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Em menos de um mês, a província de Herat foi abalada por três fortes sismos e inúmeras réplicas. Rabieh, Farhah, Hassan, Sangin e Abdul sobreviveram, mas num abrir e fechar de olhos as vidas deles mudaram para sempre. Familiares mortos, casas em escombros e nenhum lugar para onde voltar
O hospital disse-nos para ir para casa, mas para onde voltamos? Não temos nada. Todas as casas da nossa comunidade ficaram destruídas.” – Rabieh
O hospital disse-nos para ir para casa, mas para onde voltamos? Não temos nada. Todas as casas da nossa comunidade ficaram destruídas.”
– Rabieh
Primeiro pensei que só a minha casa é que tinha sido danificada, mas depois a minha mãe e alguns familiares disseram-me que toda a cidade tinha sido arrasada. Depois, soube que tinha perdido o meu bebé.” – Shamaeil
Primeiro pensei que só a minha casa é que tinha sido danificada, mas depois a minha mãe e alguns familiares disseram-me que toda a cidade tinha sido arrasada. Depois, soube que tinha perdido o meu bebé.”
– Shamaeil
Ele estava a chorar, a dizer-me para voltar para casa porque tínhamos perdido muitos familiares. Quando lhe perguntei quem eram, começou a contar: a minha mãe, a minha filha de 9 meses, a minha irmã, a filha dele de 3 anos. – Farhad
Ele estava a chorar, a dizer-me para voltar para casa porque tínhamos perdido muitos familiares. Quando lhe perguntei quem eram, começou a contar: a minha mãe, a minha filha de 9 meses, a minha irmã, a filha dele de 3 anos.
– Farhad
Desde 7 de outubro, a província de Herat, no Oeste do Afeganistão, foi abalada por três fortes terramotos e inúmeras réplicas.
Nos primeiros dias após o terramoto, o Hospital Regional de Herat, onde a Médicos Sem Fronteiras (MSF) presta apoio no departamento pediátrico, recebeu 540 pessoas feridas. Nos dias seguintes, os abalos continuaram: um segundo terramoto atingiu a província a 11 de outubro, e o hospital teve de atender mais 126 feridos. Quatro dias depois, um terceiro terramoto volta a provocar um elevado influxo de feridos e chegaram ao hospital mais 167 pessoas. As autoridades estimam que durante este tempo tenham morrido cerca de 2 000 pessoas, mas os números permanecem incertos.
Grande parte dos pacientes sofreu ferimentos leves e moderados e o apoio à saúde mental continua a ser uma grande necessidade. Muitas pessoas perderam familiares, casas e bens e pertencem a um restrito grupo de sobreviventes das comunidades onde viviam. As equipas da MSF têm visitado algumas das áreas mais afetadas fora da cidade para avaliar as necessidades médicas, incluindo o distrito de Zinda Jan.
Neste espaço, partilhamos algumas das histórias de pessoas que sobreviveram aos terramotos.
A aldeia de Seya Hab, no distrito de Zinda Jan, onde vivia Rabieh Jamali, ficou destruída pelo terramoto. Está agora abrigada no recinto hospitalar com o pai, Gul Mohamed, e outros familiares que sobreviveram. Rabieh sofreu ferimentos na perna, na cabeça e nas costas. A família está no hospital há cinco dias e, apesar de terem tido alta, optaram por ficar nas tendas.
“Estávamos a acabar de almoçar quando se deu o primeiro terramoto, e o meu marido e a minha filha já tinham saído. Foi então que ouvimos um barulho forte, sentimos um tremor e tudo ficou negro. Acordei com pessoas a tirar tijolos de cima de mim e do resto da minha família. Nesse momento havia seis pessoas no quarto. A minha filha de 3 anos morreu.
