MSF conclui resposta às cheias no Punjab, no Paquistão

Mais de 4,5 milhões de pessoas foram afetadas pelas cheias, provocadas por chuvas de monção torrenciais e pela subida catastrófica dos rios

Uma equipa da MSF visita áreas afetadas pelas inundações em Jalalpur Pirwala Tehsil, no distrito de Multan, para avaliar os danos e as necessidades.
© MSF

Milhares de pessoas foram apanhadas pelas devastadoras cheias de setembro de 2025 na província do Punjab, no Paquistão, provocadas por chuvas de monção torrenciais e pela subida catastrófica dos rios Chenab, Ravi e Sutlej. Segundo a Autoridade Provincial de Gestão de Desastres do país, mais de 4,5 milhões de pessoas foram afetadas.

Os custos humanos e materiais foram enormes: mais de 4700 aldeias ficaram submersas, centenas de vidas foram perdidas e milhões de pessoas foram temporariamente deslocadas. Os distritos na região Sul, Multan e Muzaffargarh, foram os mais atingidos, com destruição generalizada de terras agrícolas e colapso de serviços essenciais.

“Quando a água das cheias inundou a nossa área, estava em casa com os meus filhos. Aguardámos, na esperança de que o nível da água descesse, mas acabou por subir por baixo das camas”, recorda Naseem Bibi, que vive em Basti Tibbi Sohrab, no tehsil (subdivisão administrativa) de Jalalpur Pirwala, distrito de Multan, na província paquistanesa do Punjab. “Consegui escapar com os meus filhos, e saímos da aldeia de barco. Estamos hospedados na casa da minha irmã há três semanas.”

 

Necessidades urgentes

Em meados de setembro, a Médicos Sem Fronteiras (MSF) enviou uma equipa de avaliação ao Sul do Punjab para identificar as necessidades mais urgentes. “Visitámos o tehsil de Jalalpur Pirwala, que foi atingido de ambos os lados: o rio Sutlej a leste e o rio Chenab a oeste”, explicou o coordenador da equipa de emergência da MSF, Ejaz Zareen.

Zareen descreveu uma paisagem transformada pelas cheias. “Quando visitámos o tehsil pelo lado do rio Sutlej, toda a região estava submersa. Viajámos de barco até às zonas afetadas, onde as comunidades tinham sido realocadas em acampamentos ao longo das estradas principais.”

 

Um membro da equipa MSF conduz uma sessão de sensibilização, em Tibbi Sohrab, sobre as necessidades de saúde e higiene pós-cheias.
Um membro da equipa MSF conduz uma sessão de sensibilização, em Tibbi Sohrab, sobre as necessidades de saúde e higiene pós-cheias. © Gul Nayab/MSF

 

A equipa da MSF visitou os acampamentos para avaliar as necessidades médicas, onde já trabalhavam várias outras organizações. A nossa equipa também realizou avaliações ao longo do rio Chenab, incluindo unidades básicas de saúde que estiveram submersas durante semanas e as áreas circundantes. Após as avaliações, a MSF estabeleceu uma clínica móvel que prestou serviços em três locais: Adoo Wali, Basti Bahara e Basti Tibbi Sohrab.

Naseem visitou a clínica móvel em Basti Tibbi Sohrab para tratar uma infeção cutânea grave que contraiu após regressar à sua casa destruída. “Os meus filhos ainda estão com a minha irmã em Multan. Voltei para limpar a lama da nossa casa que ficou muito danificada”, contou.

Entre 27 de setembro e 10 de outubro, as equipas médicas da MSF realizaram 2255 consultas, com uma média de 205 por dia. Durante este período, havia uma preocupação crescente com potenciais surtos de doenças, especialmente após as cheias, com relatos de milhares de casos de diarreia aquosa aguda. A clínica móvel desempenhou um papel fundamental na monitorização ativa das condições de saúde no terreno, permitindo a deteção precoce e a resposta rápida caso os surtos se agravassem.

Embora não tenham sido registados grandes surtos de malária, dengue ou diarreia aquosa aguda após as cheias, a equipa da MSF tratou uma elevada incidência de infeções cutâneas, problemas respiratórios, febres inexplicadas e doenças gastrointestinais. Além disso, dois casos clinicamente diagnosticados de leishmaniose cutânea foram encaminhados para o Ministério da Saúde para investigação e tratamento adicionais.

 

Distribuição de artigos essenciais

No início de outubro, a MSF começou a distribuir artigos essenciais não alimentares para ajudar as famílias no regresso a casa. Em Moza Narol, localizada nas margens do rio Chenab, a MSF distribuiu a 1000 famílias: 1000 kits de higiene, 1000 kits de cozinha, 3000 cobertores, 2000 baldes e 2538 redes mosquiteiras. Em Alipur Tehsil, no distrito de Muzaffargarh, mais 100 famílias receberam kits de higiene, cobertores e recipientes de água. A MSF também apoiou o sistema de saúde local, e doou 57 tipos de medicamentos e provisões médicas essenciais ao gabinete distrital de saúde.

Após mais de duas semanas de resposta, a MSF concluiu o projeto de emergência na província do Punjab, depois de prestar ajuda médica vital e fornecer bens essenciais às famílias afetadas.

“Embora tenhamos concluído a nossa resposta de emergência a curto prazo, enquanto organização médica e humanitária permanecemos empenhados em responder a quaisquer emergências futuras no Paquistão”, frisou o coordenador da MSF no Paquistão, Ahmad Wileo.

A MSF trabalha no Paquistão desde 1986 e atualmente desenvolve projetos de saúde que incluem cuidados materno-infantis, tratamento da tuberculose e da leishmaniose cutânea, bem como respostas de emergência em todas as quatro províncias do país.

 

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