MSF leva esperança aos portadores de leishmaniose cutânea

A leishmaniose cutânea é uma doença tropical negligenciada e endêmica no Paquistão

MSF leva esperança aos portadores de leishmaniose cutânea

MSF abriu seu centro de tratamento para os portadores de leishmaniose cutânea em Peshawar em maio de 2018. É o quarto desse tipo no Paquistão. O centro já atendeu mais de 800 pacientes e está operando em plena capacidade, assim como os outros três centros de tratamento de MSF: dois em Quetta e um em Kuchlak.

MSF é atualmente o maior provedor de tratamento para a doença na província do Baluquistão, no sul do país. Na província de Khyber Pakhtunkhwa, no norte, a clínica de MSF em Peshawar é o único grande centro em todo a região que fornece diagnóstico e tratamento gratuitos para leishmaniose cutânea.  

Na sala de espera do centro de tratamento de Peshawar está Taj Bibi, cuja família inteira contraiu leishmaniose cutânea após ser mordida por mosquitos-palha, deixando-os com lesões dolorosas na pele.

“Meu marido, meus quatro filhos e minha filha mais velha foram picados enquanto trabalhavam em uma fábrica de tijolos”, diz Taj Bibi. “Eu fui mordida pelo mosquito-palha em casa, assim como minha filha mais nova, Zena. O ambiente em que vivemos é sujo e não há saneamento. Muitos de nossos vizinhos e seus filhos também foram infectados ”.
A doença afeta principalmente pessoas de áreas rurais, em lugares onde as condições de vida são precárias e água potável e saneamento são quase inexistentes. Como resultado, geralmente não é vista como uma prioridade de saúde pública.

Os principais desafios para o controle da doença no Paquistão são a falta generalizada de conscientização sobre a doença, poucos profissionais de saúde treinados para lidar com ela e nenhum dado coletado em nível nacional sobre sua prevalência. Soma-se a isso a falta de disponibilidade ampla dos medicamentos para tratá-la. O risco de escassez do medicamento, que precisa ser importado, é uma ameaça constante tanto para o funcionamento adequado dos centros de tratamento, como os de MSF, como para a saúde das pessoas que vivem com a doença.

Quando Taj Bibi foi diagnosticada pela primeira vez por um médico local, ela foi informada de que não havia tratamento no Paquistão. Taj Bibi e sua família – como muitos dos pacientes que chegam aos centros de tratamento de MSF – inicialmente se voltaram para o mercado negro, já que não havia medicamentos disponíveis nas unidades de saúde pública nas áreas onde MSF atua. Os medicamentos encontrados no mercado negro são geralmente de baixa qualidade ou desatualizados, o que os torna ineficazes. Isso só aumenta o sofrimento de pessoas como Taj Bibi e sua família e faz crescer seu sentimento de negligência.

Uma consequência grave dessa doença pouco conhecida é o sofrimento psicológico que ela cria. Suas vítimas muitas vezes se sentem excluídas de sua comunidade por causa das lesões que causam, e sentem-se rejeitadas e envergonhadas.  

Nabeela, de 11 anos, foi tirada da escola pelos pais depois de ter sido intimidada pelos colegas por causa das lesões que cobriam boa parte do seu rosto. “Os outros alunos zombavam dela constantemente e a isolavam”, diz o pai de Nabeela. “Acabamos tirando-a da escola.” Após o tratamento com MSF, suas lesões melhoraram. “Anteriormente, havia lesões em toda a parte superior do rosto”, diz o pai. “O tratamento dela removeu algumas das lesões.” Muitas meninas afetadas pela doença temem que suas lesões afetem suas chances de se casar.

A doença também causa sofrimento físico e exclusão econômica. O motorista de táxi Saeepur Khan teve que parar de trabalhar por causa da dor em seus pés, deixando-o sem meios de ganhar a vida. Ele está esperançoso de que o tratamento lhe permita trabalhar novamente em breve. “Meus pés doem tanto que não posso mais dirigir meu táxi”, diz Saeepur. “Minhas economias estão quase acabando. Espero me curar rapidamente para poder voltar ao trabalho e ganhar dinheiro novamente ”.

O único medicamento disponível atualmente para o tratamento da leishmaniose cutânea é o antimoniato de meglumina, que deve ser injetado nos músculos ou diretamente nas lesões por 20 a 35 dias, dependendo da gravidade da infecção.

Sabit, de 10 anos de idade, foi infectado com leishmaniose cutânea há um ano. Ele está agora no meio de um processo de injeções e está a caminho da recuperação. “As injeções doem, mas estou feliz por finalmente poder me curar dessa doença”, diz Sabit.

O influxo de pacientes para os centros de tratamento de MSF demonstra que os serviços de leishmaniose cutânea são necessários em todas as áreas afetadas. A necessidade de cuidados é enorme, uma vez que esta doença afeta centenas de milhares de pessoas e a maioria delas não pode pagar por um tratamento.  

A Leishmaniose cutânea é transmitida pela picada de um mosquito-palha e é caracterizada por lesões cutâneas desfigurantes e dolorosas. Embora não seja fatal, muitas vezes resulta em discriminação contra os infectados, afetando sua vida diária e saúde mental.

 

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