao tratamento de malária. As clínicas móveis serão dobradas, bem como o número de locais cobertos.

MSf trabalha no Burundi desde 1993. Além do centro de emergências obstétricas na província rural de Bujumbura, MSF responde à emergências médicas no país, como em 2009, quando uma crise nutricional atingiu a província de Kirundo.

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