Dois meses após o terremoto que atingiu o Haiti, a necessidade médica no país permanece imensa e as condições de vida são extremamente precárias. Apesar da fase de urgência médica ter passado, o contexto ainda é extremamente crítico, no qual milhares de

MSF pede que medidas para limitar acesso a cuidados de saúde não sejam tomadas durante Conferência Internacional sobre o país em Nova York

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Enquanto a maioria da população do Haiti continua extremamente vulnerável, a Conferência de Doadores das Nações Unidas, que será realizada nesta quinta-feira em Nova York, não deve tomar medidas que limitariam o acesso da população aos serviços de saúde, afirma a organização internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF).

Desde o terremoto do dia 12 de janeiro, quase todas as estruturas médicas públicas e privadas têm oferecido atendimento gratuito. Enquanto isso, foram revelados planos para restabelecer em abril, de maneira progressiva, taxas de atendimento hospitalares.

“Fazer com que o atendimento médico esteja condicionado às condições financeiras de alguém seria ignorar totalmente a realidade que vemos nas ruas e acampamentos improvisados no Haiti”, afirma a coordenadora de emergência de MSF, Karline Kleijer. “Centenas de milhares de pessoas foram deslocadas e vivem em frágeis cabanas feitas de lonas de plástico, tendas ou casas destruídas, com uma latrina para cerca de cem pessoas. Abrigo, higiene, água e atendimento médico continuam sendo prioridades. As necessidades humanitárias em curto prazo continuam enormes e muitas vezes sem resposta, e a chegada da estação de chuvas e de furacões ameaça agravar ainda mais as condições de vida atuais. Nós já vimos grandes partes dos acampamentos ruirem nas chuvas recentes. A destruição ou inundação de abrigos e tendas pode forçar muitos deslocados a se mudar novamente”.

Infecções respiratórias e diarreia são hoje as duas principais doenças tratadas por MSF. As vítimas do terremoto continuam a precisar de atendimento pós-operatório e reabilitação, fisioterapia, assim como aconselhamento psicológico. Além disso, a população tem grande necessidade de atendimento obstétrico, pediátrico e para traumas.

“Os haitianos devem ter acesso a um sistema de saúde eficiente”, defende Dr. Christophe Fournier, presidente internacional de MSF. “Os recursos financeiros necessários para as estruturas de saúde funcionarem não podem ser tirados da população em situação extremamente precária”.

A ajuda internacional deve considerar um apoio financeiro direto para o sistema de saúde no Haiti. As decisões tomadas na Conferência em Nova York precisam permitir que o sistema de saúde haitiano continue a atender as necessidades imediatas da população local.

MSF atende as comunidades haitianas há 19 anos. Hoje, cerca 3,3 mil haitianos e profissionais internacionais de MSF estão dando apoio aos hospitais do governo e administrando as unidades de MSF. Desde que o terremoto foi registrado, as equipes de MSF realizaram mais de 4 mil cirurgias, ofereceram aconselhamento psicológico a mais de 20 mil pessoas e trataram 53 mil pacientes. MSF distribuiu 14 mil tendas e cerca de 20 mil itens não alimentares (incluindo kits de higiene e cozinha, galões d’água, cobertores e lonas de plástico). MSF está financiando suas atividades no Haiti exclusivamente com doações privadas e por isso não tem representação na conferência de doares em Nova York.

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