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Thomaz Bittencourt está desde março trabalhando em projeto de MSF de assistência a mulheres e crianças vítimas de violência sexual
Após 13 anos de ditadura, a Libéria tenta se reeguer mas ainda sofre com problemas como a falta de infraestrutura, um sistema de saúde em colapso e um alto índice de violência contra mulheres e crianças. O médico brasileiro Thomaz Bittencourt, de 28 anos, está desde março trabalhando no projeto que Médicos Sem Fronteiras tem no país e inicia hoje seu diário de bordo.
Nesta entrevista ele fala um pouco mais sobre a atual situação e quais os principais benefícios da presença da organização na Libéria. MSF está presente no país há 19 anos, e seus projetos têm como principal foco o atendimento emergencial a mulheres e crianças. Mensalmente, são realizadas mais de 13 mil consultas de cuidados médicos primários em suas clínicas móveis.
MSF está na Libéria desde o início da década de 90, período no qual o país passou por uma revolução, vivendo sob uma forte ditadura até 2003. Foi preciso fazer mudanças na missão para se adequar aos diversos contextos políticos? Quais?Thomaz Bittencourt – Situações políticas diferentes demandam intervenções diferentes. A presença de MSF durante o conflito era mais focada em atendimento emergencial. Atualmente, a idéia é sair do país, deixando o ministério de saúde e as ONGs locais responsáveis continuar o trabalho, garantindo atendimento gratuito e de qualidade para a população.
O principal foco da missão é a população de maior risco, mulheres e crianças. Quais os principais problemas enfentados por esta população?Bitterncourt – Existe um sistema de saúde totalmente em colapso. A mortalidade infantil é altíssima, e a prevalência de desnutrição, HIV e tuberculose também. Para as mulheres, o foco do trabalho de MSF é a violência sexual. A estatística no país é aterradora. Só no Island Hospital,uma de nossas sedes, atendemos mais de 70 casos de estupro por mês, e isso apenas na população pediátrica, abaixo de 15 anos, que teve a coragem e a possibilidade de ir ao hospital. Imagine só o número real.
Quais medidas são tomadas por MSF para ajudar a população de risco?Bittencourt – Oferecemos atendimento gratuito a crianças menores de 15 anos que precisam ser internadas e administramos duas clínicas que fazem atendimento primário de todas as faixas etárias, incluindo o pré-natal e a assistência ao parto.Há ainda o trabalho com violência sexual, que oferece apoio psicológico e assistência médica para essas mulheres.
Você trabalha no Island Hospital que concentra 60% dos leitos de pediatria do país. Por que um único hospital atende a essa demanda tão alta? Quais as dificuldades encontradas por quem busca assistência médica?Bittencourt – A maioria dos hospitais foi destruída durante o conflito armado, e a maioria dos médicos saiu do país. Sobraram apenas as ONGs que, por algum tempo, foram praticamente os únicos provedores de saúde. Agora, o Ministério de Saúde está tentando reconstruir o sistema de saúde local. Mas isso leva tempo e um investimento que nem sempre existe na intensidade necessária. A maior dificuldade, além de chegar a um hospital, é que poucos lugares atendem gratuitamente.
Existem muitas crianças com malária no país. Além de atendê-las, MSF realiza alguma outra atividade, de prevenção, por exemplo?Bittencourt – Enquanto as crianças estão internadas, há todo dia uma conversa, em que a enfermeira fala com as mães sobre diversas doenças e como evitá-las. Além disso, existe o "Drama Team", que faz um teatro de rua falando sobre violência sexual, HIV/Aids, tuberculose, malária e outras doenças. Eles se apresentam no hospital e nas clínicas administradas por MSF, em diversos bairros.
Você já explicou que muitos dos atendimentos são feitos por assistentes de médico, profissão inexistente no Brasil. Quais as principais atividades realizadas por eles?E até que ponto eles são qualificados para atender os pacientes?Bittencourt – Os assistentes de médico têm que fazer um curso de três anos para poder realizar as suas atividades. Eles são responsáveis por fazer todo o atendimento clínico. São capazes de seguir os protocolos na maioria das vezes, mas não entendem muito de fisiopatologia e, quando um caso foge do padrão, têm muita dificuldade de raciocinar e pensar nos diagnósticos diferenciais.
Há também no país muitos casos de sepsemia, com altíssima mortalidade. Por que as pessoas demoram tanto para procurar atendimento?Há alguma medida de conscientização para diminuir este tempo de ida ao médico?Bittencourt – Sepse, ou infecção generalizada, é geralmente resultado de uma progressão a partir de uma infecção bacteriana não tratada. Aqui, há muitos casos de sepse neonatal, devido às más condições no parto e cuidados iniciais com os recém-nascidos. Com as crianças maiores, os pais tentam remédios caseiros, automedicação e só então, se tudo falhar, vão ao hospital. A conscientização é feita da mesma forma que a prevenção.
MSF está em vias de sair do país, de que forma é feito isso?Bittencourt – O plano é desativar o Island Hospital até o fim do ano, transferindo os leitos para o Redemption Hospital, que é do Governo da Libéria. Já iniciamos a primeira parte, com transferência dos desnutridos moderados.
A Libéria foi o primeiro país independente da África. Você consegue observar algum benefício no país por isso?Bittencourt – Apesar da beleza histórica da precoce independência política, a Libéria nunca conquistou uma independência real. É um país economicamente dependente, com uma indústria pouco desenvolvida , que até para alimentos precisa de ajuda internacional. Politicamente, passou por maus bocados de 1980 em diante e só conseguiu se estruturar com a presença da ONU, que está no país desde 2003. A Libéria ainda é um dos países mais miseráveis do mundo.
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