Profissional de Médicos Sem Fronteiras se recupera do Ebola

Dr. Craig Spencer recebe alta do Centro Hospitalar de Bellevue (HHC)

guine-ebola-msb8400-msf

O médico da organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) que estava infectado com Ebola foi liberado hoje do Centro Hospitalar de Bellevue (HHC). O Dr. Craig Spencer contraiu o vírus enquanto atuava em projeto na Guiné, país localizado na África Ocidental.

Após a confirmação do resultado dos testes realizados pelo Centro para Controle de Doenças e Prevenção (CDC, na sigla em inglês), a equipe médica do Dr. Craig Spencer determinou que ele está livre do vírus e não pode mais transmitir a doença. Ele foi internado no dia 23 de outubro, após ter notificado a equipe médica de MSF que havia apresentado febre. O Departamento de Saúde da cidade de Nova York foi imediatamente informado e o Dr. Craig Spencer foi admitido rapidamente no Hospital Bellevue, onde testes laboratoriais confirmaram a infecção por Ebola.

“Estamos extremamente gratos pela recuperação do Craig e pelos cuidados excepcionais oferecidos pela equipe médica do Hospital Bellevue”, disse Sophie Delaunay, diretora executiva de MSF-EUA. “A epidemia de Ebola continua afetando a África Ocidental e demanda o comprometimento contínuo de médicos que se pré-dispõem a enfrentá-la. Combater essa crise demanda um comprometimento de mão dupla, tanto por parte dos profissionais quanto do público. Logo do retorno para casa, os profissionais de saúde precisam monitorar diligentemente sua condição de saúde – como feito por Craig – e o público não deve estigmatizar e nem ameaçar esses profissionais”, ressalta Sophie.

Desde que a epidemia de Ebola na África Ocidental foi oficialmente declarada em 22 de março na Guiné, 4.959 vidas foram perdidas e 13.263 pessoas foram infectadas. O surto é o maior da História e está afetando, atualmente, três países no oeste da África: Guiné, Libéria e Serra Leoa.

MSF administra seis centros de tratamento de Ebola, oferecendo aproximadamente 600 leitos em isolamento, e dois centros de trânsito. Desde o início do surto, MSF enviou mais de 700 profissionais internacionais para a região e internou mais de 5.600 pacientes, entre os quais cerca de 3.500 testaram positivo para o Ebola. Mais de 1.400 pacientes sobreviveram. Além de oferecer cuidados, as equipes de MSF estão treinando o pessoal de saúde, prestando suporte nos esforços de controle de infecção, condução do rastreamento daqueles que tiveram contato com uma pessoa infectada, vigilância epidemiológica, distribuição de kits de proteção domiciliar e garantia de funerais seguros.

MSF também deu início a distribuições em massa de tratamento antimalária para aproximadamente 300 mil pessoas na Libéria, para reduzir a ocorrência da doença e as mortes causadas por ela nas regiões mais pobres e mais densamente povoadas de Monróvia – onde o acesso a cuidados de saúde já era imensamente limitado – e para reduzir o risco de as pessoas serem contaminadas por Ebola em instalações de saúde.

Sempre que um membro de MSF é infectado com o vírus, uma ampla investigação é iniciada. Se necessário, os protocolos de segurança de MSF são alterados. Descobriu-se que a imensa maioria das infecções do pessoal de MSF ocorreram nas comunidades. A investigação acerca da infecção do Dr. Craig Spencer ainda está em andamento.

“Por mais de cinco semanas, atuei no centro de tratamento de Ebola em Guéckédou, epicentro do surto. Durante esse período, chorei quando tive em meus braços crianças que não eram fortes o suficiente para sobreviverem ao vírus. Mas também vivenciei momentos de alegria imensa quando os pacientes que tratei se curaram e me convidaram para fazer parte de suas famílias, como um irmão no momento de sua liberação. Uma semana depois de meu diagnóstico, muitos desses mesmos pacientes ligaram para o meu telefone pessoal para me desejarem saúde e saber se havia algo que pudessem fazer para contribuir para meus cuidados. Ainda mais incrível foi observar meus colegas guineanos, que estiveram na linha de frente desde o primeiro dia dessa batalha e viram amigos e familiares morrerem, continuarem a lutar para salvar suas comunidades com tanta compaixão e dignidade. Eles são os heróis de quem não estamos falando”, diz o Dr. Craig Spencer. (Para ler a declaração feita pelo médico na íntegra, clique aqui).

Partilhar