Da África, dois brasileiros começam seus diários de bordo

David de Souza, que está na Etiópia, e Ana Letícia Barauna, em Burkina Faso, falam de suas missões com Médicos Sem Fronteiras

Em sua primeira missão com Médicos Sem Fronteiras, os brasileiros David de Souza e Ana Letícia Barauna enfrentam realidades diferentes. Escalado para atuar na Etiópia, o médico carioca atende as vítimas da crise alimentar que assola o país. Já a advogada paranaense está em Burkina Faso, cuidando da parte administrativa do programa de HIV/Aids da organização. A partir desta terça-feira, os dois contam suas experiências no Diário de Bordo.

Tendo trabalhado no projeto Meio Fio no Rio de Janeiro, que ofereceu cuidados médicos à população de rua entre 2000 e 2004, David já tem bastante experiência com MSF. Apesar disso, essa é a sua primeira missão como expatriado. "Só aqui na região de Kambata, falam-se 40 dialetos, o que às vezes nos leva a ter que trabalhar com uma tripla tradução. Um desafio", conta ele.

Já Ana Letícia era advogada e pesquisadora até o dia em que participou de um curso de formação em direito internacional humanitário realizado pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha para A América Latina. Sua perspectiva de vida, então, mudou. "Senti que o trabalho humanitário estava mais próximo de minhas aspirações profissionais – e existenciais! – do que o trabalho acadêmico puramente ou as questões jurídicas de maneira geral", conta a paranaense, que participou do recrutamento em abril deste ano e está também em sua primeira missão.

"Os dias aqui são muito intensos e uma semana parece um mês", conta David, que até essa missão só havia trabalhado como equipe nacional e tem hoje uma experiência bem diferente da que viveu no Brasil . A paranaense, mesmo não tendo contato com os pacientes, já que é advogada, tem um trabalho essencial dentro do projeto: "creio que apesar de não lidar diretamente como a equipe médica, a função que ocupo acaba por me fazer conhecer cada um dos integrantes do projeto e o impacto dele na vida das pessoas".

MSF está na Etiópia cuidado de pessoas que sofrem de desnutrição grave desde maio deste ano. A adaptação das atividades é contínua e hoje alguns projetos distribuem comida de forma direcionada e tratam pessoas que sofrem de desnutrição moderada. Em Burkina Faso, o projeto de HIV/Aids realizou cerca de 23 mil consultas médicas e já ofereceu tratamento anti-retroviral para mais de quatro mil pessoas desde 2004. A África abriga cerca de 65% dos projetos de MSF.

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