Fui levada de helicóptero para um hospital militar onde passámos uma noite, antes de sermos trazidos para aqui [Hospital Regional de Herat]. O meu filho Amaleh tem 7 anos, não está em bom estado e estou preocupada com ele. Foi internado numa destas salas e o meu pai vai vê-lo. Perdeu a maioria dos dentes, tem o nariz partido e a cabeça está gravemente ferida.
O hospital disse-nos para ir para casa, mas para onde voltamos? Não temos nada. Todas as casas da nossa comunidade ficaram destruídas. As pessoas têm vindo às tendas ajudar-nos e dão-nos canecas, garrafas térmicas e cobertores. Mas precisamos de uma casa”.
Hassan Mirzai e a esposa, Shamaeil, de 25 anos, viviam na aldeia de Naieb Rafi, no distrito de Zinda Jan. Estão na tenda do hospital com a filha de 2 anos e a mãe de Hassan. Shamaeil ficou ferida quando a parede da casa desabou sobre ela: partiu a perna e magoou as costas. Estava grávida e prestes a dar à luz, mas perdeu o bebé. Hassan estava a trabalhar quando o terramoto de 7 de outubro destruiu a casa onde vivia.
Shamaeil: “A minha filha ficou coberta pelos escombros, mas felizmente não ficou ferida. Nós as duas ficámos presas. Quando nos tiraram dos destroços, eu estava a sangrar e perdi a consciência. Disseram-me que nos trouxeram até aqui de helicóptero.
Quando recuperei a consciência, já estava na maternidade. Tentei lembrar-me do que tinha acontecido. Primeiro pensei que só a minha casa é que tinha sido danificada, mas depois a minha mãe e alguns familiares disseram-me que toda a cidade tinha sido arrasada. Depois, soube que tinha perdido o meu bebé.
Muitas pessoas morreram no terramoto: o meu tio, o meu sobrinho, vizinhos e tantos familiares que nem sequer consigo contar. Também perdemos o nosso gado”.
Hassan: “Quando o helicóptero chegou, levou a minha mulher e minha filha, e eu cheguei mais tarde de ambulância. Descobri que as tinham trazido para esta tenda. Não nos disseram quando é que vamos poder sair do hospital, mas de qualquer maneira não temos uma casa para onde regressar.
A minha mulher tem dormido na tenda com um familiar nosso e a minha filha pequena, e eu durmo aqui fora.
Precisamos de cobertores, tapetes, uma tenda e uma casa. Com a chegada do inverno, precisaremos de gás ou de um fogão para aquecer a nossa casa e mantê-la segura e quente.”
Farhah Din estava a trabalhar no Irão quando recebeu a notícia do terramoto através do irmão. Pôs-se imediatamente a caminho para estar com a família – a viagem demorou dois dias. Agora está numa das tendas de campanha da MSF com a irmã de 12 anos, a mulher, Madina, a mulher do irmão e outro familiar.
“Cheguei aqui ontem [quarta-feira, 10 de outubro] e estou a ajudar a tratar quatro pacientes. Trabalhei no Irão nos últimos nove meses como segurança. No sábado, 7 de outubro, tinha acabado de acordar depois do turno da noite e estava a tomar banho antes da oração, quando recebi um telefonema do meu irmão.
Ele estava a chorar, a dizer-me para voltar para casa porque tínhamos perdido muitos familiares. Quando lhe perguntei quem eram, começou a contar: a minha mãe, a minha filha de 9 meses, a minha irmã, a filha dele de 3 anos. Contou-me que a cidade inteira se tinha desmoronado. ‘Por favor, corre’, disse-me. E comecei a chorar.
Procurei um táxi para me levar a Teerão, para depois apanhar um autocarro para o Afeganistão. Demorei dois dias a chegar. Cheguei por volta das 23h e fui direto para a cidade. Não encontrei nada além de escombros. Passei lá a noite e cheguei ao hospital na manhã seguinte.
