MSF providencia cuidados médicos a requerentes de asilo em Harmanli, na Bulgária

As pessoas que chegam a Harmanli em busca de segurança e proteção enfrentam uma infinidade de dificuldades, após terem fugido de conflitos nos países de origem e sofrerem as consequências de um terramoto devastador

Bulgária, centro de receção de refugiados
© Alessandro Penso/Magnum Foundation

Após atravessarem a Turquia, a vila de Harmanli é o primeiro ponto de chegada na Bulgária para muitos refugiados vindos de diferentes partes do mundo. Situada a apenas 50 quilómetros da fronteira, Harmanli alberga um centro de receção que se tornou num dos pontos críticos do aumento de chegadas de refugiados à região. A taxa de ocupação desse centro aumentou 300 por cento desde 2020 e abriga hoje cerca de 1 710 pessoas. A comunidade de refugiados enfrenta enormes desafios e os serviços disponíveis não conseguem responder adequadamente às necessidades médicas urgentes.

As pessoas que chegam a Harmanli em busca de segurança e proteção enfrentam uma infinidade de dificuldades, após terem fugido de conflitos nos países de origem e sofrerem as consequências de um terramoto devastador. A instabilidade vivida na Turquia impulsiona ainda mais as pessoas a procurarem refúgio na Europa, embarcando muitas vezes em viagens árduas que abrangem longas distâncias. O caminho pelo país, marcado por vários trechos complicados, é particularmente desafiante e agravado pelo clima rigoroso de inverno e pelas condições de habitabilidade precárias no Centro de Receção e Registo na chegada à Bulgária.

Devido à escassez de profissionais médicos e de recursos nesta área remota, as necessidades médicas das pessoas intensificam-se, à medida que tentam ultrapassar as dificuldades vividas no centro. Apesar da tremenda resiliência demonstrada pelos recém-chegados, o bem-estar é sempre precário e é necessário responder imediatamente às necessidades de saúde que surgem durante a jornada até ao centro de Harmanli.

Reconhecendo estas necessidades, a Médicos Sem Fronteiras (MSF) iniciou um projeto na fronteira búlgara. Desde que estabeleceram uma pequena clínica no Centro de Receção de Harmanli, em julho de 2023, as nossas equipas forneceram um total de 3 262 consultas, incluindo consultas de saúde primária, serviços de saúde sexual e reprodutiva e suporte para pacientes com doenças não transmissíveis. As necessidades imediatas de saúde decorrentes das condições de higiene precárias são uma prioridade, já que levam à propagação de infeções. A MSF está também a coordenar ativamente o encaminhamento de pacientes com condições de saúde não tratadas que exijam cuidados especializados.

A escassez de profissionais médicos é um problema sistémico na Bulgária, o que afeta a capacidade de prestar cuidados adequados aos refugiados em Harmanli. O sistema de saúde búlgaro tem algumas limitações: os refugiados apenas conseguem obter atendimento sem custos com a referência de um profissional clínico geral do sistema de saúde público. No centro de receção, a disponibilidade irregular destes profissionais impõe desafios no acesso a cuidados essenciais, que se concentra principalmente em condições de emergência ou crónicas.

Além dos cuidados de saúde, há também uma necessidade de serviços de saúde mental, sociais e legais, bem como de serviços de interpretação para processos administrativos e registo e consultas médicas. Além disso, persistem desafios como a falta de proteções adequadas contra o clima frio e a ausência de uma zona segura designada para menores não acompanhados.

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