Necessidades humanitárias e médicas de migrantes e solicitantes de asilo venezuelanos em Roraima, Brasil

Área atrás da rodoviária de Boa Vista, onde os migrantes venezuelanos – que não estão em abrigos ou em outro tipo de habitação – ficam à noite. Eles têm permissão para acessar este local todos os dias no final da tarde e devem deixá-lo no dia seguinte às 6h da manhã.
Milagros Linares mora com seus dois filhos e o marido na rodoviária de Boa Vista. A família, de Caracas, Venezuela, pode ficar o dia todo no local e ocupar uma barraca maior porque o bebê tem problemas respiratórios e conjuntivite.
Esgoto a céu aberto perto da área usada para lavar roupa e louça, no abrigo de Pintolândia, em Boa Vista. Mais de 500 indígenas da Venezuela vivem no local.
Mulheres lavam roupas com água trazida em baldes no abrigo indígena de Pintolândia, em Boa Vista. O abrigo tem poucos lugares onde as pessoas podem pegar água.
Os moradores indígenas de Pintolândia, em Boa Vista, esperam em um dos poucos lugares disponíveis para coletar água no abrigo.
O indígena Delio Silva, do grupo étnico warao, fica na área onde as pessoas costumam dormir em suas redes. Este lugar no bairro de Pintolândia, em Boa Vista, costumava ser um ginásio esportivo. “Nós sobrevivemos, mas é como pegar um pássaro e colocá-lo em uma gaiola. O pássaro só recebe o que não quer comer. É assim que os indígenas vivem aqui, não temos uma vida boa. Nós não somos livres, não temos liberdade. Nossa cultura não é respeitada ”, diz Delio.
O abrigo Pintolândia, em Boa Vista, recebeu redes para acomodar as famílias indígenas, para que elas possam se sentir um pouco “em casa”.
Artesãs da etnia warao vendem utensílios feitos com fibra de buriti (palmeira da Amazônia) no abrigo de Pintolândia, em Boa Vista. O artesanato é a principal atividade e fonte de renda para algumas mulheres indígenas que vivem ali.
Mulheres lavam roupas no abrigo indígena de Pintolândia, em Boa Vista. As condições de abastecimento de água e saneamento são precárias no abrigo.
Moradores do abrigo de Pintolândia, em Boa Vista, cozinham com lenha na cozinha coletiva. Os indígenas que vivem lá consideram ser importante cozinhar os próprios alimentos.
Cozinha coletiva do abrigo de Pintolândia, em Boa Vista. Condições higiênicas para preparação de alimentos são precárias.
A médica Mariana Valente, de MSF, realiza uma consulta médica com uma criança venezuelana que sofre de pneumonia e conjuntivite, no centro de saúde 13 de Setembro, em Boa Vista.
A médica Mariana Valente, de MSF, realiza uma consulta médica com uma mulher venezuelana com gripe. Ela tem dor de garganta e tosse. “Aqui, nesta época do ano, quando está mais frio e chuvoso, há um aumento no número de pessoas que têm sintomas de gripe e doenças respiratórias. Temos visto muitas mulheres com candidíase genital também, principalmente aquelas que estão expostas à chuva e vestem roupas molhadas ”, explica Mariana.

Desde 2017, o número de refugiados e migrantes venezuelanos que chegam ao Brasil aumentou. Eles estão fugindo da crise econômica e social na Venezuela e buscam melhores condições de vida. Todos os dias, cerca de 600 pessoas cruzam a fronteira para o norte do estado de Roraima, a principal porta de entrada para migrantes e solicitantes de asilo no Brasil.

MSF está prestando assistência e apoio em quatro abrigos em Roraima, na capital do estado, Boa Vista, e na cidade de Pacaraima. Dois desses abrigos hospedam exclusivamente venezuelanos de comunidades indígenas. As equipes de MSF também dão apoio técnico para melhorar o fornecimento de água e saneamento nessas instalações, oferecem cuidados de saúde mental e promovem atividades de promoção da saúde e engajamento comunitário para pessoas que vivem dentro e ao redor dos abrigos oficiais. Fora dos abrigos, MSF também está oferecendo consultas médicas para ajudar as pessoas mais vulneráveis, incluindo as que dormem nas ruas ou em prédios abandonados, que são forçadas a viver em condições inaceitáveis. (Fotos: Victoria Servilhano)

Veja mais sobre nossa atuação em Roraima.
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