Quando cheguei ao hospital, fui à receção e disse-lhes o nome da minha família. Encontrei o meu irmão, abraçámo-nos e chorámos. Depois vim ver a minha mulher e a minha irmã”.
Madina*: “Estávamos na casa quando ocorreu o terramoto. O teto caiu e ficámos soterrados. O meu bebé de 9 meses estava no berço e morreu sob os escombros.
Tenho pontos na cabeça e dores nas costas. Trouxeram-nos até aqui de helicóptero. Hoje os médicos disseram que me queriam dar alta, mas não sei para onde ir.
O que mais precisamos agora é de um lar. O inverno é muito frio na nossa cidade e uma tenda não nos servirá de nada”.
Sangin vivia na aldeia de Naieb Rafi, no distrito de Zinda Jan. Tem um braço partido e uma entorse no ombro. Antes do terramoto, a namorada de Sangin aceitara casar com ele e o casal estava a poupar para o casamento.
As quatro irmãs de Sangin morreram no terramoto.
“Eram 11h30 da manhã quando senti um vento forte e o chão a tremer e depois toda a aldeia colapsou. Sobreviveram apenas algumas pessoas e ainda me pergunto se tenho sorte por estar entre elas.
Nessa manhã, estava a trabalhar na rua e tinha ido almoçar com a minha mãe e as minhas quatro irmãs. Quando estava prestes a ir embora, aconteceu o terramoto. Eu queria fugir a correr, mas fiquei preso quando a parede caiu em cima de mim. As minhas irmãs ouviram a minha voz e, enquanto tentavam fugir, o teto caiu em cima delas.
Gritei imenso e resgataram-me mais tarde. As minhas irmãs estavam mortas quando as tiraram dos escombros. Perdi a consciência e quando acordei, estava no hospital com uma ligadura e uma intravenosa na mão. Foi então que percebi o que realmente acontecera. Ainda ouço os tremores na minha cabeça.
Além das minhas irmãs, também perdi dois tios e uma tia. Os meus amigos, familiares e vizinhos: todos eles perderam entes queridos. Todas as pessoas com quem falamos perderam imensos familiares. Apenas uma das minhas irmãs sobreviveu porque estava na cidade de Herat na altura.
Sinto-me sozinho. Perdi quase toda a minha família mais próxima. Não sei o que fazer. Preciso de dinheiro para sobreviver, casar e construir uma casa. Sinto-me deprimido. A minha mãe está numa das salas, mas não sei em qual. O meu pai estava no Irão na altura do terramoto e ainda não o vi. Não sei onde ele está.
Ainda não me disseram quando terei alta, mas mesmo que me dêem alta, não tenho para onde ir. Um amigo disse-me que lhes deram tendas. Mas como se pode ver, não posso trabalhar agora e preciso de apoio. Preciso de um lar, comida…
A devastação causada pelo terramoto é tudo o que vejo: não consigo tirá-lo da cabeça por muito que tente”.
Sinto-me sozinho. Perdi quase toda a minha família mais próxima. Não sei o que fazer. – Sangin
Sinto-me sozinho. Perdi quase toda a minha família mais próxima. Não sei o que fazer.
– Sangin
Abdul Salaam é da aldeia de Sanjaib no distrito de Injil. Conta o que teve de enfrentar após o segundo terremoto.
O primeiro terramoto no sábado destruiu tudo nas aldeias vizinhas e matou muitas pessoas, mas nós salvámo-nos. No entanto, este segundo terramoto destruiu todas as nossas casas. Felizmente, ninguém morreu na nossa aldeia, já que estávamos todos a dormir lá fora quando aconteceu. Algumas pessoas ficaram feridas, como a minha irmã, que partiu a perna e está a ser tratada na cidade de Herat.
Perdemos tudo e não temos como viver. Perdemos o nosso gado, os nossos pertences e a nossa casa. Estamos a tentar recuperar tudo o que pudermos.”
*Nomes alterados para proteger o anonimato das pessoas.
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