MSF inicia em Moçambique os primeiros testes em larga escala de uma vacina contra cólera

Moçambique é um dos países mais atingidos pela cólera no mundo. Espera-se que 50.000 pessoas recebam as duas doses da vacina até janeiro. Dois estudos, realizados por MSF, vão avaliar a viabilidade da campanha e a eficácia da vacina.

A organização Médicos Sem Fronteiras está realizando testes de uma vacina oral contra cólera, que já teve sua eficácia comprovada em experiências menores, na cidade de Beira, Moçambique. O país é um dos mais afetados pela doença, com a epidemia se tornando cada vez mais freqüente e com os maiores índices de mortalidade da África.

O governo se esforça para lidar com as epidemias recorrentes porque só pode atuar quando há um surto, ao invés de evitar o surgimento da doença. O trabalho preventivo é bastante caro e interrompe os serviços públicos de saúde.

A vacina que está sendo testada por MSF, que é administrada oralmente em duas doses consecutivas, é um importante instrumento de prevenção a ser incorporado aos instrumentos já existentes para melhorar a higiene (educação sanitária, acesso à água potável, construção de banheiros e de estruturas de saneamento básico etc.). Os testes com a vacina estão sendo realizados de acordo com as prioridades definidas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), e em parceria com as autoridades locais de saúde, um centro de pesquisa associado a MSF, o Instituto Internacional de Vacinas de Seul e o escritório local da OMS.

Na prática, esta é uma campanha de vacinação em massa no distrito de Esturro, em Beira, que tem sido particularmente atingido pelas epidemias de cólera. MSF espera administrar a vacina para cerca de 50.000 adultos e crianças que já receberam informações sobre a campanha de vacinação conduzida na região.

Os pacientes irão receber a primeira dose da vacina entre os dias 11 e 24 de dezembro, e a segunda entre os dias 5 e 15 de janeiro. O pico da epidemia de cólera costuma ser entre os meses de fevereiro e abril.

Uma primeira avaliação da campanha será realizada logo após a vacinação, em janeiro. Este levantamento irá medir a viabilidade de uma campanha em termos de organização, e a sua aceitação por parte da população (participação, capacidade de ingerir, efeitos colaterais, etc.). Um segundo estudo deverá acontecer nos próximos seis meses para verificar a eficácia da vacina contra a bactéria responsável pela doença de cólera.

No momento, duas vacinas contra cólera existem no mercado, mas apenas a utilizada por MSF nesta campanha em Moçambique foi pré-qualificada pela OMS. Mesmo assim, o custo ainda é relativamente alto para os padrões africanos, com preços que variam entre 3 e 6 dólares cada dose, dependendo da quantidade adquirida.

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