Chade: MSF trata pacientes feridos após nova onda de violência em Darfur Central

Confrontos não poupam nem mesmo gestantes

Confrontos intertribais recomeçaram na quinta-feira (19) na área de Um Dukhun, no estado sudanês de Darfur Central, resultando em cerca de 100 pessoas mortas e feridas e no deslocamento de pessoas que deixaram suas casas e atravessaram a fronteira para o vizinho Chade. A violência atingiu quatro cidades – Selele, Marduf, Magan e Kabar – localizadas entre as regiões de Um Dukhun e Nyala.

Nos dias que se seguiram aos confrontos, equipes da organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) trataram 15 pacientes, todos com ferimentos à bala, no centro de saúde de MSF no lado chadiano de Um Dukhun. Seis pessoas precisaram de grandes intervenções cirúrgicas devido aos graves ferimentos, enquanto nove sofreram fraturas e lesões no tecido. Os pacientes foram encaminhados ao hospital gerido por MSF na cidade de Tissi, próximo dali. Depois de terem sido estabilizados, três deles foram encaminhados imediatamente ao projeto cirúrgico de MSF em Abéché, mas apenas um sobreviveu.

Dos dois pacientes que morreram, uma era uma mulher grávida que entrou em trabalho de parto depois de ter sido baleada e deu à luz a gêmeos que nasceram mortos antes mesmo de ela falecer devido às complicações do parto. A chuva atrasou a transferência dos três pacientes restantes para Abéché e a falta de doadores de sangue para operações cirúrgicas se somaram às demais complicações para tratar os feridos.

“A população permanece encurralada em meio à violência em curso e aos deslocamentos”, diz a Dra. Katrin Draber, de MSF, em Tissi. “Estou estarrecida por ver que essa violência indiscriminada matou até mesmo uma mulher grávida de gêmeos e outra levou um tiro no peito enquanto carregava seu bebê.”
 
Toda vez que a violência irrompe na área de Darfur, as pessoas fogem para a fronteira com o Chade em busca de segurança. O deslocamento contínuo agrava as condições de saúde das pessoas e aumentam suas necessidades de abrigo, água limpa, saneamento e acesso a cuidados de saúde. É provável que a temporada de chuvas, que acaba de começar, piore as já precárias condições em que vivem as pessoas.
 
sudãMSF está atuando no Chade há mais de 30 anos. A organização administra programas regulares em Abéché, Am Timan, Massakory, Moissala e Tissi. Em 2014, MSF também deu início a projetos de emergência em Bokoro, para responder aos casos de desnutrição aguda, e em Sido e Gore, no sul do Chade, para atender às necessidades médicas e humanitárias dos refugiados fugindo da República Centro-Africana.

Partilhar