Proposta brasileira na OMS sobre doenças negligenciadas é discutida no Rio de Janeiro

Evento reúne no teatro Maison de France no Rio de Janeiro, Paulo Buss, Presidente da Fiocruz, e Bernard Pécoul, representante da DNDi, para discutir o futuro das doenças negligenciadas que matam em torno de 35 mil pessoas por dia em todo o mundo

Um painel sobre doenças negligenciadas vai reunir no próximo dia 5 de abril no teatro Maison de France, no Rio de Janeiro, especialistas nacionais e estrangeiros em doenças que são negligenciadas pela indústria farmacêutica, tais como doença de Chagas, leishmaniose, malária, entre outras. Na ocasião será exibido o filme Chagas: uma doença escondida , do cineasta Ricardo Preve, também presente ao evento.

Entre os especialistas que comporão a mesa destacam-se Bernard Pécoul, Diretor-Presidente da DNDi – Iniciativa de Medicamentos para Doenças Negligenciadas –, e o Presidente da Fiocruz, Paulo Buss, que irá representar o Brasil na Assembléia Mundial de Saúde da OMS em maio deste ano. O evento está sendo patrocinado pela DNDi, uma iniciativa internacional de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) em saúde da qual fazem partes diversos institutos de pesquisa em saúde do mundo, entre eles o Instituto Pasteur da França, e a Fundação Oswaldo Cruz do Brasil. O evento contará ainda com a participação da ONG Médicos Sem Fronteiras.

Após apresentação do documentário sobre Chagas, do cineasta Ricardo Preve, Paulo Buss e Bernard Pécoul darão início ao debate. Bernard Pécoul apresentará a situação das doenças negligenciadas no mundo, e como a questão vem sendo tratada em nível global. Paulo Buss falará sobre a importância da proposta de resolução brasileira e queniana a ser votada na Assembléia Mundial de Saúde em maio. A resolução visa reduzir o desequilíbrio que existe nos financiamentos internacionais para P&D de novos medicamentos e outras tecnologias de saúde, buscando maior responsabilidade por parte dos governos e atendendo as necessidades de saúde das pessoas que vivem nos países em desenvolvimento.

As doenças negligenciadas matam em torno de 35 mil pessoas por dia, a grande maioria em países em desenvolvimento, e afetam centenas de milhares em todo o mundo. No entanto, segundo levantamento realizado junto ao FDA – órgão americano responsável pela aprovação de medicamentos – entre 1989 e 2000, 1.035 medicamentos foram aprovados nos Estados Unidos, sendo que destes ¾ sem qualquer benefício terapêutico em relação a produtos já existentes. No mesmo período, verificou-se que apenas 1% dos medicamentos era para tratar doenças típicas de populações pobres, as doenças negligenciadas pela indústria farmacêutica, que não representam um bom mercado para investimentos privados. Desde 2000, apesar de inúmeras PPPs (Parcerias Público-Privadas), os investimentos em P&D em saúde continuam insuficientes para doenças negligenciadas, apesar do número de pessoas afetadas ser maior a cada ano.

No Brasil, por exemplo, o número de casos de malária subiu de 450 mil em 2004 para 600 mil em 2005. Já a doença de Chagas afeta cerca de 18 milhões de pessoas em 17 países das Américas Latina e Central, colocando sob risco uma população em torno de 100 milhões de pessoas na região. A leishmaniose cutânea e a mucocutânea se espalham por toda a América Latina, e só a Bolívia, o Peru e o Brasil representam 90% dos casos notificados no mundo. E a leishmaniose visceral, ou calazar, a forma mais perigosa da doença, é endêmica no Brasil, na Índia, no Nepal e em partes da África Central.

Os participantes conversarão com a imprensa às 16:30h antes da apresentação do filme Chagas: uma doença esquecida.

Local: Teatro Maison de France – Rua Presidente Antônio Carlos, 58, Centro.
Data: 5 de abril de 2006
Hora: 16:30h

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