Novos pacientes com Ebola em Kasai Oeste

Ao todo, 46 pessoas com sintomas da febre hemorrágica, mas apenas sete já tiveram resultados positivos confirmados pelo laboratório

Até terça-feira, um total de 46 pacientes apresentavam sintomas da feibre hemorrágica ebola na província de Kasai Oeste, parte central da República Democrática do Congo (RDC). Sete pacientes tiveram resultados positivos para o vírus do ebola depois de terem amostras de fluidos corporais analisadas em diferentes laboratórios. Dos sete confirmados, um veio a falecer. Os 39 pacientes restantes são todos "casos suspeitos", dos quais 13 faleceram.

Atualmente, há três pacientes suspeitos de ter contraído o ebola em um centro de isolamento construído por Médicos Sem Fronteiras em Kampungu, um vilarejo localizado no centro da província. Os primeiros dois pacientes são o que chamamos de "pessoas de contato". Isso significa que eles tiveram algum tipo de contato com um dos pacientes suspeitos de estar doente ou com os que tiveram testes positivos para a detecção do ebola. Nesse caso, os dois primeiros pacientes tiveram contato com uma mulher que havia morrido e cuja suspeita de ebola foi confirmada. Um paciente é sua filha de três anos de idade e outra é sua irmã, que tomou conta da criança desde que ela morreu.

É necessário monitorar as "pessoas de contato" para quebrar a linha de contaminação do surto de ebola. A equipe de MSF no terreno está acompanhando no momento cerca de 200 pessoas.

O terceiro paciente no centro de isolamento vem de um vilarejo a 20 quilômetros de Kampungu e não teve contato com nenhum outro doente anteriormente.

"Nós tememos que o vírus também possa estar localizado fora de Kampungu e Kaluamba," diz Dr. Michel Van Herp, epidemiologista de MSF. "No entanto, até segunda-feira à noite, seus sintomas pareciam mais com febre tifóide. De qualquer maneira, enquanto não tivermos a confirmação de que seu resultado é negativo para o Ebola ou que ele pare de mostrar sintomas, ele vai ficar no centro de isolamento. Nossa equipe colheu amostras de todos os três pacientes para confirmar se o vírus está presente. Até o presente momento, todos os três estão bem. Estão comendo, caminhando sozinhos e não precisam de rehidratação", acrescentou Van Herp.

Para evitar a contaminação no centro de isolamento, MSF toma algumas medidas. A equipe está seguindo um protocolo restrito para garantir que as equipes médicas, as famílias dos pacientes e os próprios pacientes não se contaminem.

Os pacientes são mantidos no isolamento até que os sintomas desapareçam. Isso significa que eles sobreviveram à suspeita da infecção do ebola ou não estavam infectados pelo vírus mortal. De fato, a contaminação por Ebola só pode ser confirmada através da análise de amostras de fluidos corporais realizadas por laboratórios especializados.

Os sintomas do ebola podem ser similares a outras doenças como malária, febre tifóide e desinteria bacteriana (shigelose), em sua primeira fase. Por essa razão, MSF também oferece medicação contra malária e antibióticos durante a fase em que a febre hemorrágica ainda não foi confirmada. MSF também oferece apoio psicológico.

Até agora, entre os sete pacientes com resultado positivo para ebola, apenas um morreu. Essa parece ser um índice de morte muito baixo para um surto de ebola.

"É verdade que não estamos falando sobre as taxas de mortalidade habituais de um surto de ebola. A razão para isso é que, apesar de ter sido confirmado a existência do ebola, ainda não foi identificado com qual tipo estamos lidando", explica Van Herp. "O tipo Zaire do ebola mata entre 70% a 90% dos pacientes infectados, mas nós podemos estar lidando com um ebola menos letal. Nós também não podemos esquecer que 13 pacientes suspeitos também morreram, fazendo com que o número de mortos subisse para 14".

No ano passado, um surto de ebola na mesma área matou cerca de 186 pessoas. No entanto, há indicações de que outras doenças mortais estariam envolvidas.

Uma equipe de MSF, formada por 18 pessoas, está trabalhando em Kasai Oeste. O grupo é composto por médicos, um epidemiologista, um psicólogo, enfermeiros, especialistas em água e saneamento, promotores de saúde e logísticos.

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