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Em Conacri, MSF emprega pacientes que sobreviveram ao Ebola para sensibilizar a população e oferecer apoio moral aos doentes. Eles são recursos preciosos, por serem a prova viva de que a recuperação é possível
A primeira vez que Safiatou entrou em um centro de tratamento de Ebola em Conacri, em março de 2014, ela estava febril e sentia fortes dores de cabeça. Seis membros de sua família juntaram-se a ela sucessivamente, todos contaminados pela doença misteriosa e devastadora.
Os membros da família Keita foram, sem dúvida, os primeiros a contrair o Ebola em Conacri, após a visita de um tio doente. Mohammed, primo de Safiatou, que hoje trabalha com ela, conta: “Pelo rádio que MSF colocou dentro do centro de isolamento, pude saber das atualidades. Eu soube quando a doença chegouem Conacri e entendi que estávamos com Ebola, mas me recusei a dizer isso a Safiatou e a minha esposa. Pensei que elas não suportariam o golpe”.
“Eu queria sair dali viva”Assim, durante todo o curso de seu tratamento, Safiatou conta que nunca soube qual era doença que a afetava. “A questão nem sequer me ocorreu. Tudo o que eu sabia era que queria sair dali viva”, explica. “Se eu soubesse que estava com uma doença para a qual não existe tratamento nem vacina, e maioria das pessoas doentes morrem, não sei se teria sobrevivido.”
A diarreia e os vômitos a torturaram por mais de uma semana. “Não sei quantos litros de água os cuidadores colocaram em minhas veias na tentativa de evitar que eu me desidratasse”, continua Safiatou. No total, ela ficou 13 dias no centro de tratamento. A primeira vez que a jovem viu um paciente perder a vida diante de seus olhos, ficou aterrorizada. “Mas, depois de alguns dias, me habituei. Passei a me apoiar na ideia de que apenas Deus poderá decidir quando minha hora terá chegado.” E Mohammed finalizou a frase da prima “e enquanto não podíamos sair, eu as impedi de chorar nossos mortos. Devíamos nos concentrar em sobreviver”.
Mohammed foi liberado primeiro, seguido por Safiatou e, depois de alguns dias, de sua esposa. Os três outros membros da família que estavam doentes não sobreviveram.
Saída difícilNo entanto, contra todas as possibilidades, a saída de Safiatou foi muito difícil. “Sofri muito quando minha mãe me disse que, ao menos, nós estávamos lá dentro do isolamento, que não tínhamos sido vítimas de rumores e insultos aos quais outras famílias afetadas pelo Ebola tinham sido submetidas”. Uma tarde, Safiatou pesquisou a doença. “Desmoronei. Chorei a noite inteira e tive medo de mim mesma. Às duas horas da manhã, chamei Lucie, uma enfermeira, e pedi que me colocasse novamente no isolamento.” Lucie conseguiu acalmá-la e assegurar Safiatou que ela não podia mais transmitir a doença a ninguém e que as pessoas que a rejeitassem estariam erradas.
Quando as equipes a chamaram para trabalhar com MSF durante o mês de maio, Safiatou aceitou imediatamente. Desde então, ela passa todos os dias do outro lado da área de isolamento para chegar às cabeceiras dos leitos dos doentes. “No início, foi muito difícil. Eu revivi tudo aquilo, ressenti aquela dor”, explicou a jovem, sorrindo ligeiramente, e continou: “Me forcei a continuar porque é meu dever cívico levar esperança aos outros doentes”.
Os pacientes ficam espantados quando ela os conta que esteve em seu lugar há alguns meses. “Por vezes, eles demoram algum tempo para acreditar em mim, depois passam a ter confiança, a saber que lhes compreendo e que posso encorajá-los.”
Seu papel como agente de sensibilização é o de prestar apoio aos doentes, tranquilizar as pessoas próximas a eles e explicar os métodos de prevenção à comunidade. “Me sinto bem comigo mesma hoje, gosto do que faço, ainda mais quando consigo convencer um paciente a se alimentar e tomar seus medicamentos”. Ontem, ao sair do isolamento, apesar do cansaço e do suor, ela ficou muito feliz: uma jovem que não comia há alguns dias foi terminar seu prato depois que Safiatou a convidou para ser testemunha de seu casamento, caso ela se recupere.
Apesar de tudo, Safiatou pediu para permanecer no anonimato, que a protege do estigma. Também em Conacri, os sobreviventes existem, mas são invisíveis.
*Os nomes e sobrenomes foram alterados.
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