MSF faz apelo ao G7 por mudanças nas políticas de migração

MSF faz apelo ao G7 por mudanças nas políticas de migração

Cúpula na Itália também deve enfrentar questões centrais de saúde, como inovações médicas e infecções resistentes a medicamentos

Roma, 25 de maio de 2017 – À véspera da cúpula do G7, que acontece este fim de semana em Taormina, Itália, a organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) faz um apelo aos líderes do grupo para que assumam compromissos consistentes em relação a políticas de migração de longo prazo. Diversas questões globais de saúde também estarão na agenda do G7 e MSF pede que sejam analisados temas como os preços inacessíveis dos medicamentos e falta de ações de pesquisa e desenvolvimento ligados ao combate a infecções resistentes a medicamentos, assim como outras necessidades de pacientes.  

Diante da maior crise de deslocamento que o mundo testemunhou desde a Segunda Guerra Mundial, um número crescente de governos está adotando medidas míopes e restritivas, baseadas principalmente em repressões, detenções, dissuasão e outras tentativas inúteis de deter os migrantes. Essas políticas resultaram em uma enorme carga de sofrimento para aqueles que estão em trânsito, com muitas pessoas se deparando com a violência de todas as formas imagináveis, sem acesso ao asilo legal ou à proteção internacional de que tanto precisam.

“Observamos em primeira mão o impacto dessas políticas por meio de nosso trabalho em um vasto leque de situações, desde sobreviventes do conflito devastador da Síria e centros de detenção na Líbia, até o nível de violência extrema visto na rota de migração da América Central”, diz Joanne Liu, presidente internacional de MSF. “O número crescente de mortes no mar, as barreiras físicas e administrativas nas fronteiras, as condições de recepção e detenção terríveis e a eventual rejeição devem ser revistas pelos países do G7 como uma falha humanitária que ocorreu sob seu mandato”.

Medidas concretas devem ser tomadas para implementar políticas mais humanas referentes a migrantes e refugiados: canais seguros e legais para buscar proteção; condições seguras e humanas de recepção nos países de destino ou de trânsito; detecção precoce de vulnerabilidades e implementação de um sistema diligente de busca e resgate no Mediterrâneo para salvar vidas.

MSF está particularmente preocupada com o número crescente de negociações que tentam externalizar o gerenciamento de migrações para países em desenvolvimento – muitas vezes inseguros –, o que põem em risco os conceitos de refúgio e proteção.  Entre os exemplos mais recentes estão o acordo entre a União Europeia e a Turquia e o pacto cínico entre a Itália e a Líbia que apoia a interceptação de migrantes pela guarda costeira líbia no mar. Esses migrantes são privados do direito de buscar proteção e empurrados de volta para um contexto já conhecido de violência, tortura e condições desumanas de detenção na Líbia.

No dia 23 de maio, durante um resgate de migrantes no mar Mediterrâneo conduzido por algumas ONGs, guardas costeiros da Líbia intimidaram passageiros a bordo de botes de borracha à deriva e atiraram com armas de fogo para o ar, ameaçando a vida dessas pessoas.

“Esse é apenas um exemplo que mostra que a guarda costeira líbia não pode ser parte de nenhuma solução”, disse Loris De Filippi, presidente de MSF Itália. “A estratégia da Europa de terceirizar o controle de pontos de entrada de migrantes no mar para a Líbia não é nada distante de compactuar com as torturas e violações aos direitos humanos, nem de condenar essas pessoas ao sofrimento ou à morte”.

Acesso a medicamentos e resistência antimicrobiana (AMR)

Os altos preços dos medicamentos afetam todos os países. Hoje, no G7, os países estão lutando para pagar por novos medicamentos para o tratamento da hepatite C. Ao mesmo tempo, o atual sistema de pesquisa e desenvolvimento falha em atender às necessidades críticas de saúde pública, entre elas o desenvolvimento de novos medicamentos e diagnósticos para infecções resistentes que sejam acessíveis para as pessoas que precisam desses tratamentos. Infecções resistentes a medicamentos são um grave e crescente problema de saúde. A tuberculose resistente a medicamentos foi responsável por um terço das mortes em decorrência desse tipo de infecção em 2015.

Os governos do G7 também devem estabelecer novas abordagens para pesquisa e desenvolvimento médico que acabem com a dependência de altos preços para pagar a inovação, assegurar retorno público sobre o investimento, tornar os produtos acessíveis, compartilhar dados e conhecimento e priorizar as necessidades de saúde das pessoas. O grupo deve tomar atitudes urgentes em seus países, além de lidar com a epidemia de preços altos, que vem impactando negativamente a vida de milhões de pessoas no mundo.

“Todos os dias, médicos de MSF se deparam com a falta de tratamentos eficazes para curar doenças como a tuberculose resistente a medicamentos”, diz o Dr. Els Torreele, diretor executivo da Campanha de Acesso a Medicamentos Essenciais de MSF. “A necessidade de inovação médica é urgente, mas os produtos devem ser acessíveis e fáceis de usar nos sistemas de saúde em que as pessoas são tratadas. O atual sistema de pesquisa farmacêutica – baseado em monopólios de patentes de altos preços – está nos desapontando por não atender propriamente às infecções resistentes a medicamentos e a epidemias globais como hepatite C, ou a surtos de epidemias como Ebola, além de uma variedade de doenças não-transmissíveis”.
 

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