A Médicos Sem Fronteiras (MSF) é uma organização humanitária internacional que leva cuidados de saúde a pessoas afetadas por graves crises humanitárias. Também é missão da MSF chamar a atenção para as dificuldades enfrentadas pelos pacientes atendidos em seus projetos.
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Rebecca Santana é enfermeira de controle de infecções e atuou nos estados do Amazonas e Goiás
“Eram dois anos e meio atuando com Médicos sem Fronteiras em ações humanitárias. Me sentia cansada mental, física e psicologicamente. Decidi então tirar seis meses para me cuidar, para olhar mais para o meu interior. Ver e viver as atrocidades que o sistema de saúde faz ao redor do mundo é necessitar de cuidados com a própria saúde mental.
Após terminar minha participação no projeto em Moçambique, estava de férias em Zanzibar e as fronteiras começaram a fechar. Algo me dizia que era o momento de regressar ao Brasil e ajudar os nossos. A mensagem subliminar estava dada: é hora de voltar para casa!
A saudade da família e de casa era enorme e a possibilidade de ajudar a nação brasileira falava mais alto. Quando cheguei, não pude ver meus familiares, pois estava voltando de viagem e tinha de fazer a quarentena. Voltei e estava partindo para atuar no combate à COVID-19. Era sentir o choro e o medo serem engolidos pelos meus pais. Houve a ausência das palavras que nunca faltaram e eles não conseguiram mencionar nenhuma fala de apoio. A única frase entre os olhos arregalados dos meus pais e familiares era CUIDADO, SE CUIDE!
Estávamos diante de algo novo, nunca tinha voltado e não ter ficado em casa. Mesmo sabendo que o mundo é minha casa, estaríamos mais perto, porém distantes.
Lidar com as dores e perdas foi muito cruel. A busca por serviços de saúde equitativo e igualitário tomava conta de todas as populações nos lugares em que atuei em cinco meses: no estado do Amazonas, nas cidades de Manaus, Tefé e São Gabriel da Cachoeira; e em Goiás, nas cidades de Cavalcante, Teresina, Monte Alegre e Campos Belos.
Tínhamos que pensar medidas de prevenção e controle de COVID-19 em populações vulneráveis como imigrantes indígenas venezuelanos, indígenas, populações ribeirinhas, povos da floresta e quilombolas. Mostrava a fragilidade de um sistema que sempre excluiu essa população e não seria diferente mediante tempos pandêmicos. E lá, precisaríamos atuar com urgência, pois esse vírus é cruel e devastador.
Mesmo com tudo para me fazer desistir, me sentir cansada, esgotada, com medo, a comunidade me abraçava mentalmente e por meio dos sabores, carinho e cuidado. A busca por conhecimento e por melhoria de processos e a súplica por uma escuta qualificada se faziam necessárias. Conversar com os benzedeiros, raizeiras, parteiras, mulheres que trabalham com a cura da comunidade era ver na pele que onde o tal “serviço de saúde” não chega o povo resiste e encontra seu meio.
Poder contribuir para um hospital e neste caso o de Tefé, onde havia anseio por um comitê de controle de infecção e melhorias de fluxos, foi como amor à primeira vista. Eles precisavam de mim e eu precisava dividir meus conhecimentos.
São Gabriel da Cachoeira, com a maior comunidade indígena do Brasil (90%), reforçou a questão de que o nosso trabalho era importante, assim como nosso reaprender das culturas e individualidades de cada etnia, os seus saberes tradicionais, como lidam com as raízes e ervas sem menosprezar o conhecimento ancestral.
Aprendia diariamente, reconhecia minhas fragilidades, assim como foi difícil negar que estava extremamente cansada. O corpo respondia. Porém, no dia em que “parei”, afinal de contas já tinham se passado quase 90 dias para iniciar a minha atividade no estado de Goiás, reconhecia que estava esgotada. A família clamava pelo meu retorno para casa, afinal de contas eram 90 dias que eu estava nesse projeto específico.
No dia em que cheguei no projeto de COVID-19, o corpo da minha avó Alice partiu desse mundo, não foi pela atual doença, foi pela idade. Uma enorme perda física. Porém, dediquei todo o meu caminhar e atuar para a minha avó. Nos últimos dias, antes do real término do contrato, tive a proposta de atuação com os quilombolas e era impossível dizer não, logo eu uma mulher negra, que estudei e tive enfoque na Saúde da População Negra, e pelos atuais dados sabia que a população negra é a que está sofrendo mais com a doença e tem os maiores números de óbitos.
Só conseguia olhar para o céu e agradecer todos os cuidados nos detalhes guiados pela minha avó. Mais uma vez as dores foram renovadas e transformadas em força e seriam apenas três semanas.
Concluo meu trabalho com os olhos cheios d’água, mas preciso ser substituída. O time irá continuar jogando para vencer. Haverá outros jogos, mas desse por hora preciso me desligar, preciso cuidar de mim e saio com a certeza de que fiz o meu melhor.
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